• Novos sentimentos •

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— Eu não sou rico, meu pai que é. — falei apertando mais a mão no volante para tentar me acalmar mentalmente, me incomodou o fato dele gastar tanto tempo com metrô e ônibus para chegar na escola e passar pelo o que ele passou hoje.

   Um silêncio se instalou,e eu mantive meu olhar na estrada, as vezes eu sentia o olhar dele sobre mim de canto de olho, mas eu ignorava. Faltava alguns minutos para chegar na rua dele,  quando olhei para o lado vi que ele estava cochilando.

Ei...  — balancei ele de leve.
Já estamos no seu bairro. — balancei de novo mais forte, ele deu uma mexida e abriu lentamente os olhos azuis,  os mesmos que mexiam loucamente comigo, nunca vou me acostumar com esse olhar,  lutei contra alguma coisa pra voltar a olhar para a estrada.

Ah  desculpa. É que geralmente demora mais e eu sempre durmo.  — falou Declan se recompondo.

É perigoso. — falei ainda olhando pra estrada,tentado não pensar muito nisso.

O que é perigoso?  — ele perguntou sem entender.

Dormir em transporte público. — falei e forcei minha mandíbula de raiva, imaginando essa situação. Não entendia de onde vinha aquela raiva, e o porque dessa repentina vontade de protegê-lo, mas era um novo sentimento difícil de controlar.

Não é quando se é impossível não dar sono, são quase duas horas até aqui. — respondeu ele depois de uma minuto de silêncio, senti que estava com vergonha da sua condição ou algo assim. — Essa é minha rua. — falou em seguida.

Qual número da sua casa?  — perguntei olhando as casas da rua,  eram simples e bonitas.

323, aquela ali na frente verde.  — falou ele apontado. 

   Parei o carro na frente da casa verde simples, era bem pintada tinha duas árvores em frente bem bonitas, que dava um ar mais sofisticado ai lugar, mas ainda sim bem simples. Me perguntava como ele tinha condição de estudar numa escola particular.

Está entregue. — falei olhando pra ele, forçando um leve sorriso, ele agradeceu e já ia saindo quando por impulso de algo eu peguei em seu braço, nem eu estava me entendendo.
Posso te buscar amanhã se quiser.

O que? — ele parecia surpreso e assustado, arqueou as sobrancelhas e logo olhou de novo pra mim. — Não preciso de pena, agradeço por ter me trago hoje, mas não se incomode mais.

  Me incomodo sim.

— Não é pena, é só uma ajuda, gosto de ajudar as pessoas Declan.
— falei mantendo nosso olhar. Ele desviou o olhar por alguns segundos como se quisesse falar algo importante, respirou fundo e voltou a olhar pra mim.

Você já percebeu que eu sou gay,  não é? — perguntou ele muito sério agora. Parecia ansioso para saber o que eu pensava disso. Porque ele achava que era tão óbvio? Eu o conhecia não tinha nem um dia.
Meu coração deu um leve aperto, não sabia bem o porque, mas aquilo não me deu raiva, pelo contrário, eu até diria que de alguma forma eu havia gostado do que ele tinha falado,  mas parecia que ele estava dizendo aquilo para me afastar... 

—  Se é, não é problema meu. Espero que encontre um cara legal pra você.
—falei e por algum motivo, no meu íntimo, imaginar ele com outro homem me incomodava.

O que acha que seus amigos vão pensar?  Você dando carona pra um cara gay?  — perguntou ele com a expressão um pouco mais suave, mas ainda parecia querer me afastar com o fato dele ser gay, provavelmente ele me achava muito hétero ou homofóbico pra querer me afastar com aquilo.

Eles não vão pensar nada. —falei respirando fundo, minha paciência estava começando a ir embora, não entendia direito o que estava acontecendo ali, mas pessoas dramáticas me tiram a paciência fácil.

Tudo bem,  eu desisto de te fazer desistir dessa ideia. — falou ele tirando o cinto.  — Obrigado pela carona.

Tudo bem, te vejo amanhã. —respondi destravando o carro pra ele sair.

Até mais.  — disse ele saíndo do carro. Ele andou em direção a porta e entrou rapidamente, fiquei ali alguns minutos pensando em tudo que acontecera hoje,  eu não poderia negar pra mim mesmo que um novo sentimento estava surgindo, aquele garoto mexia comigo, era estranho pensar dessa maneira, mas eu estava me sentindo atraído por um homem, sempre gostei de mulher, tudo estava muito confuso na minha mente, alguma coisa me dizia que aquele garoto ia foder com minha sanidade. 
   Me adverti mentalmente sobre aqueles pensamentos e liguei o motor e segui pra casa. 




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Olá amores, mais um capítulo pra vocês, amanhã já sai mais um.

➡ O gif da mídia é a representação do nosso Johnny! 

Comentem e votem,  xoxo ❤

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