— Certo espelho, somos só eu e você agora —eu posicionava o objeto no lugar de sempre, tentando me lembrar como e quando ele foi tirado dali.
Limpei a garganta enquanto exercitava os braços ante o meu reflexo e respirei fundo. Era só um ensaio, nada poderia dar errado nesse ponto.
Acontece que todos os dias eu estou me esforçando para seguir o conselho do hyung daquele dia. Eu tinha que falar com Changbin sobre o que sentia, sobre o que realmente queria fazer e também sobre o que não queria fazer.
Binnie sempre era compreensivo comigo, não seria diferente nesse caso.
Isso é o que eu tentava colocar em mente antes de dormir e assim que abria os olhos no dia seguinte.
— Changbin, eu tenho algo para te falar! —falei diante do espelho, fechando os olhos —Não, assim é muito formal. Talvez: Hyung, nós temos que conversar. Não, assim também não. Que tal: Binnie, eu preciso conversar sobre algo sério…
— Por que ao invés de ficar gesticulando com o espelho você não me diz logo o que tem que dizer?
Me virei assustado, com a mão sobre o peito e percebi Changbin me observando através da meia fresta entre a porta e o batente.
— Aigoo! Bater na porta é educado! —reclamei exasperado.
— Você nunca bate quando vai ao meu quarto, por que eu faria isso? —abriu mais a porta para entrar —Então? O que você precisa me dizer?
Era minha chance. Não tínhamos ninguém para nos interromper, era fim de semana e a loja estava fechada para uma pequena reformulação de espaço, não tínhamos pressa para nenhum compromisso. Um momento perfeito para aquela conversa.
— Binnie —comecei, me esforçando para não desviar a atenção dele —tem algo que eu devo te falar, na verdade, era para ter dito há muito tempo. Eu só não disse porque provavelmente você vai ficar desapontado, mas…—hesitei.
— Não sou um lápis seu para ficar desapontado, Jisung. Também não sou nenhum adivinho, se você não me contar eu não vou saber te ajudar.
Olhei para o computador ao lado da minha cama, imaginando se devia mostrar os projetos a ele. Mas a parte do meu cérebro responsável pelo medo criou uma cena de como seria quando eu contasse. Provavelmente meu irmão tentaria esconder sua decepção. Bagunçaria os cabelos e pediria um tempo sozinho em seu quarto.
Todo o brilhante futuro que ele via no dongsaeng seria desperdiçado, tudo que nossos pais sonharam para nós dois.
Mais uma vez eu não consegui:
— Eu...perdi os desenhos dos novos sapatos sociais —menti.
— Perdeu? —me encarou com desconfiança.
— Eu saí com eles para todo lugar e agora não encontro mais. Eu sei que precisávamos para amanhã, mas prometo que vou desenhar novos modelos bem rápido!
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Add Ten With Me [Stray Kids]
ספרות חובביםMatemática não era minha matéria favorita, mas com ela eu aprendi coisas básicas para a minha sobrevivência: eu sei contar o troco que ganho, o velhinho esperto da loja da esquina não consegue me enganar. Eu sei calcular quanto tempo levo para assis...