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- Precisamos de um plano, mas um plano muito bom.

- Se esse plano envolver euzinho saindo desse buraco, eu aceito.

- Não, você não vai sair daí de dentro, é perigoso.

- Droga, Jungkook. Eu preciso salvar minha família.

- Mas você já está fazendo isso, a polícia em algumas horas chega ao local.

- Esse "algumas horas" pode levar um século.

- Não posso dizer que não, afinal, onde você está é literalmente o fim do mundo.

- Estou com medo, suando frio, minha boca está seca, meu açúcar no sangue deve ter caído. Vou morrer aqui dentro antes que eles me achem. Talvez encontrem meu corpo depois que você avisar onde estou.

- Porra, fique quieto. - Jungkook sentiu seu sangue ferver. Ele se apegava fácil à pessoas, principalmente se elas estivessem em um modo não muito bom. Sentia uma necessidade de querer ajudar e ficar ao lado da mesma até ela melhorar. - Sério, fique quieto. Isso só vai piorar sua situação.

- Me fala sobre você, qualquer coisa. Seja ela engraçada ou não. - Jimin disse desanimado. Ele precisava de algo para não perder as forças. - Onde você está agora? Sentado em um sofá? Deitado em sua cama?

- Eu estou no banheiro. - Jungkook riu e Jimin fez o mesmo, mas baixinho.

- Fazendo o quê? Pelo amor de Deus, não me diga que...

- Molhando o rosto para o sono ir embora.

- Desculpa.

- Pelo quê? - Depois de perguntar o motivo, a fixa de Jungkook caiu. - Não, não precisa se desculpar, por favor, não faça isso.

- E aí, você vai me falar mais sobre você?

- Claro, só preciso achar um lugar adequado para sentar.

Jungkook aproveitou o momento para pensar em diversas acontecimentos que teve em sua infância e até mesmo na adolescência, mas ele não encontrou nada que pudesse entreter o garoto do outro lado da linha. Nada que lhe agradasse em particular.

- Jungkook.

- Oi.

- Eu acho que eles sabem onde estou. - Jimin engoliu seco.

- Como assim?

- Eles estão parados muito perto e-

- Pare de falar. - Jungkook o interrompeu. - Eles não sabem, não tem como saber.

- Mas Jungkook, tem uma fechadura aqui como alguém não abriria essa droga de porta.

- Alguém burro, porra! Eles podem ser burros.

Queria dizer como o Jungkook se encontrava no momento. Andava de um lado para o outro tentando manter sua estabilidade intacta, mas ele estava falhando. Mordia sua língua para não começar a gritar, para que assim o garoto pudesse entender que mesmo sozinho ele não estava de fato só.

Ele queria protegê-lo. E quem poderia culpa-lo por sentir essa vontade avassaladora dentro do seu peito? É normal, certo? Normal querer cuidar de alguém que está em perigo.

- Me conte uma história, Jungkook. Ela pode ser a última que ouvirei, olha que privilégio*. - Riu sem graça.

- Eu irei. Eu definitivamente irei. - Era nítida a angústia na voz do moreno.

- Estou esperando. - Jimin chorava baixinho tentando não mostrar a sua profunda incapacidade de permanecer sem medo. - Não demore.

- Quando eu tinha uns doze anos, brincávamos muito em um campo onde tinha apenas areia e duas traves e sem as redes. - Ele riu baixinho acompanhado de Jimin do outro lado da linha, que fungava vez ou outra. - Do outro lado desse enorme campo tinha um poço, não era muito fundo, mas ainda era um poço.

last call • jikookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora