XXVII - Primeiro beijo

1.4K 113 27
                                    

Seguimos em direção ao chiqueiro, que ficava a esquerda da casa, em uma parte mais baixa com declive. O local era bem iluminado e os porquinhos estavam presos - isso não valia para o cheiro do local.

- Devia ter trago um pregador pra por no nariz. - Resmunguei.

- Estou acostumado porque lá em casa o cheiro é igual. - Comentou Matheus.

- Não me disse que também criava porcos. - Olhei pra ele intrigada. - Se soubesse também o havia colocado na lista de possíveis alvos dos sequestrador.

- Uai, pensei que ele só roubasse gente rica. - Deu de ombros.

- Não vejo diferença entre porcos de gente rica ou pobre - Apontei pra frente - O cheiro do animal é igual em qualquer circunstância.

Ele concordou com a cabeça e demos uma volta completa pra saber onde ficaríamos.

- Ali! - Apontou Matheus, para a árvore a poucos metros de nós. - Tem pouca iluminação. Deve ser um bom lugar para nos escondermos.

- Verdade. - Assenti e seguimos até o local. Adiantei, armando minha cadeira e pondo minha mochila em meu colo. Pela distância, iria precisar do meu binóculo.

Ai, caramba! - Pensei comigo.

- Eu esqueci meu binóculo! - Falei irritada comigo mesma.

- O Senhor T tem um. - Comentou Lucas sentando ao meu lado - Matheus, você poderia pedir a Rosana, por favor?

O rapaz levantou num pulo.

- Está bem. Eu já volto!

Fiquei vendo ele partir pelo mesmo caminho que viemos e nem percebi que o silêncio havia tomado conta do lugar. Cocei a garganta de leve e vi ele sorrir.

- O que houve, Pietra? - Lucas perguntou.

- Como assim o que houve?

- Sua respiração. - Pontuou - Ela está mais rápida que o normal

- E desde quando você sabe como é minha respiração? - Indaguei.

- Você é fácil de identificar, Pi. - Comentou com um sorriso - Tirando a essência que só você tem, você rir pelo nariz. Tudo pra não chamar atenção, né?

- Isso tudo mundo sabe.

- Quando está nervosa o ritmo de sua respiração fica acelerado. - Contou - Quando está tímida ele se estende e quando está irritada ele fica mais alto. Porém, o que mais gosto é quando está dormindo. Você respira serenamente, embalando qualquer um ao som dela.

Sorri tímida pra mim mesma.

- Acho que está reparando demais em mim.

- Isso não é de hoje. - Relembrou novamente.

Revirei os olhos, engolindo seco.

- Por que tem sempre que lembrar do passado? - Indaguei em tom baixo - O que há de tão bom lá que precisa sempre surgir em nossas conversas?

- Você sabe bem o que existe. - Falou sério. - E admito que sempre quis saber de você, o motivo de querer omitir isso.

- Prometemos que não falaríamos mais nisso.

- E eu cumpri. - Ele virou sua cabeça pra mim e aquilo me causava arrepios, porque parecia que ele estava me olhando, o que me deixava super sem graça. - Até agora. Eu não contei para Ricardo ao perceber que mesmo namorando ele, você não havia contado. Só fiquei intrigado quando ele me contou que ele tinha sido seu primeiro. - Ele riu sozinho. - Pra quantos mais você mentiu sobre isso?

O que os olhos não podem ver ✔Where stories live. Discover now