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| J O A N A |  

Senti a minha consciência recobrar aos poucos. O meu corpo começou a acordar, lentamente. O meu corpo encontrava-se coberto por uma grande e grossa coberta branca, algo que com certeza não me pertencia. E tive ainda mais certeza que não estava na minha cama porque em frente da mesma existia uma janela.

Não, definitivamente aquele não era o meu quarto, nem a minha coberta, nem a minha janela, nem o meu cheiro (mas aquele era agradável na mesma intensidade).

Estreitei os olhos, criando milhares de teorias sobre o que teria acontecida para eu estar naquele quarto branco com reflexos azuis.

Se calhar fui raptada! E violada! Ai, Deus...

Para de entrar em pênico, Joana, estás num quarto apresentável, vestindo uma t-shirt cheirosa e limpa. Duvido que se tivesses sido violada, o teu violador te levaria para casa, o mais provável era estares estendida num beco qualquer.

Mas a pergunta que não queria calar era: como fui ali parar?

Tentei forçar a minha mente a lembrar-se do ocorrido na noite passada, mas tudo o que havia era um burrão difuso, e com certeza não era o Flash (com muita pena minha). Eram apenas as minhas memórias irreconhecíveis.

Bufei e puxei a coberta para trás, num ataque de raiva de mim mesma. A minha cabeça implorava para que os meus olhos se voltassem a fechar, porém eu tinha medo de o fazer.

Numa vaga renovada de coragem, obriguei o meu corpo a levantar-se do colchão macio.

Os meus pés descalços tocaram o chão frio e a camisola escorregou pelas minhas coxas, até chegar um pouco acima dos joelhos.

Abri a porta do quarto e deparei-me com uma espécie de hall, formando um retângulo. Ao lado daquele quarto, havia uma porta. Na parede adjacente àquela, no lado esquerdo, havia outra porta, uma vez que aquela estava aberta, encontrei uma casa de banho.

Em frente ao quarto em que me encontrava, havia ainda outra porta, e do seu lado esquerdo umas escadas de madeira polida, que davam para o andar de cima, de onde de soava um rock.

Corri para a casa de banho e fechei-me naquele compartimento, aliviando por fim a minha bexiga. Olhei-me no espelho e deparei-me com os meus cabelos desgrenhados e decidi que o melhor era apanhá-los num rabo de cavalo, com um elástico que andava sempre no meu pulso.

Saí da casa de banho e encontrei um dilema: subir as escadas ou sair pela porta em frente à casa de banho, que se encontrava escancarada, revelando um corredor?

Subi as escadas, lentamente e receando pelo que poderia encontrar. Chegando ao topo da escadaria, encontrei outra porta de madeira polida e clara, solitária. Aquela estava fechada, por isso tive de rodar a maçaneta.

Lentamente, para não ser revelada, abri o compartimento, deparando-me com um miniginásio. Um sujeito de pele escura fazia exercícios numa barra fixa, de costas para mim, impossibilitando-me que lhe visse a cara.

Puta que me pariu...!

A sua pele brilhava de suor, enquanto os seus músculos eram flexionados com o esforço de elevar o corpo. Passei os meus olhos pela extensão do seu físico, deparando-me com uma bunda redondinha e gostosa pra caralho. Jesus amado...

A sua cabeça tinha o cabelo rapado e quis desesperadamente vê-lo de frente. Eu precisava de saber quem ele era e porque eu estava ali.

Continuei a olhar para ele, fixamente, quase memorizando cada linha dos seus músculos, ansiando por tocar naquela pele, sentir a sua textura...

[Concluída] Acasos da vidaOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz