Não preparei nada elaborado para usar, porque atrasei graças ao sono da tarde. Tive ajuda para tomar banho, e coloquei o vestido de tule azul que alguém disse que realçava meus olhos. Coloquei os óculos e não sabia qual sapato colocar. A porta bateu contra a parede anunciando a entrada de alguém quando decidi por uma sandália de tiras.

—Ah não. Eu vim correndo do centro de dança e você sequer está pronta? — meu par resmungou.

—Você deu a entender que ia se atrasar, e o livro que você me deu é muito bom, fiquei entretida. — menti.

—Mentirosa. — ele pegou a sandália de tiras e calçou meus pés — O livro ainda está do jeito que deixei ele aqui de manhã. Você estava dormindo. Vamos logo, quem gosta de chegar por último é a Cinderela, não nós.

Fui carregada até o carro e ele voltou para buscar a cadeira. Fazia isso tão bem que tive que perguntar:

—Você já cuidou de algum cadeirante?

—Não, mas peguei um livro seu escondido pra ler e me senti mal por todas as dificuldades que os cadeirantes enfrentam. A Lou é minha inspiração agora.

Fiquei chocada.

—Você vai me devolver meu exemplar de Como Eu Era Antes de Você.

—Depois daquele final? Devolvo e de brinde vai o pote de lágrimas que derramei. Entendi o lance de sentir, mas era necessário me fazer chorar tanto?

Discuti com ele o porquê do final do livro ser daquele jeito, e ele estacionou na escola dizendo que não leria o próximo livro de jeito nenhum, mas o convenci antes de descer do carro.

—Só tenho até o segundo, então este é o tanto de sofrimento que você terá. Depois te emprestarei algo feliz para melhorar seu estado de espírito, prometo.

—É bom que empreste mesmo, ou te chamarei de Inferno como o seu irmão. É o único nome cabível a alguém que me empurra coisas que me fazem sofrer. Precisarei de algo do tipo Pollyana.

Ele me empurrou para dentro e se assustou com o grito da Lindsay ao me ver ali. Não consegui acompanhar o que ela disse, e nem o que a Brittainy falou, o remédio fez efeito e minha cabeça saiu de sintonia. Sentamos na mesa do time, e o sonolência me atingiu em cheio.

—Ei bonita, nada de dormir agora. É uma festa, a última da escola, vamos aproveitar. Quer comer algo? — o Will perguntou.

—Um travesseiro.

—Eu sabia que você era diferente, mas não imaginava que era doida. — sorriu brincando — Vou pegar alguns canapés.

Fiquei sozinha por segundos, o garoto voltou rápido.

—Sabe, estão dizendo por aí que você é minha namorada. — comentou divertido. — É engraçado como um pouco de benevolência vira um romance na cabeça das pessoas.

—Você parece beijável, mas eu lembraria se fosse meu namorado. As pessoas são doidas.

—Eu pareço beijável, é?

—Sim, nada sentimental, é só uma questão do rostinho bonito. Eu te beijaria, se não estivesse incapacitada de me mover. — enfiei um canapé na boca.

Amor Falso - Série Endzone - Livro 3Where stories live. Discover now