Vinte e quatro - Tobias

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– Essa – eu disse, segurando a tentação de derrubar o copo da mesa com a pata – é a pior cerveja que eu já tomei em toda minha vida

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– Essa – eu disse, segurando a tentação de derrubar o copo da mesa com a pata – é a pior cerveja que eu já tomei em toda minha vida.

Fiz uma careta para enfatizar, o que não pareceu deixar Trent muito feliz.

– Uma cerveja que eu nem deveria ter pagado para você, em primeiro lugar – ele teve a audácia de retrucar. Como se eu não estivesse fazendo um favor a ele.

– É claro que deveria, se esperava conseguir a minha ajuda. – dei mais uma lambida naquela coisa repugnante. – Ajuda, aliás, que você ainda não esclareceu, mas que eu suponho ter a ver com a princesa.

Vi alguma coisa brilhar naqueles olhos escuros dele. Alguma coisa que me fez ter esperanças. Quer dizer, se ele não gostasse da garota, não estaria indo atrás dela. Mais que isso, se gostasse mesmo dela, então talvez a maldição pudesse ser quebrada.

– Tobias – começou ele, e eu me sentei mais ereto na mesa, balançando o rabo para lá e para cá, para demonstrar interesse. –, você se lembra do que aconteceu comigo e com Sebastian... antes.

Chiei. Não consegui evitar. Pela maior parte do tempo e sempre que podia eu tentava esquecer daquela época, do que tinha acontecido, do que tinha sido tirado de mim. Dos Trent também, era verdade, mas principalmente de mim. O Trent à minha frente não pareceu alarmado com meu desconforto.

– Eu me lembro de você – ele continuou. – Mas nunca soube que tinha... Que a maldição... quer dizer... Foi a maldição, não foi?

Fiz cara de tédio.

– O que você acha?

Ele teve a decência de parecer envergonhado.

– Eu peço desculpas, Tobias. Eu nem soube o que tinha acontecido com você, eu... Tudo o que eu me lembro era de ter acordado nas Terras Não-Clamadas com a minha mãe e o Sebastian. Eu... pra falar a verdade, eu nem lembrava de você até a Alice aparecer com você à tiracolo.

Quanta consideração da parte dele, não é mesmo. Por isso ele merecia os arranhões na cara.

Arrisquei outra lambida na cerveja quando as mãos imundas dele tocaram minhas patas. Não só tocaram como seguram-nas. Era bastante patético e eu fui pego com tanta surpresa que quase, infelizmente, derrubei o copo todo no chão.

– Tobias, você precisa me ajudar. – disse ele, ainda segurando minhas patas que, por sinal, ainda não estavam completamente recuperadas. Um pedaço da minha orelha direita tinha sido arrancado e eu ficaria com aquela deformidade para sempre. Esperava que ele estivesse se sentindo muito culpado. – Hoje mais cedo um mensageiro de Tão Tão Distante apareceu na hospedaria. Com um convite.

– Um convite – repeti, tentando puxar minhas patinhas machucadas da mão dele, mas o infeliz não soltava.

– Sim, um convite para um baile. No castelo dele.

Coração de vidro [FINALIZADA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora