Capítulo 74

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  O ano me parecia ter passado correndo enquanto estava com clara, e logo que me afastei novamente eu pude ver como os dias demoravam a passar

  O tempo afastado de Clara durante a briga parecia ter sido preenchido por todo o nosso tempo juntos naquela cidade.

  Mesmo ela ainda estando por lá e eu aqui, sozinho nesse apartamento, apenas penso em como eu a amo, e tento consolar minha saudade com esse sentimento de carinho e amor.

  Observava da janela o por do sol lento, não podia ver o sol no horizonte por causa dos outros prédios, mas seu brilho e cores se espalhavam por todo o céu.

  Em minha mão uma taça de vinho, aquele vinho que estava guardado a tempo e que eu só tirava nesses momentos em que a saudade batia forte.

  Na outra mão um cigarro, também algo momentâneo. Algo que peguei por causa da distância e dor que tive depois que a mandei embora da minha vida.

  Logo seria ano novo. Meus amigos estavam todos se reunindo em uma chácara longe. Teria churrasco, varias comidas, música e bebedeira. Mas a saudade me fazia ficar em casa e pensar nela, me fazia querer buscar consolo.

  Seu curso estava tão corrido que eu nem ao menos podia falar com ela por muito tempo ao telefone, ela sempre se distraia com os assuntos que estava estudando e nossas conversas acabavam não tento sentido.

  As vídeos chamadas serviam para falarmos por minutos antes dela adormecer em sua cama com a câmera ligada, cansada.

  Então, com tudo isso, eu valorizava demasiado os minutos que passávamos juntos conversando antes dela fechar seus olhos, valorizava os momentos em que ela prestava atenção em meus assuntos e perguntava, curiosa, sobre meu dia.

  Eu entendia, entendo bem, como isso é importante para ela e para mim.

  Seu curso acabara em quase duas semanas, ela não vai estar aqui para passar o ano novo comigo, mas ainda sim, eu quero imaginar que ela estará aqui. Ao menos pela tela do notebook.

  Preparava um bom jantar, a saudade já me serve de companhia, e ao menos em pouco tempo estaremos juntos novamente.

  Apaguei o cigarro no cinzeiro logo que notei que o por do sol acabara, estava preso em meus pensamentos e nem havia notado. O copo em minha mão, já estava vazio e eu nem havia notado de ter bebido o vinho ali.

  Guardei a garrafa novamente onde sempre guardo, esperando sempre a saudade voltar a me assolar, quando o trabalho não me distrair.

  Peguei o celular sobre a mesa e liguei para ela, enquanto isso fui vendo as panelas no fogo.

- Oi amor!

- Oi Clara, eae como ta indo?

- Ocupada... e você o que esta fazendo?

- Janta.

- Humm nem imagina minha fome.

- Queria você aqui para comer comigo...

- Fica triste não Miguel, eu vou estar sim.

- Não pela tela do celular amor... queria você de verdade...

- Amor... Mih eu tenho que desligar, vou pegar um taxi.

- Onde esta indo?

- Pra casa oxi.

- Hm.. entendi.

- Tchau amor. Até.

- Até.

  Desligou rapidamente. Suspirei pesado. Namoro a distância é difícil.

  Deixei o celular sobre a mesa e voltei a cuidar do meu jantar.

  Ela parecia ocupada.

  Já mais tarde, por volta das nove, já estava tudo pronto.

  Eu havia posto a mesa e, acostumado, como tenho feito todos os dias, havia posto um prato para ela, sem pensar, apenas coloquei.

  Observei o lugar vazio e me sentei na cadeira. Passei a mão em meus cabelos molhados e fiquei ali, pensando.

  Ouvi uma campainha. Talvez Alberto e Mara me chamando de novo para ir a aquela chácara, eles são insistentes, não contei de ter reatado com Clara, Mara a odeia, diz que ela é sonsa, eu não ligo para o que falam, eu a amo demais, sei como ela é.

  Abri a porta e de uma vez pronunciei as palavras que pronunciei desde que ela começou a me chamar.

- Mara eu já disse que...

  Parei de uma só vez. Aquela mulher, me olhando, com um largo sorriso no rosto, um sorriso deliniado por um batom rosado.

- Oi Mih. Eu disse que vinha jantar com você.

  Sorri e a abracei forte, a levantando do chão. Ela riu, feliz, eu sentia a felicidade em sua risada. A coloquei no chão e a olhei ainda surpreso.

- Achei que o curso acabava em três semanas.

- E acaba. Mas, eu estudei muito todo o assunto e consegui o certificado antes. Tudo pra ficar com você logo, passar o ano novo já que perdi o natal.

- Amor... obrigado.-a puxei a abraçando, levei meus lábios ao seus e a beijei, a beijei com todo o meu amor para matar a saudade que me fazia sedento por seus lábios, por seu carinho.

  Senti suas mãos em meu peito me empurrando de leve, afastei meus lábios e vi suas bochechas rosadas.

  Alguns vizinhos olhavam por suas portas o porquê da repentina barulheira na minha porta.

- Vamos entrar Miguel...

- Claro, claro, vem amor.

  Peguei suas malas e as levei para dentro de casa, ela sorriu tirando a jaqueta, jogou sobre o sofá e se deitou no mesmo, parecia cansada.

- Cansada amor?

- Demais. Aconteceu um acidente e meu taxi não chegava nunca no aeroporto, daí eu desci e corri até ver um taxista em uma faixa liberada.

- Pelo menos o esforço valeu a pena.-aproximei meu rosto do seu dando um beijo no canto de seus lábios, depois puxei seu lábio inferior com meus dentes.

- Miguel... eu te amo. Amo muito. Valeu muito o esforço. Muito.-sorri e voltei a beijá-la.- A comida amor.

- Esta com fome?

- Só um pouquinho...-disse mas notei que estava faminta.

- Vamos comer, depois, colocamos todas nossas atividades particulares em dia.

- Justo.-dei mais um beijo e a guiei até a mesa.

  Nos servimos e conversamos sobre a viajem e sobre tudo que estava acontecendo.

  Apenas ficava a admirando, linda, sorridente. Eu a amo demais.

SorriaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora