capitulo 05

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Katarina

-“Assim diz o Soberano, o Senhor : Eu mesmo apanharei um broto bem do alto de um cedro e o plantarei; arrancarei um renovo tenro de seus ramos mais altos e o plantarei num monte alto e imponente.- acordei ao ouvir alguem dizer essas palavras,não sei bem de onde estavam lendo ,mas aquela voz me fez acordar de repente.

Olhei em volta e vi que sobre mim estava uma roda de pessoas orando ,uma delas era o menino que me encarava na frente da igreja , ele estava de olhos fechados e parecia concentrado , suas mãos estavam segurando as mãos de uma policial que parecia ter algo a mais com ele,perto havia um homem praticamente igual a ele e uma mulher muito linda que pelos traços deve ser a mãe dele.

- Amém!- A mulher diz ao abrir os olhos e me encarar,assim todos param de orar e me dão espaço só nessa hora percebo que meus pais não estão ali.

- Quem são vocês?- Pergunto me sentando na maca ,meu rosto dói conforme movimento meus lábios,a policial retira fo bolso um bloco e uma caneta e se aproxima.

- Na verdade,quem é você mocinha?- Ela pergunta preparada para anotar no bloco,seguro minha cabeça e me lembro do que ouve depois da festa.

- Me chamo Katarina.- Digo tentando não lembrar da cena do rapaz correndo atrás de mim,mas as imagens vem como um flash black.

Olho ao redor e todos inclusive o menino me olha atento ,a vergonha toma conta de mim ,me fazendo travar com o ocorrido ,fico quieta e volto a me deitar. Os olhos do menino me seguem como duas câmeras ligadas a algo vivo.

- Poderiam sair ,por favor!-a policial pede que eles se retirem ,então ficamos sozinhas,ela se senta próximo a mim e me analisa. -Sabe Katarina, tentativa de estrupo também é crime!

-Mas eu não disse .-Falo estranhando o fato dela saber o que quase aconteceu.

-Você foi encontrada quase nua ,não precisou de mais nada para chegarmos a essa hipótese.-Sua voz continua calma, e isso me trouxe uma certa confiança, não pelo fato de se tratar de uma policial ,mas pelo fato de ser uma mulher como todas as outras. -  Katarina, você sabe que não relata o que aconteceu ,não poderia me ajudar. Sei que é difícil lembrar do que aconteceu mas estou aqui para te ajudar ,quero que tudo isso se apague da sua história mesmo que demore um tempo.

-Nunca irei esquecer!-Retruco ao sentir as lágrimas em meus olhos .-Eu vou dizer como aconteceu mas isso nunca irá se apagar dá minha história. Mas depois quero que chame meus pais.

-OK Katarina!- Ela concorda e começa a anotar o que digo,minutos depois estou sozinha no quarto do hospital, encaro a parede branca e me pergunto porque meus pais não estão ali!

Acabo dormindo ainda encarando a parede branca ,alguem toca em meu me fazendo acordar. Olho para o lado e lá esta minha mãe com os olhos cheios de lágrimas.

- Filha o que ouve? Uma policial foi lá em casa de manha e nos disse que você quase foi estrupada!- Ele fala enxugando as lágrimas que caem dos seu olhos . - Nem notamos que não dormiu em casa! Ficamos preocupados com seu irmão ele não foi posar em casa! E onde esta Vítor?

E é sempre assim eles nunca notam que eu estou em casa ,mas quando é o Vítor ,observo minha mãe dizer o quanto esta brava por ele não ter ido posar em casa e ter me deixado sozinha,então ela fala uma coisa que nunca pensei que diria.

- Katarina como você queria que isso não acontecesse?- Ela indaga voltando a me encarar. - Você esquece isso rápido!

- Mãe! Eu quase fui estrupada!- Grito sentindo a raiva tomar conta de mim . -  Mas isso não tem diferença, como sempre a Senhora não sabe o que acontece ,a Senhora nunca se interessa pela minha vida, pelos meus atos!

- E não era isso que queria?- Ela pergunta me fazendo parar de gritar ,sim isso é verdade eu sempre quis pais que não ligassem para o que eu faço ou que reclamam do que eu faço ou não. - Você e seu irmão sempre fazem o que querem e na hora que querem ! O seu pai sempre mima você Katarina, e você e seu irmão não se interessam pelas nossas dificuldades!

- Talvez porque vocês não conversam com a gente.- Respondo no mesmo tom ,e isso era verdade eles nunca nos chamam para conversar ,nem mesmo no começo da adolescência. - Vocês preferem ficar falando em si ,e chorar entre si ,tudo é resolvido entre você e o papai , meu Deus mãe!

- Katarina !-Ela grita me fazendo levar um susto,como se o nome de Deus a ferisse. - seu pai já deixou bem claro que não iremos pronunciar esse nome, então faça favor de obedecer.

O que eles tinham contra Deus eu não sei mas eu tenho a certeza de que ele existe .

- Pensa mãe se não fosse por ele eu não estaria aqui, pelo contrário já estaria debaixo da terra. - Digo levando meus pensamentos na noite anterior, e acabei me lembrando de que a última coisa que eu falei foi nome dele.

- você sabe Katarina , você só está aqui graça ao menino que te trouxe .- Ela fala sua opinião e se retira batendo a porta do quarto.

E novamente me vejo sozinha no quarto de hospital, se temo se a policia ir atrás do rapaz e depois ele vir atrás de mim,o medo toma conta de mim novamente e a incerteza de que foi Deus que me salvou.

Talvez minha mãe estivesse certa ,talvez o medo me fez acreditar em algo que não existe, assim que ver aquele menino terei que agradecer a ele e pedir desculpas a minha mãe.

Já cheguei de imaginar Deus de varias formas ,um homem sentado nas nuvens, um anjo,até mesmo um velhinho que só fica observando, mas no fim eu sempre me culpava por imaginar algo que não existe.

Saio do hospital logo depois da  psicóloga conversar comigo,entro no carro de Vitor e me sento no banco de trás ,e tento me lembrar do rosto do menino que me salvou,a certeza que eu tenho é de que é o mesmo que ficou me olhando pela janela do carro.

- Kat ,se alegra!- Meu irmão me encara pelo espelhinho do carro, só aí percebo que estou chorando. - Que tal sairmos hoje a noite?

- Não vai dar Vitor !- Digo encarando a rua através do vidro do carro,ouço meu irmão soltar um suspiro de desgosto ,mas permaneço com minhas palavras. - Quem sabe depois de tudo isso passar!

Chego em casa e corro direto para meu quarto,me tranco e começo a chorar,meus pensamentos me levam ao passado e eu me vejo sorrindo em vários dos momentos em que vivi,e se não fosse o menino que me salvou eu não estaria aqui, o mínimo que devo fazer é agradecer.

.......

Ele Sabe Qual é O PlanoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora