13 - Eu te amo mas...

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Eu ainda estava atônita com tudo o que havia ouvido naquela entrevista.

Ele era bom me balançar. Era bom em tudo que me envolvia. Era bom em confundir meus sentimentos. Era bom em fazer-me acreditar nele mesmo tendo provas contra ele, ele simplesmente era bom.

Sabe quando a pessoa não presta e você se ilude a pensar que dessa vez será diferente? Era bem assim. Eu sabia lá no fundo que se eu corresse para os braços dele agora só por ter ouvido o que ele falou e me mostrar apaixonada eu estaria a cometer um erro, mas era isso que eu queria. Eu queria cometer aquele erro só para me iludir mais um pouquinho.

Ele não permitia que eu pensasse em mim. Ele me iludia de maneira descarada e eu burra sempre acreditava. Mas como? Que amor era esse? Eu era doente por ele? Ou aquilo era mesmo amor?

Eu queria acreditar nele mais uma vez mesmo sabendo que era errado e que corria um risco enorme de tudo voltar a ser o que era depois de um tempo. Sim, eu queria muito.

Sabia que iria vê-lo para assinar os papéis, mas e se eu desse para trás? Estaria a ser burra ou covarde? Burra por não querer me divorciar dele e bem, covarde por não querer enfrentá-lo. Olhar na cara dele e não conseguir fazer o que parecia ser correto.

Mas eu queria ser correta ou feliz? Feliz mesmo sabendo que nada mudaria e que isso viria revestido de infelicidade? A quem eu queria enganar com a falsa felicidade?

Ele ia continuar a me trair e eu ia continuar a fingir que nada se passava para manter o casamento de merda? Isso era felicidade que queria?

Eu queria ter a certeza se queria reviver tudo isso outra vez e mais outra vez até o fim da minha vida. Eu não ia tomar decisões precipitadas sem ter a certeza.

Minha cabeça estava tão cheia que já não cabiam tantas interrogações. Eu queria ter coragem para dizer que já não o amava, mas eu sabia que não era verdade e acabaria afundada em lágrimas por mentir para mim e para ele.

O que o Drew acharia? Eu estaria a destruir a minha família? Estaria eu a tirá-lo do pai e tudo que sempre teve? Estaria eu a ser egoísta sem pensar no meu filho?

Pais são suposto serem os heróis dos filhos, será que eu não estaria a ser a vilã do meu?

Eu sempre disse que faria tudo pelo Drew e sempre farei, sempre. Irei amá-lo incondicionalmente, irei cuidar dele e nunca o machucarei. Não quero que ele olhe para mim como a pessoa que tirou tudo dele do dia para a noite.

A tarde passou tão rápido que quando notei já estava na hora de ir para o clube. Voltei a tomar um banho bem longo e frio, só para assentar as minhas idéias. Não queria ter de ir trabalhar de cabeça quente, queria estar o máximo relaxada.

Vesti uma calça jeans, uma t-shirt bem larga e calcei uns tênis antes de pegar na mochila.

- Eu sei que você ficou pensativa, quer conversar? - Olhei para o rosto da Sabrina sem saber o que dizer. Fiquei a observá-la um pouco até abrir a boca.

- Não, obrigada. Está tudo bem querida. - Dei um beijo na testa dela e saí do quarto.

Quando desci as escadas dei de cara com a minha mãe sentada no sofá a assistir qualquer coisa na TV.

- A Sabrina me contou.

- Eu falo com a senhora depois.

- Pensa bem Amber.

- Mãe!

- Eu sei que a dançarina é você e que você deve estar encantada com tudo o que ele falou. Não te deixes enganar minha filha.

- Já chega mãe!

Saí porta a fora sem olhar para trás. Logo que entrei no carro bati a porta com força e relaxei meus braços sobre o volante do carro, deixando a minha cabeça cair sobre eles.

Era mais pressão, já não bastava a que eu tive a tarde inteira? Precisava aumentar?

Dirigi até o clube onde fiz o meu espetáculo por menos tempo por não me sentir bem. Pedi dispensa e decidi voltar para casa com os meus pensamentos de merda. Assim que estacionei notei que havia um carro em frente ao meu, mas não liguei muito. Desci do carro e quando ia entrar senti uma mão no meu ombro, me virei completamente assustada quando dei de cara com o Charles.

- Você me assustou! - Disse ainda com a mão no peito.

- Desculpe, não foi minha intenção Amber. - Ele esticou um buquê de flores e me entregou. Recebi as mesmas com um sorriso pouco notável.

- O que faz aqui a essa hora? - Perguntei desconfiada.

- Decidi fazer-lhe uma surpresa e uma proposta. - Ele disse sem desviar os seus olhos dos meus, e eu me senti completamente aflita com aquilo.

- Só estou de ouvidos. - Olhei para baixo e comecei a brincar com as flores enquanto ele falava.

Deixei-lhe explicar tudo o que queria e quando terminou apenas disse-lhe que em breve ele teria uma resposta. Conversamos mais um pouco e por fim despedi-me dele.

Eu entendia que ele tinha algum interesse em mim, mas eu não tinha o mesmo por ele. E não é que ele não fosse atrativo, bonito ou coisa do gênero, eu simplesmente não gostava dele.

Assim que entrei, a casa estava em completo silêncio. Fui para o meu quarto e encontrei a Sabrina deitada a dormir, de certeza havia esperado por mim e acabou por adormecer.

Tomei um banho bem rápido e vesti uma camisola antes de me atirar na cama. A Sabrina abriu os olhos e apenas me abraçou. Era exatamente isso que precisava. Eu não precisava de ninguém para me dizer o que fazer ou confundir a minha cabeça, eu só precisava de um abraço bem forte para eu chorar e pensar, foi isso que fiz até cair no sono.

Acordei com o alarme. Minha cabeça doía por não ter chorado quase a noite inteira. Saí dos braços da Sabrina e fui tomar banho. Vesti apenas um vestido comprido e calcei umas sandálias rasas, coloquei um daqueles cardigans longos e peguei na minha pasta.

Dirigi em completo silêncio até o fórum. Estacionei o carro e fui logo me encontrar com o meu advogado que me dirigiu até a sala onde assinaríamos os papéis do divórcio.

Minhas mãos tremiam tanto que tudo só piorou assim que lhe vi a minha frente. Eu queria fugir, eu queria correr, mas eu não conseguia sair do lugar.

- Olá Amber!

- Dreux...

- E então?

- E então o quê?

- Você bem sabe...

Respirei fundo e logo vi os papéis a serem abertos para mim. O meu advogado leu tudo para mim e eu comecei a pensar se queria aquilo.

- Você sabe que eu não quero o teu dinheiro Dreux.

- Eu só quero...

- Estás a tentar compensar-me por me ter feito de palhaça por vários anos?

- Não é isso!

- E então o que é?

- Você devia se acalmar Amb.

- Sabe, eu ainda te amo. Te amo muito. Nem eu sei o quanto te amo e é porque eu te amo que eu vou assinar isso. É porque te amo que vou deixar você ir e fazer da tua vida o que bem entender, mas o que me faz querer assinar mais esses papéis é o facto de eu me amar muito mais Dreux. Eu aprendi a me amar mais. Eu te amo, mas aprendi a me amar muito mais.

Why Did I Marry With A Rapper?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora