Why Did I Marry With A Rapper?

19 - Adeus ou até breve

Já haviam se passado meses desde a última vez que havia visto o Dreux. Não havia ouvido falar dele, não lia notícias sobre ele, me desliguei dele e de tudo que ligava-nos, excepto o Drew é claro. Aquela era a ligação que eu nunca teria como me desfazer, nem mesmo se quisesse.

Cheguei no meu limite com o Dreux. Todos os anos sendo a mais tolerante, a mais paciente do mundo e cansei. Eu pensava que não ia conseguir levar a minha vida para frente sem ele, mas percebi que não era bem assim. Não era mais amor, era dependência que ele tanto queria para manter as aparências do "casamento legal".

Me senti uma covarde por anos, porque tentava ver uma solução só para não ter de dizer adeus e talvez porque dependia dele para tudo.

Na busca de segurança afectiva as pessoas estão dispostas a pagar qualquer preço, não importa o quão alto seja para evitar tensões decorrentes de uma vida autônoma. Por medo da solidão as pessoas suportam o insuportável a tentar manter a estabilidade do vínculo, e não é raro quando se tornam dois estranhos a ocupar o mesmo espaço físico. Como mecanismo de defesa, surge a tendência a não se pensar na própria vida. Tenta-se acreditar que casamento é assim mesmo, quando na verdade não é.

Eu tive de adaptar-me, de aprender, tive de rever meus conceitos e muito mais. Eu acredito que um casamento, um namoro, um relacionamento pode ser óptimo principalmente quando você aprende que não depende de ninguém para ser feliz, mas para isso as pessoas precisam reformular as expectativas que alimentam a respeito da vida a dois, como, por exemplo, a ideia de que os dois vão se transformar num só; É fundamental que haja respeito total pelo outro, ao seu jeito de pensar, de ser e às suas escolhas; liberdade de ir e vir...

Você já se sentiu alguma vez incapaz de gostar outra vez? Já sentiu seus sentimentos bloqueados mesmo querendo muito estar aberta a outras experiências? Sabe aquele sentimento foda de incapacidade que nos ronda depois de um relacionamento intenso? Parece até que você precisa aprender tudo de novo, mas ao mesmo tempo que você quer aprender, você tem medo de falhar, e você nem sequer sabe por onde começar. Sabe aquele vazio que começa a se fazer sentir, você vê todo mundo ao seu redor passar por você, porque você foi a única que ficou presa, e o trauma fodido continua a perturbar-te, mas você nem pra dar um basta serve porque você se sente totalmente incapaz dizendo pra você que está feliz dessa forma, mas apenas não consegue nutrir sentimentos por viver presa no passado? Porque vive com medo de quebrar a cara ao se relacionar outra vez.

Eu me senti assim por meses, me senti presa, sufocada por me ver falhar por ter medo.

"Não aceite qualquer um por medo de ficar sozinha" - Disse para mim mesma depois de tudo.

Quando resolvi que queria me separar, junto com isso bateu um medo, um certo receio, não sei explicar direito, uma sensação de que estaria a abandonar o meu filho. E eu não queria me separar dele! Sabe quando você se sente numa encruzilhada? Estava assim. Ele precisa de mim e eu dele, mas então o que fazer?

Achei que o meu filho seria mais feliz tendo os pais juntos, mas em nenhum momento eu quis pagar esse preço que seria deveras alto demais. O casamento foi mal, mas o Dreux tenta ser um bom pai e isso eu não podia em momento algum tirar do meu filho. Em nenhum momento eu quis que o meu filho sofresse, então por um tempo eu não sabia que atitude tomar, mas sabia que não queria ele numa casa onde a tensão era alta demais. Não quis incluí-lo nos nossos problemas e tive de tomar decisões que lhe podiam magoar, que a princípio ele podia odiar, mas eu tinha a certeza de que um dia ele me iria agradecer, pois um ambiente hostil não é para nenhuma criança, enquanto nós adultos nos matamos a querer ter razão, lá estão nossos filhos a sofrer com nossas atitudes inconsequentes, pois esquecemos deles nos nossos momentos de fúria, não nos importamos com os sentimentos deles e continuamos a fazê-lo vezes sem conta.