Capítulo 5 - I can tell that it's going to be a long road

140 50 219
                                    

Alguns dias se passaram desde a 'cirurgia' de Vanessa. Ela se recuperou muito bem e de forma rápida. Sobrenaturalmente muito rápido para um ser humano normal. Ela ainda estava dormindo e hoje eu e Diego iríamos conversar com ela. Desde que ela começou a se recuperar não falava nada, mas pela manhã, quando eu a estava alimentando em um dos quartos da casa, ela falou comigo, desviando o olhar, como se estivesse ansiosa de alguma forma:

"Sammy, hoje eu vou explicar tudo para você e para Diego. Estava tentando encontrar o melhor jeito de falar o que eu pretendo, mas é o fim do mundo não é mesmo?", ela soltou uma leve risada. Não conseguia parar de olhar para aqueles olhos vermelhos e penetrantes. Eram lindos e ao mesmo tempo perigosos. Nesse momento ela olhou diretamente para mim e continuou falando: "não temos tempo para sentimentalismo. Corremos perigo se ficarmos mais tempo aqui".

É quase noite agora, ainda há iluminação da luz do dia, mas não temos tanto problema em relação a isso. De onde estávamos era possível ver Lights e a torre enorme daquele homem esquisito. A cidade faz juz ao nome. Durante as noites que ficamos aqui, nunca ficava totalmente escuro.

Eu estou sentado no sofá daquela sala toda bagunçada junto com Diego. Estamos em silêncio, talvez preocupados com o que Vanessa vai dizer; talvez com os teleguiados que podem aparecer a qualquer momento; com algum desastre natural iminente; talvez Vanessa não ser mais alguém confiável. Não tínhamos mais nada a perder de qualquer forma, mas uma aliada não seria nada mal e Vanessa era forte. Aliás, é o que eu acho, porque quem conseguiria andar baleado por uma longa distância e ainda sobreviver?

Toc

Toc

Toc

Ela desce as escadas. Está se recuperando de um ferimento à bala, mas é como se ela nunca tivesse sido atingida. É bizarro.

"Não sabem o quanto eu senti a falta de vocês"

Os olhos vermelhos dela estão derramando lágrimas. Diego continua sério, olhando para ela como se analisando tudo o que ela iria começar a dizer.

"Bom, vocês devem estar se perguntando se devem ou não confiar em mim. Eu não confiaria se estivesse no lugar de vocês...", o semblante dela passou de tristeza para seriedade instantaneamente.

Ela era corajosa. Em momento algum ela desviou o olhar para outro lugar. Como se toda atenção dela estivesse voltada para nós e nada iria tirar o foco dela. Diego continua analisando-a. Será que ele já havia superado o amor platônico que ele tinha por ela na faculdade? Ele nunca teve coragem de se abrir com Vanessa, e agora que ela aparece do nada meio... "modificada" de alguma forma, não sei se ele ainda gosta dela, ou até mesmo confie.

"Vou começar pelo mais fácil, que são esse belo par de olhos vermelhos. Vocês acreditariam em mim se eu dissesse que eu fui uma das primeiras cobaias que Alan testou sua injeção de recrutar teleguiados? Pois é, na época eu não sabia, mas estava desesperada. Eu iria morrer se não tomasse aquele comprimido. As primeiras versões da injeção eram uma espécie de comprimido, na verdade. Eu estava com um câncer raro e isso iria acabar com a minha vida em 6 meses.

Felizmente ou infelizmente, eu acabei encontrando Alan... ou ele acabou me encontrando. Na época ele não era o rei do mundo, mas era um cientista e havia acabado de se formar em medicina. Ele me convenceu com todos os resultados das pesquisas dele, que ja havia feito em laboratório com células cancerígenas em diversos tipos de animais. Esse comprimido era uma cápsula que, aparentemente, possuía nanorobôs que destruiriam as minhas células podres. Simples assim. Sem dor. Sem quimioterapia. Sem grandes porcentagens do câncer continuar se espalhando até eu morrer. Decidi aceitar sem nem avisar os meus pais e nem ninguém.

No One Lives | COMPLETO | DISPONÍVEL ATÉ 31 DE MARÇOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora