Crime Perfeito | Simbar

Capítulo 7: A cor dos seus olhos

Nem percebi o quão rápido o dia passou. Tudo que pensei desde que fui dormir e até quando acordei, foi em minha pulseira e quem estava com ela. O motorista parou o carro em frente ao Roller e sai correndo até o interior do lugar. Mandei uma mensagem ao número desconhecido avisando que já tinha chegado e a pessoa apenas respondeu um: OK. Sentei em uma das mesas da lanchonete e olhei para todos os lados a procura de Simón. Algo dentro de mim dizia que era ele que estava fazendo essa brincadeira sem graça. Uma mão pousou em cima de minha mesa e olhei rapidamente para aquela pessoa. Não era Simón.

- Procurando por isso? – A pessoa mostrou minha pulseira e a balançou a frente de meus olhos.

- O que você tá fazendo com a minha pulseira? – Perguntei e ele sentou à minha frente.

- Calma, Ambar, eu disse que ia cuidar da sua pulseira. – Nico forçou um sorriso e o encarei. – Não acho que essa seja a maneira certa de agradecer a quem cuidou de uma joia tão preciosa.

- O que você quer, Nico? – Questionei e ele voltou a rir. – Já entendi que você não vai me devolver a pulseira de bom gosto.

- Você é esperta. – Ele piscou um dos olhos. – Mas... Eu não ia pedir nada em troca.

- Fala logo. – Rolei os olhos entediada. – Quer sair comigo, é isso?

- Não, Ambar. – Ele negou e eu suspirei aliviada. – Não seria nada mal, mas não é isso que eu quero. Quero uma entrevista no canal da Jazmín.

- Só isso que você quer? – Perguntei e ele assentiu. – Mas vocês não fizeram entrevistas pro canal da Jazmín?

- Eu quero uma entrevista solo. – Ele arregalou os olhos enquanto falava. – Quero brilhar sozinho sem a sombra do Simón e do Pedro. Quero que a Jazmín me entreviste sem ficar babando pelo Simón a entrevista inteira.

- Você tá com ciúme? Quer um encontro com a Jazmín? – Debochei.

- Quero brilhar, Ambar. – Ele estendeu a pulseira em minha direção. – Temos um trato?

- Sim. – Concordei e Nico devolveu minha pulseira.

- Só uma última coisa. – Nico olhou para mim enquanto levantava da cadeira. – A cor dos seus olhos é ainda mais bonita de perto.

Nico saiu rindo e eu balancei a cabeça negativamente. Coloquei a pulseira de volta em meu braço e vi alguém sentando a minha frente. Levantei a cabeça e vi Simón.

- E aí? – Ele deu um sorriso amarelo. – O que o Nico tava falando com você?

- Ele encontrou minha pulseira. – Respondi. – Nem sei como perdi.

- Ontem você deixou cair. – Simón contou ainda de cara amarrada. – Eu tentei te devolver, mas você foi embora e o Nico disse que poderia devolver já que tinha seu número.

- Eu nem sabia que ele tinha meu número. – Revirei os olhos e Simón continuou parecendo estar chateado com alguma coisa.

- Por que ele falou da cor dos seus olhos? – Simón questionou e eu sorri sem entender.

- Eu não sei. Ele falou tão alto que você ouviu? – O garoto a minha frente apenas voltou a assentir com um movimento de cabeça. – Preciso ir, até mais.

- Tchau. – Simón fez uma menção para mim e eu levantei, saindo do Roller voltando até o carro que estava parado à minha espera.

- Resolveu seu assunto, senhorita? – O motorista perguntou e eu apenas concordei, ainda com algumas perguntas na cabeça.

- Só me leva pra casa. – Pedi e o motorista ligou o carro, saindo o mais rápido de lá.

Pela noite, tomei coragem e abri o grupo que tinha com Jazmín e Delfina. Eu precisava que Jazmín concordasse em fazer um vídeo entrevistando Nico sem que parecesse estranho. Era uma missão difícil.

Comecei a conversa com um Oi e em seguida, disse que estava pensando em algo para o canal de Jazmín. A ruiva respondeu um O que? e ali começava a parte mais difícil. Disse que talvez seria interessante fazer entrevistas solo com cada integrante da banda. Delfi perguntou por meu interesse repentino na banda e respondi que gostei do que vi em minha festa. Disse também que eles eram talentosos e talvez isso pudesse trazer mais views pro canal. Jazmín concordou e eu sugeri que Nico fosse o primeiro a ser entrevistado. Delfina implicou dizendo que eu parecia estar interessada em Nico e eu apenas ignorei. Jamais teria interesse nele. Dei boa noite a elas e coloquei meu celular para carregar. Não estava com paciência para lidar com alguma brincadeirinha de Jazmín dizendo que três faziam casal com três.

Depois de tomar um banho quente e relaxante, desci as escadas da mansão e vi que o jantar estava servido. Não havia nem sinal de Sharon. Comi quieta e depois subi para meu quarto. Escovei meus dentes no banheiro e logo em seguida, deitei na cama. De repente a conversa com Simón me veio à mente e franzi a testa. Por que ele parecia ter ficado tão irritado por eu estar conversando com Nico? Será que Nico tinha dito sobre me subornar? Percebi que estava pensando demais naquilo e torci para que aquelas coisas insignificantes parassem de rondar minha mente quando a maldita entrevista com Nico fosse postada no canal da Jazmín. Voltei a pensar nas flores e fechei os olhos. Como Simón ainda lembrava quais eram minhas flores preferidas? E por que tudo isso me incomodava tanto?