Capítulo 12: Garotas

417 33 1
                                    

- Desculpa, Simón, mas eu já tenho compromisso hoje. – Respondi. – Eu vou sair com as minhas amigas.

- Tudo bem, Ambar. – Simón parecia estar sem graça. – Mas podemos sair à noite.

- A noite? – Estranhei. – Mas o Roller fecha a noite, Simón.

- O tio do Nico é o dono de lá. – Ele contou. – E eu posso conseguir a chave.

- Seria um pouco arriscado. – Me preocupei.

- Talvez seja o dia de correr riscos. – Ele riu e eu respirei fundo.

- Quando eu chegar do shopping com as meninas, eu vou te mandar uma mensagem.

- Estarei esperando. – Ele disse e desligou.

Abri um sorriso ao pensar no risco que correria e gostei da sensação. Jazmín abriu a porta e me encarou.

- Tá tudo bem? – Perguntei. Será que ela tinha ouvido minha conversa?

- Estamos te esperando. – Ela respondeu. – Com quem você tava falando?

- Com ninguém em especial. – Menti e esperei a reação dela. Jazmín forçou um sorriso.

- Você disse que mandaria uma mensagem quando chegasse. – Ela fez uma pausa. – E deu um sorriso. Não parece ser com qualquer pessoa.

- Não tem nada demais. – Tentei convencê-la. – É que eu preciso fazer umas coisas quando chegar. Tem a ver com a minha tia.

- Não minta pra mim. – Jazmín pediu. – Você tem estado estranha esses dias. Pensei que éramos amigas e que podíamos contar tudo uma pra outra, Ambar.

- Não tenho nada a contar, Jaz. – Insisti. – Se tivesse, falaria.

- Então, meninas. – Delfi abriu a porta e olhou para nós duas. – Vamos?

- Sim. – Concordei e peguei meu celular.

Jazmín saiu atrás de mim e Delfi foi à minha frente. Saímos da mansão e vimos meu motorista particular com o carro estacionado.

- Que surpresa. – Disse, olhando confusa para o motorista.

- Vejo que hoje você tem companhia. – O motorista sorriu para minhas amigas e eu engoli a seco. – Vamos para o mesmo lugar de toda tarde?

- Para o shopping. – Disse rapidamente. – Para o shopping o mais rápido que puder.

- O mesmo lugar de toda tarde? – Jazmín perguntou ao sentar ao meu lado. – Pra onde você tem ido?

- Ao Roller. – Respondi, tentando demonstrar tranquilidade. – Ou você não tem me visto por lá? Anteontem estava com você.

- É, ela estava lá com você. – Delfi riu enquanto falava. Encarei a morena e ela piscou um dos olhos, debochando de mim.

Chegamos ao shopping e fomos direto para nossa loja de roupas favorita. Jazmín saiu na frente e Delfina segurou meu braço. Ela viu que Jaz estava longe e respirou fundo.

- Pensei que eu tinha dito que você não devia fazer isso. – Delfi me encarou.

- O que foi agora? – Perguntei irritada. – Eu não tô fazendo nada, Delfina.

- Não mente. – Delfi pediu. – Eu ouvi a Jaz te questionando.

- Ela ouviu coisas. – Balancei a cabeça negativamente. – Eu não sei do que você tá falando, mas se for do Simón, eu já me afastei.

- Ótimo. – Delfi suspirou. – Você pode só querer ser amiga dele, mas ele quer muito mais de você, Ambar.

- Eu já me afastei. – Forcei um sorriso, tentando convencer Delfi. Não achava que Simón queria mais de mim e eu também não queria mais dele.

- Eu acredito. – Ela parecia me dar um voto de confiança.

Fomos até Jazmín e a ajudamos a escolher as melhores roupas. Delfi também escolheu algumas, mas eu não senti vontade de comprar nada. Fui andando pelos corredores da loja enquanto as duas provavam as roupas escolhidas. Parei ao tropeçar num vestido jogado no chão. Abaixei, peguei o vestido e o olhei. Era um lindo vestido vermelho e era do meu tamanho. Segurei o vestido, levando até meu peito e o abracei. Jazmín e Delfina foram em direção ao caixa e eu as segui. Pagamos as roupas e fomos até a praça de alimentação. Pedi uma salada enquanto as duas se afundaram em fast food. O clima estava agradável, parecíamos as mesmas amigas de sempre, mas alguma coisa me deixava desconfortável.

- A gente podia fechar o dia fazendo uma festa do pijama. – Jazmín sugeriu. – Podíamos fazer pipoca, comer sorvete e assistir a alguma série. Vi que uma muito boa entrou no catálogo essa semana.

- Eu topo. – Delfi concordou e eu encarei o chão. – Vai ser ótimo. Sinto saudade da gente bem juntinha.

- Eu não posso. – Disse sem conseguir olhar para elas. – Eu tenho umas coisas a fazer. Minha tia viajou e eu tô achando isso muito estranho. Desculpa, meninas.

- Ambar, por que você não fala de uma vez que tem um encontro hoje? – Jazmín questionou irritada. – Você não precisa mentir pra gente. Eu te conheço e sei que alguma coisa tá acontecendo.

- Eu não vou ter um encontro. – Neguei. Eu realmente não teria um encontro. – Eu só tenho que fazer umas coisas.

- Você acha que eu não sei que você jantou anteontem com o Nico? – Suspirei aliviada ao saber que ela achava que eu tinha jantado com o Nico e não com o Simón.

- Você jantou com o Nico? – Delfi interrogou surpresa.

- Por que você acha que ela pediu pra fazer aquela entrevista com o Nico? – Jaz relembrou. – E eu lembro que você disse que se ele quisesse contar, poderia.

- Você tá saindo com o Nico? – Delfina continuava em choque. – Por que você não contou pra gente?

- Eu pensei que você soubesse. – Jazmín encarou Delfi. – Esse interesse repentino na banda, a entrevista, o jantar... Eles tão saindo.

- A gente não tá saindo. – Sorri. A situação era tão esquisita que eu estava quase gargalhando. – Eu nunca criaria interesse por alguém como ele.

- Claro que não. – Jaz debochou. – Eu disse que três faziam casal com três. Delfi e Pedro, Ambar e Nico e Simón comigo.

- É melhor eu ir. – Ou eu saia dali enquanto elas achavam que eu estava com Nico ou colocaria tudo a perder. Era até engraçado que elas pensassem isso.

- Tudo bem, eu chamo meu motorista. – Delfi sorriu. – Bom encontro.

- Bom encontro. – Jazmín também brincou.

- Eu não vou a um encontro. – Levantei, peguei minhas coisas, mandei uma mensagem para meu motorista e sai andando.

Meu motorista não demorou a chegar. Pedi que ele me levasse para casa e mandei uma mensagem para Simón dizendo que estava chegando em casa. Ele não respondeu e eu fui direto para o banho quando cheguei em casa. Coloquei uma blusa e uma calça, arrumei meu cabelo e passei um pouco de maquiagem. Mandei outra mensagem para Simón e esperei que ele respondesse. Peguei a chave de meu armário, meu celular e desci as escadas. Percebi que minha tia não estava em casa e continuei a estranhar aquilo. Tentei não pensar nisso e fui até onde meu motorista me esperava. Mandei mais uma mensagem para Simón dizendo que já estava a caminho, mas ele continuava sem me responder. Guardei o celular e revirei os olhos. Esperava que ele não me deixasse plantada sem respostas.

Crime Perfeito | SimbarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora