Sol do meio dia

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Dimitri despertou levantando sem pressa, a mulher deitada ao seu lado dormia calmamente. Sabine estava nua, sua pele negra reluzia a luz artificial do quarto. Dimitri encarou seu reflexo no espelho, estava suado, sua pele branca marcada pelas garras da mulher. Em sua mente, flashes de tudo o que fizeram.

— Sabine, acorde...

— É dia rapaz — ela virou-se para ele. Seus seios fartos reluziam — volte para a cama.

— Não — suspirou — tenho aula e vou matar Vladmir

Dimitri se vestiu, a mulher sentou-se na cama e o encarou

— Você a ama, não é mesmo?

Dimitri vestia as calças, parou por um momento e encarou Sabine.

— Eu a conheço a pouco tempo, mas algo me liga a ela — puxou o zíper, pegou a camisa — o efeito do sangue de Vladmir mudou algumas percepções, antes eu não pensaria duas vezes em tirar a sua roupa.

— Vampiros são criaturas de valores — ela se enrolou no lençol — pelo menos eu posso esperar. O que foi, acha que ela durará para sempre? — gargalhou — ela é humana e você é eterno.

Dimitri a olhou confuso.

— Enganasse, Jonathan Harker descreve vampiros como seres dotados de longevidade, não eternidade. Do contrário, não morreríamos ao sol

Sem olhá-la, Dimitri pegou seus sapatos e saiu do quarto, calçou-os no corredor.

Orgulhoso de suas leituras e de ser capaz de resistir a uma mulher nua em sua cama, caminhou pelo corredor. Escutou o som de talheres, Vladmir já estava acordado.

— Eu espero que sua ideia de fazer Sabine me seduzir tenha algum fundamento. Golpe baixo.

Dimitri sentou-se à mesa apontando-lhe o dedo.

— Pelo visto não precisarei dar grandes explicações...

— Seu medo de que eu bote tudo a perder é gritante — ele pegou um hambúrguer no centro da mesa. Começou a fazer seu lance, afinal era a única coisa que lhe matava a fome — eu imagino como se sentiu quando se tornou vampiro, como foi se considerar um assassino.

— Ainda me considero — Vladmir bebericou um pouco de sua taça de sangue matinal

— Então sabe que para mim, uma semana é pouco para me despedir da vida que eu tinha. Perdi a fome, conversar com você está me dando náuseas.

Dimitri soltou o lanche sobre a mesa.

— Rapaz, você precisa se alimentar.

— Pare de me controlar Vladmir — se encararam — nossa única semelhança é que igual a você eu não pedi essa vida — Dimitri estendeu a mão para um serviçal que lhe trazia o paletó. — Estarei na universidade.

— Dimitri, é dia!

— Sim, hoje saberemos se ainda sou humano.

Dimitri não sabia o que pensar ou fazer a respeito de Vladmir, sentia-se traído, o Conde não confiava nele e isso o deixava nervoso. Por mais que tenha gostado de tudo o que fizera com Sabine, algo ainda o prendia a Carla e era isso que o mantinha vivo. Ele caminhou até o salão de entrada e encarou as portas. Na parte superior Vladmir, Igor e Sabine surgiram para ver o que iria acontecer. As portas se abriram automaticamente, o sol adentrou no recinto iluminando o chão. A claridade parou milímetros antes dos pés do rapaz. Ele sentiu o cheiro de Sabine, olhou para o alto vendo a negra sorrir. Estava vestindo uma camisola fina no tom roxo, os cabelos cacheados pendiam até seus ombros. Vladmir o olhou se forma séria dizendo:

A Fraternidade - Fernando LuizOnde as histórias ganham vida. Descobre agora