Capítulo 6: Acorda pra vida, garota!

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ACORDA PRA VIDA, GAROTA!

Julieta... — Lica tentou mais uma vez me fazer falar, todavia quando outro soluço escapou dos meus lábios, ela calou-se e recomeçou a alisar meus cabelos.

E lá vamos nós mais uma vez...

— Ele chorou por minha causa! Chorou porque eu falei aquelas coisas para ele e... — Lica, Jude, Ítalo e Romeu não estavam entendendo o motivo de tanto choro e tanto desespero da minha parte já que a única coisa que consegui fazer quando cheguei em casa foi continuar chorando. E me atirar em cima de Jude e continuar chorando mais ainda. — Eu sou a pior pessoa que existe nesse mundo, Heloísa.

E novas lágrimas começaram a escorrer pela minha bochecha enquanto Lica alisava meus cabelos, Ítalo continuava parado atrás do sofá em que nós estávamos, Romeu se remexia no colo de Jude, chamando a sua atenção e Jude tentava me abraçar já que havia sido no ombro dele que fui chorar.

— Ih, ela chamou você de Heloísa. — em meio a tantas lágrimas, vi Ítalo coçando a cabeça de maneira desconfortável. — A situação é muito mais séria do que eu pensava.

A situação era muito pior do que qualquer um deles poderia imaginar.

Eu havia feito Gabriel chorar!

Havia o feito chorar porque simplesmente resolvi expor todos os meus medos para ele, de uma maneira nada delicada, e mostrar que toda aquela situação era bizarra. Horrível. Clichê. E, nada satisfeita, continuei a duvidar dos sentimentos dele e... O fiz chorar.

Meu Deus, que tipo de pessoa eu sou?

— Julieta... Pela última vez: assoa seu nariz nesse lenço de papel e não na minha blusa. — Jude me estendeu alguma coisa, mas apenas consegui esfregar meu nariz contra o seu ombro e chorar mais um pouco. — Julieta...

Eu sou um monstro. — resmunguei.

Não conseguia parar de chorar e me acalmar um pouco para explicar para eles o que estava acontecendo; a única coisa que fiz desde o momento em que cheguei em casa foi fazer isso: chorar, balbuciar algumas frases e dizer que eu era um monstro.

Porque a verdade era essa, eu gostando ou não: eu era um verdadeiro monstro.

Ao invés de calar a boca, ou talvez ser um pouco racional, falei tudo aquilo que estava entalado, despejando sobre Gabriel todos os medos e a maneira como a situação era apresentada diante dos meus olhos. Acabei por ficar presa no que eu estava sentindo e completamente alheia a situação de Gabriel. Se eu tivesse, nem que por meio segundo, parado um pouco e o olhado com um pouco mais de atenção, teria percebido que era hora de parar ou de ser mais razoável.

Mas não.

Claro que não.

Apenas fui perceber a tremenda confusão que fui arranjar no momento que Gabriel fechou a porta do carro e eu continuei sentada ali, apenas o olhando voltar para o seu prédio.

Foi imprudente da minha parte, eu sei, mas após todo aquele momento só consegui começar a chorar — de uma maneira que meu assustou e muito —, bater com a minha cabeça contra o volante uma porção de vezes e dirigir de volta para casa. Pensei em ir atrás de Gabriel, mas o que eu diria a ele? Que sentia muito? Que todas aquelas coisas faladas no carro foram impensadas? Que apenas falei tudo aquilo porque estava apavorada por ter um encontro com ele? E se Laura abrisse a porta, como eu me explicaria para ela e diria que estava chorando por causa do seu irmão, sem causar mais confusão ainda ou até mesmo o início de uma guerra?

Não fui atrás de Gabriel porque não fazia ideia do que deveria fazer. Caso eu dissesse para ele que todas as coisas faladas no carro deveriam ser deixadas de lado ou esquecidas, eu estaria mentindo. Tudo o que falei dentro do carro, tudo que despejei em cima dele, era verdade. E eu nada poderia fazer sobre isso.

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