Capítulo 1: O começo de tudo

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O COMEÇO DE TUDO

Olá, meu nome é Julieta Montenegro e eu sou uma odiadora de clichês.

Antecipadamente, antes de ser completamente incompreendida e até mesmo julgada, preciso dizer que eu tenho a completa noção de que eu não sou uma pessoa fácil de se lidar. Na verdade, eu tenho a completa noção do quão chata eu sou. E sabe de uma coisa? Graças a Deus eu sou chata; antes ser uma chata do que ser uma adorada de clichês.

Tipo, a Laura... Laura é uma adorada de clichês e acabamos por discutir bastante sobre isso.

Sinceramente? Não sei como Laura aguenta ser minha melhor amiga.

Laura e eu somos amigas desde... Eu nem sei há quanto tempo somos amigas, sendo sincera. Laura sempre esteve presente na minha vida. Eu nunca fui apenas Julieta, sempre fui Julieta, a melhor amiga da Laura. E Laura nunca foi apenas Laura, ela sempre foi a Laura, a melhor amiga da Julieta. Ela sempre foi a minha pessoa favorita no mundo e a minha melhor amiga.

Nós éramos inseparáveis; uma verdadeira dupla do barulho, como dizem nossos pais até hoje. E completamente diferentes. Laura é uma garota doce e sempre de bem com a vida, adoradora de clichês e a espera do tal príncipe encantado que a Disney prometeu para ela durante a infância. E eu... Eu sou a personificação do mau humor, odiadora de clichês e príncipes encantados? Disney? Tô é fora, pego meu triciclo e vou embora.

Sempre tive Laura e acreditava - até aquela maldita noite - que sempre teria Laura. Mas é claro que, de alguma maneira, o clichê precisava vir correndo atrás de mim. É como se apenas o fato de eu ser uma Montenegro fosse o suficiente para os clichês me perseguirem. Às vezes - em todos os momentos em que o clichê tenta aparecer na minha vida -, eu tenho a vontade de gritar na cara do nada um "ei, vai procurar alguém que esteja interessado em viver um perfeito clichê, seu otário!".

Eu não estou interessada em clichês.

Inclusive, fujo deles da mesma maneira que Romeu foge quando precisa tomar suas vacinas.

Eu sou uma odiadora de clichês.

Mas eles parecem me amar.

Na verdade, parecem amar a minha família porque clichês parecem nos identificar no meio de uma sala com mais de duzentas pessoas e grudam em todos nós, tentando nos fazer cair em sua tentação e, quase sempre, conseguindo fazer isso. Existe uma única pessoa na família Montenegro que repele os clichês de tal maneira que eles nunca conseguem grudar nela. Eu sei, obrigado, eu sou muito sortuda mesmo.

O grande problema nisso é que odeio clichês e eles me amam!

Eles deveriam amar a Laura já que a minha melhor amiga tem um adoração por clichês mais do que... Mais do a Eleven curte waffles? É, talvez seja uma boa comparação. Os clichês nunca encontram Laura, infelizmente. Eles preferem grudar apenas em mim do que na minha melhor amiga.

E, sendo sincera, eu já estava acostumada com isso.

Os clichês apareciam para mim, eu ficava extremamente irritada e fugia deles.

Ok, nem de todos eles.

Romeu foi um clichê que simplesmente não consegui fugir. Mas, veja bem, assim que encontrei o gatinho abandonado na rua, naquele dia que chovia torrencialmente e estava muito frio, eu simplesmente tive que o pegar da rua e levar para casa. Naquele momento não pensou pela minha cabeça a alergia do meu pai a gatos, eu só queria ajudar o pobre coitado do gato. Acabei me apegando, o gato precisava de um nome e porque não o chamar de Romeu, não é mesmo? De um clichê, infelizmente, eu não havia conseguido escapar.

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