Capítulo 18 - Praia

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- Como estava o culto? - Felipe questionou, sem tirar os olhos da estrada.

- Estava muito bom. - Esbocei um sorriso fraco.

- Matt ligou. O que acha de irmos pra praia amanhã?

- Pode ser. - Dei de ombros.

- Não quer sair?

- Quero. - Nem eu acreditava nas minhas palavras.

- Pode ser sincera comigo, Genevieve.

- Eu gostei muito de ir à igreja, mas... amanhã é domingo, haverão muitas pessoas e... isso é estranho. Não sei. - Suspirei pesadamente. - Amanhã faz duas semanas que vovó morreu.

- É... - Era perceptível que Felipe não fazia ideia do que dizer. - Eu sinto muito. Desculpe. É que a Lise e eu pensamos que seria bom sairmos juntos.

Ok. Um E.T havia assumido o corpo do meu pai. Era o mais provável. Havia um pequeno sorriso em seu rosto. Eu queria acreditar, mas era difícil. Tinha medo de acreditar que ele estava tentando uma aproximação. Uma tentativa de aproximação vinda de Felipe Beaumont era seguida de um desentendimento.

Lembrei-me da palavra ministrada no culto. Ainda me restava um pouquinho de azeite. Por mais que fosse arriscado, decidi usá-lo e depositar a minha confiança em Deus e naquilo que poderia ser uma tentativa de aproximação do meu pai.

- Podemos ir.

- Mesmo? - Ele ergueu assobrancelhas.

- Sim. - Assenti.

- Olha Genevieve, podemos ficar em casa e assistir a The Big Bang Theory, comer alguma coisa maravilhosa feita por mim.

- Podemos ir à praia. - Ri ligeiramente.

- Tem certeza?

- Absoluta.

- Lise ficou fazendo o jantar, mas não é lasanha, antes que me pergunte. - Ele riu.

O clima estava ficando mais leve a cada instante que se passava. Era estanho, porém, era um estranho bom. Estava um pouco mais forte, espiritualmente falando. Não sentia minha fé do tamanho de um grão de mostarda, o suficiente para mover montanhas, no entanto, estava maior do que quando saí de casa. Já havia ocorrido um progresso, sentia-me um pouquinho mais perto do Céu e mais distante dos meus furacões internos.

- O que é?

- Uma especialidade do restaurante.

- Ótima resposta. - Ironizei.

- Como sempre, sei que vamos surpreendê-la com a comida. - Um sorriso convencido estava em sua face.

- A praia é muito longe?

- Não. Podemos ir cedo pra aproveitar. Acho que você vai gostar, o lugar é bem bonito.

- O tio Matt e a Lena vão também, não é?

- Vão, sim. Eles vão direto, aí a gente encontramos em um quiosque por lá.

- Vocês vão levar comida?

- Vamos. - Felipe me respondeu rindo. - Vou preparar alguns aperitivos mais leves pra levar. Você vai gostar. Afinal, todos amam a minha comida.

- Agora sei por quem o tio Matt puxou convencido. - Brinquei.

- Está no sangue. Daqui a alguns dias, você fica convencida como a gente. Pode acreditar. - Ele piscou pra mim e focou na estrada.

- Misericórdia! - Fingi estar assustada.

De Pai Para FilhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora