"Distração"

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— Quem ja viu os filhotes da belinha hoje? — dizia o vovô feliz, chamando os garotos para fora da cozinha após a maravilhosa canja servida.

Eles saíram correndo com gritos de "eu quero" e depois chamando pelo nome da cadelinha.

Rosana enxugava o restante de louça, os cabelos lisos e compridos tampava seu rosto que por hora se mantinha entristecido. De todo modo, ela teria uma certa raiva de ter tido uma irmã tão teimosa a ponto de querer aturar um homem tão ruim feito Carlos. Ela, que sempre aconselhou a irmã caçula dizendo que nunca fora com a cara do cunhado, mas Marcela havia se apaixonado perdidamente por ele e seu coração era tão manso que não conseguia ter receios do marido, mesmo ele espancando-a, teu maior sonho era de convertê-lo, mal sabendo que este era o trabalho do Espírito Santo.

— Você está bem? — dizia seu pai, puxando uma mecha pequena do cabelo dela e colocando-a por detrás da orelha, conseguindo ver o teu semblante. — Está bem querida?

— Sim, sim, estou pai. Só estava pensando o que iria me acontecer se eu não tivesse batido com aquele carro. — ela respondia com voz baixa, virando-se para o pai e colocando o pano por sobre a mesa.

— Bom... Talvez eu teria perdido não somente uma filha mas duas.

Ela ficara cabisbaixa.

— Escute, deixe Deus ser Deus. O castigo de Carlos pelo que fez a Marcela será retribuída por Deus... Não você, ouviu bem?

— Eu não sabia o que eu podia fazer, nem sabia o que eu falar se eu estivesse cara a cara com ele. Mas eu queria mesmo, muito, enfiar uma faca bem no estômago dele e..

— Chega por aí. — ele o interrompera — diz o senhor "a mim cabe a vingança". Você vai começar a pregar mês que vem e está com esses pensamentos homicidas? Por favor, Rosa, deixe que Deus faça por nós.

Ele beijou suas mãos e a abençoou em nome de Deus, em seguida saiu.

Rosana se auto-educou e direcionou teus pensamentos para a beleza de Cristo, seu sermão havia sido criado ali mesmo, naquele dia, ela falaria sobre a injustiça de Jesus, o homem morto sem ter pecado algum. 

Ficara em jejum e fizera profundas orações, desejava se restaurar e voltar o coração e a mente para a pureza do perdão, empurrando para fora de si toda as mágoas e rancores, não pensava desde então, em se vingar, mas preferiu guardar os sábios conselhos de seu pai.

Foram embora da casa do avô na noite seguinte, e ela se distraiu ouvindo louvores, cuidando das crianças e escrevendo e reescrevendo seu sermão, de repente já se foram um mês inteiro e chegara o grande dia, seu pai sempre amava a ouvir pregar, fez questão de cruzar a cidade para ir com ela.

— A igreja parece mais lotada que o comum. — ela dizia ao pai, olhando-o no banco de passageiro e verificando os retrovisores enquanto dava a ré no carro para estacionar.

— Todos sabem quem vai pregar. — ele sorriu orgulhoso.

— Nada disso papai, hoje vai ter casamento após o culto.

— Amo casamentos. — dissera, já fora do carro e abrindo a porta traseira para os netos saírem.

— Hoje vai ter um culto super especial para as crianças, corram lá meninos.

Rosana olhara o relógio de pulso, agarrou o antebraço do pai e entrou. Suspirava aliviada pelo culto especial para as crianças, porque isso de alguma forma distraiu Pedro para que não fosse assistir ao culto, onde ela é quem pregaria.

Procurara o pastor da igreja, o senhor Paulo, apaixonado pela obra de Deus e totalmente curioso pelos milagres que Ele fazia com os teus filhos. Encontrou-o de costas conversando com a esposa e esperou junto do pai próximo ao guichê de informações.

O pastor finalizou com a esposa e em seguida foi até Rosana. Abraçou-a e glorificou a Deus por ter tido aquele maravilhoso livramento.

— Deus tem planos maravilhosos na vida de todos nós ainda que não possamos ver qual é, o Senhor está no controle de tudo. E é cada livramento que Ele nos dá, não é mesmo Rosa? — ele dizia sorrindo a ela segurando em tuas mãos. — vamos orar pela seu sermão e que o Espírito Santo fale através de você a esta igreja.

O menino era esperto e queria ver a tia pregar, amava desde sempre as histórias sobre Jesus que sua mãe contava e saber que sua iria falar para toda igreja sobre Ele ele queria ir.

— Pedro. — dizia a jovem Elisa, aquela que falava de Jesus para as crianças, ao notar que o menino queria sair da sala sem ter pedido a permissão.

— Eu.. — gaguejou — queria ver minha tia pregar hoje. — não havia conseguido mentir. Nunca conseguiu.

A moça lembrou do que a tia lhe pediu e dissera que o culto deles seria mais divertido hoje e que por isso ele devia ficar por lá, o garoto insistiu.

— Vem, vamos pintar a Cruz de Jesus com as ouras crianças... — dizia, pegando pelos ombros do menino.

— Mas eu não quero pintar a Cruz de Jesus.

— Porque? — indaga assustada, preocupada com a reposta da criança.

— Porque eu não quero.

— Então gostaria de pintar o rosto dEle? — continuava, mostrando um rosto desenhado.

— Esse não é Jesus. — rebateu depressa, procurando alguns lápis e sentando-se em seguida.

— Não? É não mesmo. Então desenhe como Ele seria. Tá bom?

Ele pegou uma folha e passou a desenhar alguns lindos traços com azul e preto e em seguida com vermelho e marrom, até que esquecera de tentar sair da sala para ver sua tia.

Rosana havia pregado, contou seu testemunho na igreja inteira, tantos olhos alagados e tantos ouvidos atentos a cada palavra sua dita, Pedro só conseguia ouvir os aleluias e os diversos de glorias a Deus. Estava contente com sua tia pregando e queria um dia poder pregar e ouvir tantos aleluias e glorias a Deus como a tia ouvia.

No fim de cada dia Pedro olhava para alto do céu, procurava pela nuvem mais bonita e orava a Deus, seus pedidos eram os mais doces e singelos de sempre, queria que Deus protegesse sua mãe e que ela voltasse para casa da tia para buscá-lo logo mais.

Ele sempre fazia aquela mesma oração, sem perder a esperança de saber que Deus de fato estava ouvindo-o.

Reencontrando o Verdadeiro Amor Where stories live. Discover now