Prólogo

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O pequeno garotinho amedrontado com os cabelos ralos em tons acastanhados e os olhos estalados inundando com lágrima, se escondia embaixo de sua cama.

Estava roendo o restante de unha que ainda tinha nos minúsculos dedos. Choramingava e chamava por sua mãe em meio a sussurros e ela somente o olhava por entre os ombros voltando a colocar a cabeça para fora do quarto verificando os cômodos da casa. O coração da criança quase que saltava pela boca custo que até podia sentir a pulsação forte só de tocar em seu pescoço fino.

— Fica bem quietinho, querido.

— Não, mamãe... — gemeu ele, colocando as mãozinhas em formato de oração e se derramando por lágrimas.

— Fica aí onde está Pedro, mamãe já vem, fica aí.

A mulher visualizara o quarto e achando um travesseiro e alguns bichos de pelúcia os colocava na entrada de onde o menino estava deitado, de forma que ninguém pudesse o ver, a não ser que tentassem retirar os objetos.

Olhou novamente para checar se alguém pudera ver o menino e saiu deixando as sandálias ali mesmo.

O garoto retirou a pelúcia menor e forçou a saída assim que percebeu que a mãe demorava demais. O seu grito de dor fez o garoto correr de encontro a ela.

Sua primeira reação fora morder os braços e a mão do padrasto, incitando por ele soltar-se de sua mãe. Mas não o fez.

— Sai daqui moleque infeliz. — grunhia o homem, totalmente em estado alcoólico, empurrando o pequeno corpo do menino contra a parede.

Um golpe apenas o fez voar por quase metros de altura. A criança não tinha nem um metro sequer, mas sempre virava um grande leão quando via sua mãe ser espancada.

Levantou-se do chão chorando e novamente gritou para que ele parasse e a soltasse.

O homem sequer olhava para ele, exceto quando então ouviu-se um xingamento saindo da boca do menino:

— Seu bêbado nojento e imundo, filho do diabo, solta a minha mãe! — gritava com a força de todo o seu pulmão, ficando roxo e avermelhado de adrenalina.

— Você me chamou de que? — bradou, soltando a mulher na cama e caminhando autoritário e imponente para de encontro com a criança. — repita do que me chamou! — continuou se achegando com os olhos vermelhos de ódio e o rosto inchado de pinga barata.

— Te chamei de bêbado, porque isso que você é! — respondeu o pequeno menino, dando passos disfarçados para trás.

  — Não sou filho do diabo, você que é. Moleque infeliz!

Ele agarrou o garoto com apenas um braço e deu-lhe um tapa no rosto, quase o fazendo desmaiar.

Sua mãe correu desesperada em seu encontro e puxou o filho com força ainda maior, colocando-se à frente do pequeno, protegendo-o com uma das mãos e implorando para que ele não o machucasse.

A discussão toda fora desenrolada somente em face de uma caixa de leite, onde ele questionava a mulher quem havia deixado a caixa vazia na geladeira sendo que todos naquela casa sabiam que ele não gostava de tal atitude. Sua insinuação era de que o garoto fora o culpado e passou a descarregar isso tudo nele, xingando descontroladamente enquanto gesticulava com as mãos.

— Cansei de avisar que não gosto de caixa de leite vazia naquela porcaria de geladeira e você insiste em deixar essa criança guardar vazia?

Reencontrando o Verdadeiro Amor Where stories live. Discover now