oito

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— Eu não entendi muito bem... — sorri com os olhos.

Seu coração batia cada vez mais rápido. Ele sabia? O quê eu diria quanto às gravações, e ter invadido seu quarto de madrugada? Ele poderia me processar ou coisa do tipo.

— Eu estava falando sobre o Mingyu ter vindo até aqui e não convidá-lo para a nossa festa. Não é legal fazer isso com os novatos.

— F-festa?

— Sim. Festa. — Seungkwan ri novamente. Olha repentinamente para trás, parece ter visto alguém. — Eles estão me esperando. Até sábado...?

Hansol demora alguns segundos para compreender do que se tratava.

— Vernon. Hansol Vernon.

— Lindo nome. Seungkwan. — Faz uma saudação rápida ao abaixar sua cabeça.

Ele o deixa.

— O cu não passou nem um fio de cobre, hein?

— Chinês filho de uma puta. — Hansol diz consigo mesmo, enquanto Minghao tagarelava, sentando-se perto de si.

— ... por que sinceramente se eu estivesse no seu lugar eu agarraria ele.

— Dá pra você parar, Xu Minghao?

— Só estou te dando conselhos, olha o quão perto de você ele estava! E ele ainda falou contigo, elogiou seu nome... Não sei não, é melhor checar o amigo aí em baixo.

— Eu não estou...! — Encara os seus lados, e começa a sussurrar bravo. — Eu só quero paz, por favor vamos sair daqui, o primeiro horário já acabou.

— Tudo bem, tudo bem. Só por que estou com fome, e o cheiro no refeitório está delicioso.

— Legumes são horríveis, Minghao.

— E o que você gosta? Bacon com ovos no café? Hambúrguer com bastante cheddar no almoço? Você não está na América, Hansol. — Ele lhe dá uma piscadela, levantando o amigo.

Os dois andam para fora da quadra, no caminho até o refeitório. As conversas variam desde a família que deixaram para trás até fofocas da faculdade. Alguns tipos de assuntos deixam Hansol mais espontâneo e por dentro do que acontece ali, como saber que a filha do diretor teve sua primeira vez na cama dos pais. Ou que alguém invadiu o sistema dali informando aos alunos que as aulas começariam uma semana depois do normal, no ano anterior. E até quanto a saber que o time de baseball que foi requerido por alguns alunos, havia ganhado um prêmio popular apenas um vez, em 1998.

— Bom dia, senhora Kwon.

— Bom dia, Ming. Está com fome? — A servente põe a quantia do almoço para o garoto. — E quanto ao seu novo amigo?

— Ah, este é o Hansol. Estava elogiando o cheiro da comida o caminho inteiro para cá. — Dá um soquinho no outro, sorrindo.

— É, oi. Foi isso mesmo. — Hansol semicerra os olhos, pensando consigo mesmo se fora convincente. A senhora entrega a bandeja de Minghao.

— E confesso que parece estar deliciosa mesmo, Hansol. Hum... você é daqui? — Ela o observa, levantando uma sombrancelha.

— Não, não. Estados Unidos. Eu me mudei há alguns anos.

— Bem que desconfiei, menino Hansol. Espero que esteja gostando da faculdade. Cá entre nós, amo os meus estrangeiros. — A senhora Kwon dá uma piscadela para Minghao. Ela sentia um verdadeiro carinho de mãe por ele, desde seu primeiro ano. Entrega a bandeja para Hansol.

— Tenha um bom trabalho e um bom almoço, senhora Kwon. Nós voltaremos a nos falar depois. — O chinês sorri e ela assente.

Ambos escolhem uma mesa, com certa dificuldade devido ao enorme movimento aquele horário. A escolhida fora uma bem ao fundo, onde havia apenas uma garota lanchando. Seo Yuri, do primeiro semestre da turma tecnológica de secretariado. Ao sentarem ali, ela revira os olhos com repulsa e deixa a mesa.

— O quê deu na maluca? — Vernon a acompanha com seu olhar.

— Acho que não se enturma com os pobres. — Minghao ri e toma um pouco do seu suco de pêssego.

Hansol o acompanha no riso, notando Wonwoo chegar com seu almoço.

— E o que aconteceu dessa vez? Hum, já sei, descobriu que é pai de cinco crianças da Tailândia e não sabe como abordar isso em casa. — Minghao encara sua carranca enquanto saboreia a salada.

— Eu estou bem, não estão vendo? Que caralho.

— Sem palavrão na hora do almoço. Aliás, sem desunião agora. Quer hora melhor para conseguir paz do que quando você está comendo?

— Então me deixa em paz, Minghao.

O chinês dá de ombros,  visivelmente magoado. Vernon adianta o assunto.

— T-temos uma festa no sábado. Fomos convidados pelo Mingyu.

— Mingyu? Mingyu nos convidou? Que estranho.

— Sim, na verdade ele não havia me incluído nessa, mas...

— Não entendi, Jun não me avisou nada sobre isso.

— Talvez seja por que ele não quer que você vá. — Wonwoo o corta.

— Já entendi, Wonwoo, fique com o seu mau humor. Perdi a fome.

— Qual é? — Hansol protesta. — Vamos por favor terminar de comer como se não fossem animais.

— Estou atrasado para a aula de finanças. Tenham um bom dia.

O loiro deixa a mesa e ambos se encaram em pequenos fuzilamentos de olhares.

— Nos vemos a noite, cara.

— Vai lá.

Wonwoo se levanta, deixando a mesa. Hansol suspira, afagando seus cabelos.

— Não posso me estressar, não posso me estressar a toa. — repete consigo mesmo.

Alguém havia esbarrado nele, sem ao menos pedir desculpas. O garoto procura de quem se tratava, mas deixa para lá. Seus olhos vagueiam o refeitório. Tantas e tantas pessoas.

Ele.

À algumas mesas de distância, Seungkwan encontra seu olhar, coisa que o faz sorrir. Um sorriso doce como o de uma criança, fora o que Hansol pensara. O castanho se encaminha para um outra mesa, na qual algumas pessoas o cumprimentam.

Vernon suspira, reluzente. Apoia o rosto com o punho fechado, para que pudesse observar melhor o garoto baixinho e de olhar puro.

moans [verkwan]Where stories live. Discover now