Dê-me o que mereço e seja feliz comigo

NEM BOMBEIRO APAGA ESSE FOGO

No meio da semana, Dani me chama na sala dele, me senta em seu colo e acariciando minha barriga, fala:

– Minha mãe e o Júlio estão querendo voltar a morar no Brasil. Eles irão ainda esta semana, vou fazer um jantar lá em casa para nos despedirmos hoje.

– Que pena, eles poderiam tanto ficar aqui perto da gente.

– Pois é, mas minha mãe gostou muito daquele país e o Júlio também gosta da sua terra, então não tem como nem tentar fazê-los mudar de ideia.

Erik se levanta de sua mesa e diz que irá ter que tomar um café com um de seus clientes, dá um beijo na boca do marido e um em minha testa e sai.

Acaricio os cabelos loiros de meu irmão e percebo que ele quer falar mais alguma coisa.

– O que foi?

– Não sei como, mas o Harry conseguiu o número do meu telefone e me ligou. Agora não sei se conto ou não para o Erik, o que você acha?

– Primeiro quero saber o que você sentiu?

– Levei um susto quando reconheci a sua voz e fiquei com muita raiva de sua petulância.

– E o que ele lhe disse?

– Eu não o deixei falar nada, mandei ele tomar naquele lugar, mandei ele para aquele lugar e depois de falar mais um tanto de palavras feias desliguei na cara dele.

Mordo o lábio sorrindo, estou orgulhosíssima do meu amigo.

– E ai o que você acha? Conto ou não conto?

– Conta.

– Meu lindo vai ficar furioso! Ele vai querer ir atrás do Harry.

– Problema é do Harry, ele está caçando, vai acabar achando.

– Acha mesmo que devo contar?

– Claro, Bebê, é melhor o Erik ficar com raiva do Harry do que de você. Você precisa provar para o seu marido que não sente mais nada por este cara, precisa tirar dele esta insegurança que você mesmo plantou dentro de seu peito. Se você esconder dele uma coisa dessa e um dia ele atender o seu telefone e for este homem, o seu marido vai se sentir traído.

– Você tem razão. O Harry está a fim de me ver ferrado.

– Ele quer acabar o seu casamento para você voltar para ele.

– Eu não volto para ele nem que ele seja o último homem na face da terra, prefiro comer mulher do que ir para cama com ele mais uma vez.

– Você precisa fazê-lo acreditar nisso para ele desistir de uma vez por todas de você, enquanto seus olhos dizer outra coisa, ele vai ter esperanças e não te deixará em paz até o seu marido desistir de você e te garanto que o Erik não vai aguentar por muito tempo, pois nem eu aguento. Se você olhar para aquele cara novamente, como olhou naquele aeroporto, juro que vou deixar de ser sua irmã.

– Mas não existe deixar de ser irmãos, uma vez irmãos, sempre irmãos!

– Nada é eterno, Dani, nem mesmo os sentimentos. Amor pode dar lugar ao ódio do mesmo modo que o ódio pode dar lugar ao amor.

– Para, Angel, eu sei que você nunca deixaria de me amar,

– Não mesmo, mas o Erik sim.

Conversamos mais um pouco antes de eu voltar para a minha sala e de meu marido lindo. Sento em minha mesa, fico admirando sua concentração na tela do computador e o meio de minhas pernas começa a esquentar, ele está lindo de terno pretor e gravata listrada. Sua barba está crescendo como eu pedi, com ela, ele fica ainda mais sexy. Saio da sala sem dizer nada, para não tirar sua concentração, digo a Rapha que irei dar uma volta e peço que ela avise o Thor se caso ele pergunte. Caminho pelas ruas, com a mão na barriga olho para as lojas e cafés, tudo parece estar mais lindo, me sinto tão feliz, mas ainda tenho medo, mesmo a Íris estando crescendo saudável dentro de mim, me preocupo com a hora do parto, penso em quantos casos o bebê morre nesta hora e começo a me apavorar. Preciso urgentemente parar de pensar nisso, olho para o outro lado da rua e avisto um salão de beleza, atravesso a rua e entro nele. Peço que cortem bastante meu cabelo, quero ficar bem diferente. A cabeleira deixa a tesoura passear a vontade no meio cabelo e quando termina, todo meu pescoço está de fora, meu cabelo cobre apenas minhas orelhas, me olho no espelho e acho o máximo. Corro de volta ao escritório, Rapha me elogia, diz que fiquei linda, entro na sala e Thor me olha surpreso, se levanta e se aproxima, toca meus cabelos, passa a mão em meu pescoço, o beija e diz ao meu ouvido: