XIV - Escudo de Armas

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É claro que a maior interessada, Alicia, nem fazia ideia de que uma festa era planejada.

Enquanto as gêmeas escolhiam os enfeites, e Tina passava dia e noite em seu ateliê, eu tentada ajudar Kali e Jin na escolha dos pratos.

Mas naquele dia, as vésperas da festa, Jin havia nos levado para cozinha com a missão de ajuda – la na última tarefa: o bolo de aniversário.

Os cozinheiros nos olharam feio no momento em que entramos, com nossos vestidos coloridos e cabelos soltos, até que Jin nos deu redes e aventais para colocar. Desde então, fomos completamente ignoradas.

Do lado oficial da cozinha, os jantares da família real, dos ministros, e de todos da corte – incluindo nós, as musas – e dos criados eram preparados, cada um por sua equipe.

Do lado que nos foi cedido, as mesas se sujavam de farinha, ovos e manteiga, enquanto eu e Kali tentávamos ao máximo ajudar, sem atrapalhar Jin, que ia de um lado para o outro, nos dando ocasionalmente ordens.

– Acham que ela vai gostar? – perguntou Jin, quando for fim acabamos, raspando uma tigela de massa, apreciando seu trabalho.

– Acho que sim – Falei, lavando a última das enormes formas de metal – Ficou mesmo lindo!

– Obrigada Bethany, mas... Não é do bolo que eu falava – Jin suspirou, lavando a travessa onde comia – De tudo... Da festa. De toda a atenção. Tina está tão empolgada que tenho medo de dizer pra ela, mas... Talvez seja demais.

Eu entendia o que ela queria dizer. Sim, eu mesma pensara naquilo diversas vezes, na última semana. Seria mesmo a hora de colocar Alicia em uma festa?

– Nós somos as únicas que sabem – falou Kali – Nós e Tina. Ninguém vai estar lá por ter pena dela, todos nesse palácio adoram Alicia... Vai fazer bem pra ela se lembrar disso.

– Acha mesmo? – Jin seguiu cética.

– Jin, quando eu passei por isso... Tudo que eu conseguia sentir era vazio e solidão. Ninguém se importava com o fato de eu estar mal, e nem se importaria se soubesse o que aconteceu. Não se importavam comigo, e isso foi o pior. Alicia precisa ver o quanto ela é amada, que ela não está sozinha!

– Você... Passou por isso? – não me contive diante do que ela falava. Kali, sempre tão calma e equilibrada.

Ela assentiu – Foi antes de me tornar uma musa. O mundo em que eu vivia, a Colônia Indiana era... É muito diferente. Eu estava prometida a um casamento arranjado com um homem velho e rico, que deixaria minha família igualmente rica. Nós havíamos viajado para a cidade dele, para o casamento, e ele sequer nos receberá. Mas a noite, enquanto eu dormia, ele invadiu meu quarto – a voz dela falhou, os olhos cheios de lágrimas.

"Ele disse que queria conhecer sua futura esposa. Eu já estava apavorada, paralisada de medo, o homem cheirava a gordura e bebida. Ele sentou na beira da cama e começou a mexer no meu cabelo, dizia que eu lembrava a filha dele. Perguntou se depois que a gente se casasse, eu podia chama-lo de "papai". Ele era louco, nojento, doente... – ela estremeceu – E então ele disse que talvez fosse melhor a gente ter certeza que eu tinha entendido, e eu não entendi mais nada. Doeu, mais do que eu consigo descrever, embora pensando agora tanto tempo depois fosse muito pequeno para que doesse tanto. Ele me bateu no rosto, mandando eu o chamar de papai, até que eu gritei isso, como se fosse um grito de socorro. Meu pai, se me ouvisse, viria me socorrer e me levar pra casa naquela hora mesmo, mas ele não viajara conosco, iria apenas três dias depois. E então, quando ele se sentiu satisfeito, quando todo meu corpo doía, em todos os lugares onde aquele homem havia me violado, minha garganta estava seca de gritar e meu rosto coberto de lágrimas, ele me deu um beijo na testa, e saiu como se nada tivesse acontecido."

A Rainha Da Beleza - A Rainha da Beleza Livro I [NÃO REVISADO]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang