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_Você obteve alguma informação? - Dean perguntou quando seu irmão entrou no carro.

_Mais ou menos... Eu não acho que seja um caso. Não tinham vibrações, mudanças de temperatura drásticas... Nunca ouviram um único som de ratos. As luzes não piscam. - informou Sam, levantando os dedos para cada fato.

_ Talvez não tenha nada a ver com a família. - Dean sugeriu - A babá, talvez?

Sam encolheu os ombros, e ficaram em silêncio por algum tempo, antes que Hope começasse a acordar.

_Cadê minha torta? - Ela perguntou, esfregando seus olhos e bocejando.

_Bom dia para você também.

_Só depois da torta.

-

_Olha... Eu sei que as vidas dessas pessoas são importantes, mas mano, por favor, cadê a comida? - Hope perguntou, suspirando dramaticamente.

Eles estavam na biblioteca, pesquisando sobre o passado da cidade e os antecedentes da família. Nada de estranho sobre eles poderia ser encontrado, e isso tornou o caso mais difícil. Havia apenas uma coisa errada sobre a família. Tudo estava certo demais. Eles eram a família perfeita e feliz, que vivia em uma casa azul com cercas brancas...

Eles estavam considerando a possibilidade de não ser um caso -- esperavam que não fosse -- quando Sam encontrou um registro sobre férias que passaram em Greenwood, uma cidade perto de Winona.

Tudo voltou para ele. Todas as lembranças de quando foram caçar lá. Lloyd's Bar, a encruzilhada perto dele. E um pequeno sorriso se formou em seus lábios quando ele se lembrou do cara que eles salvaram. Ele se perguntou como ele e sua esposa, que ele fez o pacto pra salvar, estavam passando. Ele esperava que tudo estivesse bem. Mas então algo disparou dentro dele. O casal, ainda sem filhos, estava em Greenwood há dez anos. Tudo era perfeito demais para ser real. Ele começou a colocar as peças em sua cabeça, antes de levantar-se da mesa do computador.

_Peguem suas coisas. - Ele começou. - Precisamos ir para Greenwood.

-

Horas depois, eles pararam no cenário familiar da encruzilhada. O cheiro de yarrow os atingiu como um caminhão, e a menina estremeceu com a atmosfera pesada.

Dean caminhou até o centro da encruzilhada, cavando pela caixa. Ele gesticulou para que Hope, que não se afastou do carro desde que pararam, se aproximasse. Ela viu quando ele abriu a lata preta, olhando os itens dentro. Um frasco de areia de cemitério, ossos de gato preto e não uma, mas duas fotos 3x4 de dois homens diferentes. Um deles, Dean reconheceu como o pai das crianças. O outro era familiar, mas ele não podia colocar um nome.

Hope estava congelada, os olhos arregalados e sem piscar. Os dois irmãos a olharam estranhamente, antes que eles finalmente conseguissem perceber o que estava errado. O homem, até então desconhecido, era Dominic, o pai morto de Hope.

_Eu vou voltar pro carro. - Hope avisou, suprimindo um soluço.

Ela pulou na parte de trás do Impala, segurando suas lágrimas. Ela não sabia por que a foto do seu pai estava naquela lata, mas algo estava seriamente errado sobre isso.

Sua mente voltou ao seu funeral, suas unhas arranhando o banco do carro.

Não estava chuvoso, como nos filmes. O sol brilhava, refletindo no caixão branco e facilmente aquecendo a cabeça da menina de cabelos negros e suas roupas pretas. Ela queria falar, dizer adeus, mas não conseguia. Nenhuma palavra deixou sua boca, e ela não chorou. Ele estava em paz, ou pelo menos ela esperava.

Agora, havia uma grande chance de que ele não estivesse. Ele poderia estar no Inferno, sendo torturado por Deus sabe quanto tempo, até que ele se torne o que mais odiava.

Os Winchesters voltaram para o carro, sentando nos seus assentos em silêncio.

_ Eu pensei que deveria ficar com você. - disse Dean, colocando a imagem pequena entre as mãos da jovem.

-

Dominic colocou uma foto dentro da lata, nem sequer se importando de retirar uma foto que já estava lá, e a enterrou no chão, se levantando e olhando ao redor da encruzilhada. Atrás dele, o demônio da encruzilhada estava. Ele possuía o corpo de uma mulher com cabelos negros e olhos castanhos

_Harbor, que surpresa... - O demônio zombou, e seus olhos ficaram vermelhos por alguns segundos, antes de voltarem ao normal.

_Eu não tô aqui de brincadeira. Eu quero fazer um acordo. - Dominic esclareceu.

_Hm, interessante... E qual seria esse acordo? Quer trazer sua pequena Amy de volta, depois de todo esse tempo? - O demônio começou, mas Dominic não era estúpido o suficiente para fazer isso.

_Eu não sou idiota. Eu sei que ela não seria a mesma garotinha que eu enterrei. - Dominic havia pesquisado sobre isso na época da morte de Amy, e sabia das consequências.

O demônio revirou os olhos, achando que aquilo havia cortado toda sua diversão.

_Eu quero que vocês deixem a Hope em paz. Que parem de tentar machucá-la. - Dominic revelou seu desejo, e o demônio riu de forma fria.

_Eu não tenho autoridade o suficiente para fazer os demônios pararem de ir atrás de um humano comum, quanto mais de uma aberração como ela. - o demônio zombou, rindo.

_Então proteja ela.

_Eu não posso protegê-la de tantos demônios, mas eu conheço alguém que pode... O Diabo. - O demônio andava ao redor de Dominic, que mantinha sua postura séria e sem emoção, mesmo que estivesse desabando por dentro.

_Onde eu o encontro? - Dominic sabia que se ele fizesse o pacto podia nunca mais ver a sua família, dependendo do prazo que o demônio lhe desse, mas ele não se importava. Sua filha estaria segura, protegida por um dos seres mais poderosos na existência.

_Já estou aqui. - Lúcifer disse, aparecendo atrás dele. - Quem é Hope?

_Uma Nefilim. - O demônio respondeu.

_Então, você está me dizendo que um dos meus irmãos andou quebrando as regras do Céu? - O demônio assentiu, deixando sua cabeça baixa um sinal de respeito ao seu deus. O Diabo riu. - E o que você quer?

_Proteção. A Hope precisa de proteção. - Dominic começou. - Estão atrás dela.

_Quem? - Lúcifer perguntou, curioso.

_Anjos, demônios, cães do Inferno... E a lista segue. - Dominic respondeu, fazendo o anjo caído pensar.

Ela não escolheu nascer, não escolheu ser uma Nefilim. Tudo isso foi causado pela imprudência de seus pais que, mesmo sabendo o que aconteceria com sua filha, quebraram as leis do Céu. Eles conceberam uma Nefilim e a deixaram sozinha, tendo de viver entre seres impuros, que matavam uns aos outros, e tendo sua vida destruída por criaturas que não reconheciam sua pureza. Ele não entendia como um anjo poderia amar a humanidade, se curvar perante ela e protegê-la, mas perseguir e matar um dos seus, apenas porquê Deus disse que sua existência era proibida, profana.

_Eu só posso protegê-la se permanecer ao seu lado, mas eu estou em guerra. Estamos no meio do apocalipse, muitos anjos estão vindo atrás de mim. As coisas só piorariam para ela, principalmente quando chegasse o dia da batalha final. Duvido que meu irmão, o anjo que me expulsou do Céu e me trancou na jaula por causa das ordens de Deus, deixe um Nefilim passar. - Lúcifer começou.

_Então não pode protegê-la? - Dominic concluiu.

_Não. Mas eu conheço alguém, de minha total confiança, que pode ajudar. - Lúcifer respondeu.

_Então o envie.

UnholyWo Geschichten leben. Entdecke jetzt