COMO O CONHECI

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Eu me chamo Ana Lucia, era uma jovem de 20 anos começando a faculdade de medicina, estava no meu primeiro semestre e era tudo muito novo para mim, pois tinha saido de uma cidade no interior para morar na maior cidade do país... São Paulo.
Eu percebi uma coisa que me deixou um pouco indignada; as pessoas não se falavam, tinham seus grupos, estavam sempre com um fone no ouvido ou lendo algo totalmente desligados de tudo. eu era acostumada na escola onde eu estudava a chegar e todo mundo se cumprimentar, contar histórias, falar de como foi o dia, interagir entre si; mas então logo me adaptei naquele jeito de viver.
Alguns dias depois, já havia passado o tempo de todo mundo se conhecer, tinha muita gente bonita, aparentemente inteligentes, legais, mas ninguém conversava com ninguém; o único momento que eu falava com alguém era quando meu amigo Gabriel me ligava, eu já conhecia ele há mais de 14 anos, ele sabia tudo de mim, sabia como eu estava me sentindo só pela forma que eu atendia o telefone, só nunca percebeu que eu era apaixonada por ele.

Eu já estava acostumada a sempre fazer as mesmas coisas; Acordar, limpar o apartamento, almoçar, ir para a faculdade, passar o dia lá e voltar só a noite. Eu nem percebia mais o que acontecia a minha volta, tinha me tornado uma deles rsrs.
Mas um dia, quando fui imprimir alguns papéis com alguns assuntos que eu teria que estudar, um homem me chamou muita atenção ao me dar um Boa tarde animado, de um jeito que eu ainda não tinha ouvido naquela cidade, então tirei meu fone e dei boa tarde para ele também, quando olhei pra ele eu senti uma coisa tão boa, ele era lindo, tinha uma boca linda, bem desenhada, barba, cabelo bem arrumado, o olhar marcante, o perfume dele era uma delícia, amadeirado bem suave, dava vontade de chegar mais perto dele, sentir mais o cheiro. pedi pra ele imprimir os papéis para mim mas ele disse que só ia demorar um pouco porque um outro aluno tinha ido um pouco antes lá e pediu para fazer copia de 3 livros. Ele perguntou se eu queria me sentar, se aceitava uma água, eu fui me sentar e aceitei a água, mas não tinha copo, foi quando ele me chamou e pediu para pegar porque ele não ia conseguir alcançar, eu ri e achei que ele estava de brincadeira, já achei que ele ia começar com cantadas baratas, que era daqueles que atiram pra todo lado; mas eu me surpreendi e eu não soube onde enfiar a cara quando ele saiu de trás da mesa para abrir a portinha pra mim; ele era cadeirante. eu fiquei mal comigo mesma por ter imaginado que ele era um folgado ou um daqueles que dão em cima de todas com qualquer conversinha.
Peguei o copo e me sentei de novo, enquanto eu estava lá esperando bebendo a água, eu fiquei observando ele, ele tinha um brilho, parecia que todo mundo conhecia ele, ele era simpático com todo mundo, estava sorrindo o tempo todo, fazendo os outros sorrir também, todo mundo parecia amar ele, ele era realmente encantador e eu não conseguia entender porque todo mundo conhecia ele e só eu que não, já que quase todo dia eu estava ali.

Nesse tempo teve até algumas mulheres que iam lá, falavam com ele, tentavam dar em cima mas ele era totalmente na dele, era simpático e ao mesmo tempo extremamente sério, profissional. também notei que ele tinha uma aliança na mão, então logo percebi o motivo dele não dar moral para nenhuma, entao continuei ali observando ele. ele tinha várias tatuagens visíveis, eu era louca para fazer uma mas faltava coragem, fiquei tentando imaginar os significados. Enquanto eu estava ali viajando no meu mundo, escuto um "Ei moça da água", era ele me chamando com os papéis que eu precisava já prontos. Paguei os papeis e perguntei:
- Moça Da água? Rsrs
Ele sorrindo - Desculpa moça da água! Como posso te chamar?

Eu - Ana... Ana Lúcia!

Ele - Pronto Ana, tudo prontinho!

Eu - Eu gostei do "moça da água", quando não tiver ninguém pode me chamar assim. E como devo chamar você moço da impressão?.

(Ele pediu para eu me abaixar e sussurrou no meu ouvido -"Não posso falar a verdade ainda, outro dia te conto. Pode me chamar de moço da impressão por enquanto".) deu um sorriso lindo, pegou minha mão e deu um beijo.

Eu sai de lá completamente boba, achando ele um louco rsrs, mas o resto do dia foi pensando nele.
Quando eu estava saindo da faculdade eu vi ele de longe, caminhando, rodando, dirigindo rsrs não sei como dizer, mas ele estava sozinho. pensei em ir falar com ele e perguntar se ele precisava de ajuda pra alguma coisa, mas ele parou perto de umas árvores, começou a fumar; ali foi um ponto perdido, pois não gosto de homens que fumam, odeio cheiro de cigarro. Continuei lendo e olhando ele de longe, pouco tempo depois ele começa a vir na minha direção, mas ele não estava me vendo, ele ia passar por mim e então decidi levantar e ir falar com ele, cheguei por trás dele e falei:

Eu - Oi moço da impressão, você não deveria fumar

Ele - Olha só, a moça da água está me vigiando rs.

Eu - Eu estava ali lendo e te vi de longe, parecendo uma chaminé rs.

Ele - Que exagero rsrs. Mas então você não gosta de homens que fumam?

Eu - O cheiro me incomoda, odeio o cheiro.

Ele - Desculpa moça rsrs. Mas então, vai fazer o que agora?

Eu - Vou pra casa, aproveitar o final de semana que segunda volta tudo de novo. E você vai fazer o quê?

Ele - Vou numa praça aqui perto ficar olhando um pouco o movimento, pensar na vida, gosto de lá, quer ir? Prometo não fumar mais nenhum cigarro.
(Eu já estava cansada, mas vi ali uma oportunidade de saber mais um pouco sobre ele, matar algumas curiosidades)

Eu - Se você não fumar mais eu vou sim!

Ele - Então vamos lá professora do Proerd rsrs.

Passamos a noite falando de tudo, sobre tudo, deitamos na grama e ficamos olhando o céu cinza. Ele me deu uma paz, fez eu me sentir tão bem, parecia que eu já conhecia ele há anos, mas ao mesmo tempo eu não conhecia nada. pois na conversa ele sempre fugia das perguntas pessoais, não falava muito da vida dele, sempre mudava de assunto, mas ainda assim ele estava sendo uma ótima companhia. Fomos nos dar conta do horário quando ele levantou querendo ir ao banheiro, já era quase meia noite. andamos por alguns bares e lojas pela redondeza e não tinha banheiro que desse pra ele usar e pra ele chegar na casa dele era no mínimo 2hrs de viagem. nesse momento esqueci completamente o que meus pais disseram de não levar ninguém para o apartamento, que as pessoas aqui eram malandras etc. Chamei ele para ir para meu apartamento, era ali perto mesmo, depois ele ia embora. Ele aceitou, fomos indo e eu tentava ajudar ele passar pelos buracos, descer meio fio, atravessar rua, eu não sabia nada de como ajudar, quando ia ver ele já estava fazendo sozinho, era tanta agilidade, independência, ele conversando normal como se nem estivesse passando por tantos obstáculos. Ver aquilo tirou toda imagem que eu ainda tinha de que um cadeirante era um coitado.

(Não se esqueçam de avaliar e me seguir no perfil para não perder nenhum capitulo. Boa leitura para vocês)
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Uma Cadeira De Rodas, Mil E Um Desejos.Where stories live. Discover now