Capítulo 5 - Pequenos avanços

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Leonardo

A semana passou voando. Meu pai resolveu se comportar um pouco e não bebeu demais nos dias de semana. Em compensação chegava do trabalho como metalúrgico e ficava travado na frente da TV, bebendo sua cervejinha. Todos os dias eu tinha que preparar o jantar pra nós dois e fazer todo o resto em casa.

Já era sexta-feira, e eu estava colocando nossas roupas na lavadora, quando recebo uma mensagem da Rafa:

Você vai hoje, né?

Merda. Eu não queria ir naquela festa idiota, mas havia prometido que iria.

Infelizmente sim. Promessa é dívida.

Minha mãe disse que pode nos levar, te busco às 20h, pode ser?

Eu ainda tinha que lavar o banheiro e deixar algo pronto para o meu pai comer, se não ele ficava bem puto.

Pode deixar que vou depois, ainda tenho que fazer umas coisas aqui.

Está me enrolando pra não ir, Leonardo Torres?????

Longe de mim... rsrs. É sério. Preciso resolver umas coisas aqui.

Ok, te encontro lá então.

Blz!


*****

Estava terminando de fazer as coisas de casa, só faltava fazer a comida e tomar banho, quando meu pai chega do serviço, bêbado e começa a gritar comigo:

— Seu filho da puta, vagabundo, vai ter que arrumar um emprego.

— O que aconteceu, pai?

— Fui demitido — esbravejou, batendo a porta da casa.

— Mas é claro, você bebeu no trabalho, não é? — respondi, com raiva.

— Que se dane, eu detestava aquele lugar. Agora você se vira pra arrumar o que comer, eu não vou mais sustentar você, seu merdinha — grita, chutando uma cadeira e abrindo a geladeira para pegar uma cerveja.

— Cala a porra da boca, não aguento mais você falar isso de mim. Não foi minha culpa, pai!

Ele para de repente e me olha, sério.

— Do que está falando? — pergunta e volta a beber sua cerveja.

— Isso mesmo que está pensando, velho. Não fui eu que a matei — tento controlar as lágrimas. — Só fui a merda da pessoa que a encontrou caída no chão e liguei pra emergência, mas já era tarde. Então vê se para de me olhar como se eu fosse a porra do culpado por isso.

— Eu não... — começa a falar, mas o interrompo.

— Não me interessa. Eu cansei. Vou arrumar a merda de um emprego, sim, mas pra ir embora dessa casa. E se você quiser o meu dinheiro pra comprar sua cervejinha ou sua pinga, esquece. Se eu for trabalhar pra gente comprar o que comer meu dinheiro não vai comprar nenhuma merda de álcool.

Meu pai joga a garrafa na minha direção e por pouco consigo desviar. O vidro se estilhaça na parede atrás de mim, e meu ódio aumenta.

— Eu arrumo um emprego pra comprar minha pinga seu mer... — ele se cala no meio da frase, e avanço em direção a ele, agarrando-o pelo pescoço.

— Pare de me chamar assim. — exijo, falando com a voz grave e bem devagar, em tom de ameaça — Chega. Você vai limpar a porra do vidro que quebrou, fazer sua própria comida e depois lavar a louça que sujar. Cansei de ser seu saco de pancada e seu escravo.

A cara dele é de choque e medo. Largo sua camisa, saindo em direção ao banheiro. Estou superatrasado para a festa, Rafa deve estar me xingando a essa hora ou me ligando sem parar.

Pego o celular e vejo quatro chamadas dela e mais quatro mensagens:

Cadê vc?

Vai demorar?

Preciso de vc aqui comigo.

VC PROMETEU, LÉO.

Tomo banho e visto minha jaqueta de couro, uma calça jeans rasgada e uma touca meio frouxa cinza escuro. Passo meu perfume preferido, enfio o maço de cigarro no bolso e pego as chaves do carro do meu pai. Legalmente eu não deveria dirigir, pois ainda não tenho habilitação. Mas meu pai me ensinou, porque sempre precisava fazer favores e até as compras de casa, então eu precisava do carro.

Ele me lança um olhar atravessado quando pego as chaves, mas não fala nada. Deve estar se sentindo mal pelo que falei sobre me culpar pela morte da minha mãe. Vejo que ele realmente limpou a bagunça e está comendo um macarrão instantâneo.

Pelo menos um progresso nesse dia de merda.


Meu melhor amigo bad boy - [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora