Stefani Pinheiro Paludo

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A história nem sempre é feita pelos grandes estadistas

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A história nem sempre é feita pelos grandes estadistas. Em momento de grande participação popular, podemos ver que nós, os pequenos, de alguma forma sombria ou gloriosa podemos alterar o rumo dos acontecimentos. O ataque aéreo japonês à base naval americana de Pearl Harbour é um desses casos como fica claro no conto "Duas Vidas, Uma Guerra", da autora Stefani Paludo (StefaniPPaludo). A obra ficou em 2º lugar no Concurso Segunda Guerra Mundial, do perfil FiccaoHistoricaBR.

Além de seu conto vencedor, a gaúcha de 20 anos também escreveu, dentre outras coisas, a distopia "A missão"; o romance "Faz de Conta" e os contos "Essa terra tem dono, zumbis!" e "A deusa da promessa".Ao observar suas obras postadas no Wattpad, fica clara a versatilidade temática da autora, que se reflete também em sua leitura que passou desde de clássicos como "O tempo e o vento", de Érico Veríssimo até a distopia de "O conto da Aia", de Margaret Atwood.

Está no Wattpad há quase três anos e revela que teve suas idas e vindas na plataforma. "Ao contrário da maioria das pessoas, não conheci o Wattpad e depois escrevi uma história pra postar aqui. Na verdade, eu tinha uma história já finalizada e fui procurar algum lugar para publicá-la. Então, descobri o site e publiquei toda a história de uma vez. Depois deixei ela lá, só aguardando virar um sucesso e eu ser encontrada por uma editora e contratada. Obviamente isso não aconteceu. Algum tempo depois, eu voltei pra plataforma, retirei a publicação de boa parte do livro e fui publicando aos poucos, pegando o jeito com os leitores e como as coisas funcionavam", revela.


Quando você começou a escrever?

Desde o início da minha adolescência. Mas eu não comecei com ficção como a maioria das pessoas, nem mesmo com fanfic (apesar de ter tentado escrever um tempinho depois). Comecei escrevendo em blogs, principalmente blogs femininos e de moda. Mais tarde, criei uma página no Facebook sobre o mesmo assunto e tive a ideia de escrever uma novela para essa página. Foram ao todo três novelas que fizeram sucesso entre as curtidoras e que me motivaram a escrever cada vez mais.


Qual foi sua primeira obra publicada no Wattpad?

Foi A Missão, mas não a versão que tenho agora. Foi uma anterior, bem diferente dessa.


Em quais autores(as) você se inspira para escrever? Poderia indicar obras deles(as)?

A minha maior inspiração e acho que de boa parte dos escritores dessa nova geração é a J. K. Rowling. Ela tem uma história de vida e uma história de ficção incríveis! Ela mostra que todos somos capazes e não devemos desistir e sim acreditar nos nossos sonhos. Além dela, gosto muito do Érico Veríssimo e da maneira como ele insere fatos históricos, conhecimentos, reflexões, personagens verdadeiros e boas tramas em uma mesma obra. Da Richelle Mead admiro os personagens cativantes e a sua capacidade em criar diálogos arrasadores. E tem ainda a minha fascinação pelos contos do Stephen King e por toda as histórias do Sherlock Holmes.


"Duas vidas, uma guerra" foi sua primeira incursão no mundo da ficção histórica? Como foi desenvolver algo do gênero?

Eu já tinha me aventurado em um outro conto para outro concurso do Ficção Histórica BR, mas os dois contos foram experiências bem diferentes. No anterior, eu precisei fazer muito mais pesquisas e esse era um assunto que eu já tinha bastante conhecimento prévio. A Segunda Guerra sempre me impressionou demais e eu sabia de muita coisa, só precisava pesquisar alguns detalhes, organizar as ideias e pensar em um tema. E foi nessas pesquisas que surgiu o documentário em qual me inspirei. Assisti ele duas ou três vezes, anotando vários detalhes e até mesmo a fala dos personagens. Mas saber que tudo aquilo foi real, que as pessoas do documentário e posteriormente do meu conto existiram de verdade foi algo tocante e ao mesmo tempo assustador. É difícil entender que não é apenas ficção.


Quais suas técnicas na hora de desenvolver uma narrativa com pano de fundo histórico?

Em ambas as vezes eu comecei pesquisando mais sobre o tema e fazendo anotações de forma geral. Pouco a pouco, eu ia filtrando o assunto que gostaria de abordar no conto e pesquisando mais sobre ele especificamente. E somente após terminada as pesquisas começava a desenvolver a narrativa em si. No caso de "Duas Vidas e Uma Guerra" fiz um roteiro também com os principais acontecimentos e a troca de ponto de vista entre os dois personagens, assim ficava mais fácil e não corria riscos de me perder.


Qual seu maior desafio na hora de escrever?

No geral, eu tenho muita dificuldade com as descrições e tenho muita facilidade com os diálogos. No conto "Duas Vidas e Uma Guerra" havia muito pouco diálogo e muito mais ação e descrição e precisei me ater bastante a isso. Era um conto relativamente pequeno (ele não tem mais que 3 mil palavras), mas eu demorei dias para concluí-lo justamente por isso. Não conseguia me sentir satisfeita e escrevia muito pouco cada vez. Mesmo tendo o documentário para me basear e sem precisar de muitas pesquisas durante a escrita, precisava de muito tempo para escrever cada cena.


Na maioria das representações sobre ataque japonês a base militar americana de Pearl Harbour, o ponto de vista dominante é o americano. Como foi trabalhar o ponto de vista japonês no seu conto?

Os dois lados precisam ser retratados, né? Não gosto dessa visão única. Nesse caso normalmente os japoneses são vistos como os vilões, mas eles são pessoas como todas as outras. Pessoas que seguiam ordens e que cometeram diversos erros, principalmente nesse ataque. O Japão, de forma geral, é um país não muito conhecido, pelo menos não tanto quanto os Estados Unidos e era necessário mostrá-los também. Eles também faziam parte da guerra, eles também tiveram decisões importantes, tanto quanto a própria Alemanha. O ataque à Pearl Harbor tá aí pra provar. E foi preciso mostrar isso. Mostrar um país esquecido, um país importante e mostrar que eles também tinham soldados, que esses soldados também não ficaram satisfeitos com o que ocorreu e que mais tarde os japoneses pagaram caro por esse ataque (bombas nucleares em Hiroshima e Nagasaki).


Quais ficções históricas você recomenda para os leitores?

Todos os setes livros da trilogia "O tempo e o Vento" do Érico Veríssimo! A história é simplesmente perfeita e conta a história do Brasil e do Rio Grande do Sul desde a época das Missões Jesuíticas até o Estado Novo do Getúlio Vargas. Outra ficção histórica maravilhosa que também foca no Rio Grande do Sul é "A Casa das Sete Mulheres" da Letícia Wierzchowski, que aborda principalmente a Revolução Farroupilha e a família do Bento Gonçalves. Do Wattpad a única ficção história que li até hoje (que vergonha!) é Dias Vermelhos da Érika Batista e também recomendo bastante.

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⏰ Last updated: Oct 27, 2017 ⏰

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