Julian Sousa

43 10 1
                                    


Com três contos publicados no Wattpad, o rondoniense Julian Sousa da Silva  (@juliandesousa) fecha o ciclo de entrevistas com os ganhadores do concurso Brasil Imperial do @FiccaoHistoricaBR

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Com três contos publicados no Wattpad, o rondoniense Julian Sousa da Silva (@juliandesousa) fecha o ciclo de entrevistas com os ganhadores do concurso Brasil Imperial do @FiccaoHistoricaBR. Seu conto "O último baile" levou o terceiro lugar na premiação. A narrativa revisita o Baile da Ilha Fiscal (9 de novembro de 1889), considerado o último suspiro de esplendor da monarquia brasileira antes de sua queda em 15 de novembro de 1889.

Formando em Processos Gerenciais, que, segundo ele, é um "apelido fofo" para Administração, o autor quer cursar uma faculdade mais próxima das palavras: Jornalismo. Apesar de ter nascido em Rondônia, atualmente vive em Campo Novo do Parecis, cidade no estado do Mato Grosso.

Calouro no Wattpad, o autor se juntou à plataforma em 2016. Para ele, é um "rede social bastante apropriada para mim, que já escrevia há tempos e não sabia onde publicar". Define-se como um leitor de textos difíceis. "Gosto mesmo, sem medo de ser feliz!", afirma.

Na sua lista de favoritos figuram "Gabriela, Cravo e Canela", de Jorge Amado; "Negrinha", de Monteiro Lobato e "O primo Basílio", de Eça de Queiroz. "Mas essa lista tende a mudar conforme se apuram os gostos", explica.


Quando você começou a escrever?

Se eu não estiver errado isso se deu lá por 2009, 2010, nem sei ao certo. Eu escrevia minhas ilusões absurdas num caderno improvisado com as folhas limpas que restavam no fim do ano letivo. Mas lembro-me que em 2012, quando ganhei o meu computador, abandonei logo os papéis. A minha primeira história, portanto, "oficial", digitada e com cara de "séria", foi um faroeste ― novidade...


Qual foi sua primeira obra publicada no Wattpad?

Foi um romance chamado "Sangue na Piscina", que, por sinal, não concluí e retirei dois meses depois. O mesmo sucedeu recentemente com "Abilene", o meu segundo projeto frustrado para romance. Pelo visto, isso não é mesmo a minha praia.


Em quais autores(as) você se inspira para escrever? Poderia indicar obras deles(as)?

Isso é engraçado, pois depende do que estou lendo: eu, mais que leitor, mais que espectador dos capítulos da estória, eu absorvo as palavras do texto e inevitavelmente as emprego nos meus. Nesses últimos meses, como eu tenho lido apenas literaturas clássicas de língua portuguesa (Eça de Queirós, Jorge Amado, José de Alencar, Monteiro Lobato), meus últimos escritos têm ganhado essa carranca culta e pouco convidativa para os novos leitores, uma pena. Sobre, portanto, uma inspiração direta, eu daria o exemplo de "A Escrava Isaura": para escrever "O Último Baile" e li primeiro este romance de [Bernardo] Guimarães, só para saber me ambientar na época! Deixo como indicação estes nomes de peso que fiz menção!


"O último baile" foi sua primeira incursão no mundo da ficção histórica? Como foi desenvolver algo do gênero?

Não. Antes de "O Último Baile", em 2011, eu já tentara escrever ― pasmem! ― um faroeste passado no Brasil! No Brasil!!! Mais precisamente, no Rio Grande do Sul! Depois desse, vieram outras histórias (também sem resolução) de gêneros históricos símiles. Sempre foi a minha paixão, a minha verve, no ler e no escrever. Sobre o desenvolvimento do "Último Baile", isto foi mesmo um sufoco, um suadouro. A Ficção Histórica, como se sabe, não admite os abusos da Fantasia; e trabalhar com a verdade é sempre mais limitado, pois devemos nos manter fidedignos à cronologia! Agora, pensem só em quantos parágrafos deste conto eu tive de excluir com o coração sangrando de dó...


Quais foram suas técnicas na hora de desenvolver essa narrativa com pano de fundo histórico?

Primeiramente, a pesquisa. Não há Ficção Histórica sem pesquisa! Eu, por exemplo, já havia cometido esse delito antes, com "Niger", e o resultado foi o texto mais torpe que eu já escrevi! Enfim, quando vi a atualização do segundo concurso de vocês fiquei animadíssimo para entrar na roda; faltava-me justo a ideia, a criação para trabalhar. Pensem então que olhei para a minha coleção de livros (assim, como quem não quer nada) e vi a lombada do romance de [Josué] Montello, "O Baile da Despedida". Sabe a lampadazinha da ideia que acende sobre a cabeça inspirada? Foi isso! Mas não pensem que daí adiante foi um estalar de dedos.


Qual seu maior desafio na hora de escrever?

O início! Precisamente a primeira frase! Eu sou um chatonildo para com a estética, prezo muito esses níveis! Então, enquanto eu não escrevo a primeira frase, todo o roteiro fica à espera. Beira o estúpido isso, mas é assim. Depois, diria ainda que manter o padrão da escrita por todo o texto é também um desafio. No fim das contas, penso que conforme vai passando o tempo, nós vamos evoluindo, aprendendo, descobrindo vários autores e tomando para nós as suas influências, e com isso a nossa escrita vai naturalmente melhorando com esses processos. Assim, peso com atenção as minhas evoluções para que o meu texto final não aparente ter sido escrito por duas pessoas diferentes.


Dentre todos os eventos do período imperial da história do Brasil, por que você escolheu o Baile da Ilha Fiscal como cenário para tema do seu conto?

"O Baile da Despedida". Lindíssimo romance, como já mencionei. Só escrevi "O Último Baile" porque havia lido este outro primeiro, do mestre Josué Montello. Senão, duvido que seria o baile da Ilha Fiscal o meu tema.


Ao longo da sua pesquisa e elaboração do conto, qual foi sua maior surpresa?

A Guarda Negra! Juro! Não sabia da existência de um movimento antirrepublicano tão ferrenho na nossa História! O segundo capítulo do conto ― aliás, o meu favorito ― chegou a ter o roteiro e cada linha reescritos para incluir a passagem da Guarda Negra, o que, eu suponho, deu mais riqueza e realidade ao conto e à época em que se ambienta.


Quais ficções históricas você recomenda para os leitores?

Antes de tudo, para o leitor que nos lê por aqui, eu recomendo as literaturas de língua portuguesa! Estas primeiro, depois as demais! E por começo, "O Guarani", do mestre [José de] Alencar. "O Guarani", pois exalta as nossas origens mais verdadeiras! Deste parte-se para as literaturas ambas, do Brasil e de Portugal, com mais afinco. Depois as demais, que são muitas e encantadoras! Sobre escritor estrangeiro, tem um que conheci há pouco e muito me entusiasma com seus textos: o britânico Bernard Cornwell! Apesar de eu não gostar nem um pouco de literatura traduzida, pois logo se perde muito do lirismo e valor de obra de arte escrita na tradução (pobretona) para o nosso português, eu o recomendo sempre a quem o quiser conhecer. Dele já li o romance "Condenado à Forca", que me levou a querer ler o "Waterloo", obra também sua de não-ficção. Quem já o conhece fala sempre muito bem do seu "As Crônicas do Rei Arthur". Pesem as sugestões e ótimo dia a todas(os)!

EntrevistasWhere stories live. Discover now