Yasmin M. Dias

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"Etérea ao luar" chama atenção por sua temática: é um conto de ficção histórica que traz elementos da doutrina espírita em seus primeiros passos no Brasil, ainda no século XIX

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"Etérea ao luar" chama atenção por sua temática: é um conto de ficção histórica que traz elementos da doutrina espírita em seus primeiros passos no Brasil, ainda no século XIX. Não a toa, a narrativa da autora carioca Yasmin M. Dias (@YasminMDias) ficou em segundo lugar no concurso Brasil Imperial do @FiccaoHistoricaBR.

Autora de sete obras publicadas no Wattpad, Yasmin usa em seu nome a letra "M" em homenagem a uma famosa personagem da cultura celta: Morgana Le Fay (ou Fada Morgana). Ela é bacharel em Educação Física, tendo escolhido a profissão porque pratica artes marciais desde os sete anos.

Entre nove e dez anos, Yasmin inicia sua vida entre as letras. Entrou no Wattpad em meados de 2014, porque queria conhecer algo além do Nyah e Social Spirit, onde obras originais fossem o foco. Para ser bem sincera, odiei a plataforma no início. Uma das primeiras histórias originais que escrevi, com uns nove/dez anos, foi um romance entre Santos Dumont e Amelia Earhart. Não faço a mínima ideia de onde tirei isso, mas fica bem claro que curtia uns ships 'diferenciados' desde pequena", conta.

Como muitos de sua geração, a carioca tem a obra de JK Rowling como livro favorito. Segundo ela com "Harry Potter e a Pedra Filosofal" a fez mergulhar no mundo da leitura.

Entrou no Wattpad em meados de 2014 porque queria conhecer algo além do Nyah e Social Spirit, um lugar no qual obras originais fossem o foco. "Para ser bem sincera, odiei a plataforma no início", revela. 



Quando você começou a escrever?
Essa é uma dúvida que tenho até hoje, porque não consigo lembrar com exatidão quando foi. Lembro que achava graça em poemas e letras de música na infância, então escrevia uma coisa ou outra. Ser escritora parecia algo muito distante da minha realidade. Só comecei a levar mais a "sério" aos catorze anos, quando conheci as fanfics e escrevi a primeira; um crossover de Harry Potter com As Brumas de Avalon que nunca cheguei a postar.


Qual foi sua primeira obra publicada no Wattpad?
"A Deusa e o Alquimista" que, por coincidência ou não, é uma fantasia histórica. Eu a ambientei na Florença do século XV e na Grécia do XVI. Acabei colocando como rascunho, pouco depois de postada para revisar não só a ortografia, mas também os fatos históricos que utilizo como base. Estou enrolando até hoje. Um dia ela volta. (risos)


Em quais autores(as) você se inspira para escrever? Poderia indicar obras deles(as)?
Caramba, qual o limite de caracteres para essa resposta? Me sinto no dever de começar com o mestre Edgar Allan Poe, porque amo esse homem! Indicar só uma obra é complicado, mas acredito que começar com os poemas ("O Corvo", por exemplo) é uma boa antes de partir para os contos ("Ligéia" é o meu preferido). Indicar uma obra da JK Rowling chega a ser engraçado, só que como ainda tem gente que nunca leu Harry Potter (fico espantada até hoje com isso), por favor, leia. Também faço questão de falar da Mary Shelley, com o clássico "Frankenstein", e Anne Rice com "A Hora das Bruxas" (embora tenha ficado muito conhecida graças às Crônicas Vampirescas).


"Etérea ao luar" foi sua primeira incursão no mundo da ficção histórica? Como foi desenvolver algo do gênero?
Se não me engano, é a quarta história. Gosto muito do gênero, mas fico cheia de receio em escrever por medo de cometer algum erro histórico grave, então me restrinjo aos contos uma vez ou outra. Escrever "Etérea ao Luar" foi um passo muito importante para deixar um pouco dessa aflição boba de lado e começar a investir nesse gênero. A pesquisa foi um pouco apressada, pois deixei para escrever no último dia, mas já tinha conhecimento de alguns dos temas tratados. Ainda assim escrevi com o tio Google aberto, além do livro "Do Outro Lado: A História do Sobrenatural e do Espiritismo", da Mary Del Priore, no tablet.


Quais foram suas técnicas na hora de desenvolver essa narrativa com pano de fundo histórico?
Minha técnica foi "o prazo está acabando e você não começou nem o primeiro parágrafo" (risos). Além do desespero, na "fórmula do sucesso", a pesquisa foi essencial. Pesquisa redobrada, na verdade, pois pesquisar é fundamental em qualquer história não importando em qual época será ambientada. Mesmo dando aquela olhadinha na Wikipédia (e nas fontes listadas no fim da página), prefiro me valer dos artigos científicos. Google Acadêmico e SciELO (não é a maquininha, gente) são imprescindíveis. Depois de toda a pesquisa, preciso decidir o clímax do conto, levando bastante em conta o que Poe disse em "A Filosofia da Composição". Não precisa ser algo fechado, mas redondo o suficiente para que as ações dos personagens levem de maneira verossímil ao desfecho.


Qual seu maior desafio na hora de escrever?
Infelizmente não tem como ficar a par de tudo da época escolhida, só voltando no tempo mesmo. Lidar com esse medo de cometer um erro histórico é difícil demais, pois pode gerar um furo grande no enredo e uma dor de cabeça tremenda na hora de consertar. Isso cria um bloqueio enorme em mim, que já me imagino caminhando nua por Porto Real, que nem a Cersei Lannister, enquanto um dos leitores, que notou o anacronismo, fica balançando uma sineta e gritando "Shame!"


Como foi a pesquisa para trabalhar elementos da doutrina espírita – que dava seus primeiros passos no Brasil?
A doutrina espírita sempre despertou a minha curiosidade, então falar sobre ela em uma história foi um prazer muito grande. Além do livro da Mary Del Priore, que fala de onde e como surgiu, também busquei algumas coisas nas obras de Kardec ("O Evangelho Segundo o Espiritismo"/"O Livro dos Espíritos") e assisti ao filme "Bezerra de Menezes: O Diário de um Espírito", estrelado pelo Carlos Vereza (que é espírita), mas precisei ser sucinta nas explicações por causa do prazo. É complicado achar informações confiáveis na internet, então acabei recorrendo a alguns blogs voltados ao espiritismo. E acima de tudo isso, me preocupei em respeitar a crença.


A história de seu conto é baseada em algum fato real ou contou com o trabalho solitário da sua imaginação?
A questão da menina enterrada viva pouco antes do casamento é uma lenda de Paraty, se passando no século XIX inclusive. A partir dela fui moldando a minha história com a família da jovem e a minha querida Maeve Brás, que já existia graças a um enredo que ainda não desenvolvi. Como já tinha visitado o município, durante a FLIP, foi mais tranquilo na hora das descrições, já que o lugar preserva muitos detalhes do Brasil colônia. O plano de fundo da Maeve não veio de um caso em particular, mas um pouquinho de cada mulher que sofreu pelo simples fato de ter nascido.


Quais ficções históricas você recomenda para os leitores?
Ignorando a minha lista quilométrica, recomendo o "Ciclo de Avalon", da Marion Zimmer Bradley (os mais conhecidos são As Brumas de Avalon, mas há vários), "A Filha da Herege", da Kathleen Kent, "Encarnação", de José de Alencar, "Jane Eyre", da Charlotte Brontë, "Pássaros Feridos", da Colleen McCullough, "A Viajante do Tempo", da Diana Gabaldon, e por último (mas não menos importante) "Entre Vidas", da autora brasileira Juliana Leite.

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