16 - A terrível sombra

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- Mas alguém deve ficar aqui na porta, de guarda. Não é?

- Sim. Você fica?

- Claro. Vou avisar para as outras!

Ana voltou alguns minutos depois e notou que a ideia de ir ao banheiro era apenas um blefe de Miriam. A bacia estava vazia.

- Não queria ir ao banheiro? – perguntou Ela, enquanto Miriam ainda sorria de forma maléfica.

- Perdi a vontade. Não vou fazer xixi numa bacia!

- Azar o seu.

- Cansei de brincar! Eu quero o zae, e você vai me levar até ele! – ao dizer isso, aconteceu algo que Anabel não esperava: Miriam se soltou das cordas sem fazer força alguma, como se todo o tempo estivesse apenas fingindo estar amarrada. A menina assumiu sua verdadeira forma, transformando-se da cabeça aos pés em uma sombra esverdeada esquisita. A única coisa que permaneceu em seu corpo foi o medalhão, que Anabel pôde ver mais claramente agora.

- Está contente?

Anabel perdeu a fala.

- Vamos, garota ridícula, fale alguma coisa! Não gosta da minha aparência verdadeira?

- Você não é uma menina!

- Não interessa!

A sombra flutuou rapidamente em direção a uma Anabel paralisada, arrancando-lhe o pórtico e atirando-o no chão. Ana nem teve tempo de gritar quando o espectro agarrou seu pescoço com o que pareciam ser suas mãos, apesar de ela não ver dedos, e então falou com sua verdadeira voz, que de infantil não tinha nada:

- Vamos chefinha, vamos dar um passeio! Vai me dizer onde está, por bem ou por mal! Conhecerá alguém que pode ler sua mentezinha tão confusa!

Era o fim. Julia não conseguia ouvir o que acontecia lá dentro, Ana não tinha voz para gritar e as outras ainda estavam pela casa procurando algum sinal deixado por Teles. O terrível espectro arrastou Anabel na direção do pórtico. Ela já estava quase desmaiando quando ouviu um barulho e uma voz conhecida, no momento em que a sombra tocou o pórtico:

- Solte-a imediatamente!

Ana reconheceu aquela voz, e logo o associou às sardas de Elias. Ele segurava uma esfera verde e brilhante, do tamanho de uma bola de tênis. Ao vê-lo com aquilo nas mãos, o espectro soltou um grito agudo. O objeto se incendiou sozinho e o menino atirou-o com toda força na criatura, que se desintegrou. Ana caiu no chão segurando o pescoço.

- O que essa coisa queria com você, agora não vai mais conseguir! – disse o menino enquanto se aproximava da amiga.

Anabel tossia e mal conseguia falar, mas balançava a cabeça afirmativamente.

- Co-como você conseguiu vir aqui?

- Ora, eu disse que minha pulseira ficaria azul quando um de nós estivesse em perigo, caso ela funcionasse corretamente – disse Elias.

Anabel reparou que era verdade. Sua pulseira também havia mudado a cor; tinha um tom azul-escuro.

- Nunca mais vou chamar minha tia de mentirosa. Sem isso, nem teria vindo aqui.

- Como me achou? - A garota tossia e ainda massageava o pescoço.

- Acho que já disse. Tia Childa adaptou a pulseira que fiz pra funcionar como pórtico. Mas como nem tudo é perfeito, não funciona o tempo todo. Na verdade, só uma vez. São apenas pulseiras-portico interligadas.

O Sagitário De SamechOnde as histórias ganham vida. Descobre agora