A Última Sereia (Completo)

27- Laboratório

É capaz de descobrimos algo que faça Katania parar? Sim, é possível. O problema é como vamos saber o que é! Por isso vinhemos ao laboratório, que na verdade é um grande centro de pesquisas. Mas o que tem lá? Livros ? Talvez. Computadores? Acho difícil, mas já vi de tudo aqui, porque não um computador? Mas será que tem internet? São tantas perguntas... Minha cabeça está a mil por hora. Sem contar que ainda está doendo, mesmo depois de ter sido liberta daquela fria e escura cela.

Mas eu não entendi a mudança repentina de Joana. Ela falou tão firme que não havia nada que a fizesse mudar de ideia, e menos de uma hora depois lá está ela com Daya e Coral abrindo a porta da cela e nos guiando até a saída. Ela pode ter falado com Katania e bolado um plano para fingir está do nosso lado quando percebeu que era isso que eu queria. Agora mesmo ela pode está vindo atrás de nós que aqueles horrendos titões. Mas pode ser também que ela esteja falando a verdade e quer nos ajudar. Talvez eu tenha conseguido fazer aquela cabecinha de lesma perceba que a sua própria mãe está usando-a.

Agora eu tenho pouco mais de 24 horas para descobrir como acabar com a magia de Katania e fazer​-la sumir de nossas vidas.

Entramos em um pequeno prédio que fica nas proximidades do castelo. Deve ser aqui. As postas se abrem devagar de tão enferrujada que estão. Vários cardumes saem de dentro quando as portas se abrem por completo. Entramos e começo a observar tudo. Não é nada mais do que um laboratório de química normal. No canto da sala tem três computadores. Mas o que mais me impressionou foi os livros. Como é possível que papel em água não se desfaça?

— Como pode ter livros e computadores em baixo d'água? — Perguntei.

— Os livros são feitos do material das algas. É um material muito mais resistente do que a celulose das árvores que vocês usam para fazer o papel normal. E os computadores são desenvolvidos aqui mesmo. Temos, ou melhor, tínhamos uma equipe de cientistas muito avançados aqui. — Coral respondeu.

— Meninas. — Daya chamou. — Vão procurar nos livros algo relacionado magia e se encontrarem algo parecido com o de Quetane me avisem imediatamente. Eu vou pesquisar no computador.

Nós dividimos e cada uma foi para um lado. Fui direto numa estante grandona. Procurei diversos livros com nomes diferentes tipo:" Magia?" "Aprendendo a ser feiticeira" "Porque temos poderes?"  Tinha até um com nome bem esquecido " Marigato'' que fala sobre como fazer animais falarem. Mas no meio de tantos livros estranhos, um me chamou atenção "O que pode matar sereias?"  Resolvi abri-lo para ler.

"Não há muitos motivos para uma sereia querer matar a outra. Mas há muito feitiços que podem fazer com que a sereia fique fraca e morra."

Provavelmente foi isso que Katania fez para matar minha mãe.

"O quê se tem mais garantia de matar uma sereia é gravando uma adaga de bronze em seu coração. Mas também tem o fato que, a sereia filha pode viver muito bem sem a mãe, mas uma mãe sereia não pode sobreviver sem a filha. Ou seja, se a filha de uma sereia morrer, ela também morre. Pois quando uma sereia nasce, ela tem um pedaço da vida de sua mãe, então quando ela morre, morre também o pedaço da vida de sua mãe, que não é capaz de viver apenas com a metade de sua vida e tende a falecer."

Eita porra! Se Joana morrer Katania morre. Mas eu não tenho coragem e nem quero matar Joana e provavelmente Daya também não, ela não mataria a sobrinha, ainda mais agora que ela nos ajudou.

— Alguém achou alguma coisa? — Gritei. E num eco veio a resposta. "Não!" Então gritei devolta —  Eu sim!

Um segundo depois as duas estavam a minha frente perguntando o que tinha achado. Expliquei e mostrei o livro. Daya ficou abismada com o que leu.

— Eu não sabia disso. Nunca me contaram. — Falou.

— Acredito que essas palavras tenham se perdido ao longo do tempo. Podemos ver que o livro é bem antigo. Tem data? — Coral perguntou.

Peguei o livro e procurei entrei às páginas e vi a data.

— Está datado em 1373. Há muito séculos atrás. Será que ainda é válido?          — Perguntei.

— Provavelmente. Livros não tem validade, e se está aí é porque é verdade. — Daya falou.

— Mas e agora? Não teríamos coragem de matar Joana, teríamos? — Daya me olhou estranho, como se dissesse "eu teria" mas ela quebrou o silêncio.

— Não, claro que não.

— O que vamos fazer agora? — Coral perguntou.

— Melhor procurar mais. Quem sabe não encontramos mais alguma coisa? — Sugerir.

Elas concordaram e voltamos aos nossos postos. Continuei procurando livros, mas não achei nenhum outro que tenha algo interessante.

Só espero que a única solução não seja matando Katania, muito menos Joana. Tem que haver outra solução. Tem que haver.