Capítulo 10 - A visão

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A claridade os atingiu como um caminhão, levando todos a tapar os olhos como em uma coreografia. Após um período de adaptação, o que se viu do lado de fora foi aterrorizante: o planeta havia se reduzido à cinzas e destruição. Apenas as estruturas mais resistentes permaneciam como marcos de que aquele local já havia sido habitado uma vez.

Diana foi a primeira a notar a diferente estrutura repousando calmamente sobre o topo da montanha.

– Isso é o que eu estou pensando que é?

– Olha, – respondeu Michael tentando focalizar a imagem que estava diante deles – eu não faço a menor ideia do que "isso" seja.

Então a criatura se levantou e começou a descer a montanha, deixando ainda mais aparente sua forma humanoide, desaparecendo da vista de todos.

– Pessoal, – disse Talya. Era a primeira vez que ela havia falado desde que eles haviam saído do bunker – acho melhor procurarmos um lugar seguro para passar essa noite. Está começando a escurecer e não quero estar aqui fora junto com aquilo, seja lá o que for.

Buscaram abrigo caminhando na direção oposta à montanha, entrando cada vez mais nos restos mortais da cidade. Conforme avançavam, o cenário se expandia diante deles, com as lacunas de dúvida se preenchendo por si só à medida que passavam por carcaças de carros viradas e postes de iluminação tombados. Era como se a gravidade, por um instante, tivesse sido desligada e rapidamente ligada de novo, jogando tudo que pudesse ser levantado do chão em um completo mar de bagunça e destruição. Encontraram uma casa afastada das demais e menos afetada pela destruição e decidiram que ali seria um bom lugar para passar a noite. Dormiram se revezando em turnos, de modo que alguém sempre ficasse acordado para os outros dois descansarem.

O amanhecer invadiu a casa passando por cada brecha encontrada, iluminando e acordando os mais novos moradores. Prepararam um café da manhã com as provisões que haviam recolhido do bunker e se reuniram onde, aparentemente, havia sido a sala de estar.

– Precisamos conversar sobre o que vimos ontem. – Michael havia mantido a liderança previamente estabelecida no laboratório – Sei que estávamos cansados e é bem possível que nossa mente estivesse pregando peças na gente, mas é inegável que todos vimos a mesma coisa no topo daquele morro. Preciso saber o que vocês acham disso e o que faremos a respeito.

– Creio que não seja nada extraordinário, – acrescentou Diana – provavelmente é alguém que sobreviveu assim como a gente. Não é possível que no planeta inteiro apenas nós três tenhamos resistido.

– E você, Talya?

– A única coisa que eu sei é que estamos sozinhos nesse lugar junto com aquilo, e seja lá quem ou o que for, estará buscando por alimento assim como nós. Isso nos transformará em inimigos mais cedo ou mais tarde.

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