O fim significa também um novo recomeço.Uma história termina, para outra começar

75 7 41
                                    

— Você vai continuar dormindo ou vai finalmente levantar dessa cama? — Fala Mauricio enquanto abre a porta do quarto.

— Meus Deus que cheiro é esse? Você matou alguém e escondeu o corpo debaixo da cama? — Diz Mauricio fazendo careta ao sentir o odor de roupa suja, suor, urina e resto de comida estragando.

— Me deixa em paz! Eu quero ficar sozinho. — Resmunga Gui, cobrindo a cabeça com o lençol.

— Fazem três longas semanas que você está sozinho. Agora é hora de levantar para cuspir. — Fala Mauricio puxando o lençol da cama.

— Eu quero ficar em paz, me deixa aqui.

— Eu queria estar em casa cuidando da minha vó, mais a sua irmã não vai deixar nenhum de nós dois conseguir o que quer. Então me ajuda a te ajudar levanta a bunda dessa cama agora. — Falou Maurício num tom sarcástico e com uma dose de humor ácido. Maurício o mais velho do grupo de amigos de Gui. Com seus quarenta e dois anos e considerados por muitos como um coroa enxuto, com um corpo sarado e o abdômen dilatado devido os chopes ao longo da vida. Embora seu corpo não demonstre a idade que têm o seu rosto e de um cara cansando que já apanhou bastante da vida seu cabelo branco acinzentado dá estilo de serenidade em contraste com as marcas de expressão da testa e laterais dos olhos. Sua barba semicerrada destaca seus olhos castanhos claros que parecem ser da mesma tonalidade da sua pele morena.

— Anda infeliz, não temos o dia todo elas estão esperando para o almoço.

— Eu não vou! Eu só quero e ficar sozinho e morrer... — Mais antes que pudesse terminar a frase ela foi interrompida pelo tapa na cara, desferido pelo Mauricio, que puxa Guilherme pela gola da camisa e deixa seu rosto bem próximo do dele.

— Seu merdinha! Você pensa que é o único que têm problema? Sua irmã jogou meses da vida dela fora preocupada com você sabia? Ou você sabia que enquanto ela te visitava todos os dias no hospital ela perdeu o emprego? Ou que ela está com um câncer no ovário e talvez na pior das hipóteses ela possa nunca ter um filho e ao invés de iniciar o tratamento ela está cuidando de um burro velho, que age como se fosse criança ainda.

— Eu não sabia. Pipoca... — Responde Gui, com medo na voz e desviando o olhar dos olhos de Mauricio. Ele nunca tinha visto Pipoca com tamanha raiva.

— Já falei para não me chamar mais assim.

— Desculpa eu esqueci.

— Você tem desculpa para tudo. "Eu não sabia", "Eu esqueci" etc. Mais e claro que você não sabia, você só pensa em você, sempre foi assim desde a época de moleque. Sempre se achando o centro do universo.

— ELA ME LARGOU, ELA ME LARGOU. — Grita Gui chorando.

— Só você não percebeu que isso ia acontecer.

— Como assim? Ela falou com você?

—Não a Manu se fechou como uma ostra desde o incidente.

— Como eu poderia saber?

— Cara eu não sei se você e idiota ou se faz? — Fala Mauricio largando a gola da camisa e se afastando de Gui. Mauricio anda de forma aleatória no quarto, passa a mão pela cabeça, respira fundo e volta a falar.

— Você ficou meses no hospital e ela não te fez uma única visita.

— Emanuela nunca gostou de hospital, sempre teve medo de médicos e injeções.

— Mesmo depois da sua recuperação ela nunca te ligou ou entrou em contato ou mesmo perguntou para alguém sobre você.

— Ela devia estar ocupada o trabalho dela sempre a deixou assoberbada. — Fala Gui de forma nervosa, querendo não acreditar no que estava sendo falado.

DestinoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora