"Não há nada tão ruim que não possa piorar."

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Guilherme está no quarto do hospital terminando a fisioterapia nas pernas.

— Isso! Vamos força camarada, mais uma para terminamos. — Incentivava o fisioterapeuta enquanto auxilia no exercício.

— Droga de peso maldito. — Resmungava Guilherme ao tentar levantar a perna direita com o peso de um quilo, o suor escorre de sua testa com seu esforço.

— Pronto! Terminamos por hoje. Mais o senhor deve continuar com as sessões de fisioterapia mesmo depois da sua alta.

— Por favor Thiago, já falei um milhão de vezes senhor está no céu. Pode me chamar de você.

— Ok! — Riu Thiago enquanto pegava os equipamentos da fisioterapia.

— O senhor...

— O que eu disse. — Riu Guilherme enquanto chamou a atenção e Thiago.

— Ok! Você deve usar a bengala por algumas semanas até recuperar totalmente a força nas pernas. Não abuse! Um passo de cada vez. Você ainda está de recuperação.

— Obrigado irmão. — Falou Guilherme enquanto abraçava Thiago se despedindo.

Hoje completam quase três meses de internação, a maior parte do tempo Guilherme esteve em coma, mais a recuperação das três cirurgias que passou.

Mas hoje era um dia especial, Guilherme olha pela janela do quarto e vê o sol brilhando em um límpido céu azul.

— Um novo dia para curtir uma nova vida. — Guilherme pega a bengala liga o pequeno rádio que estava no armário ao lado janela. O pequeno presente que ele recebeu do negão.

— Obrigado amigo você sabe como eu adoro dormir ouvindo música. — Fala consigo mesmo Guilherme. Após isso ele caminha lentamente até o banheiro sua perna direita ainda dói muito devido a pequena lesão na coluna. Ele retira a roupa e fica se olhando no espelho e passa a mão no rosto.

— Nossa como eu estou velho!

Guilherme têm apenas 33 anos, com seus 1,77m, mais agora andando com auxílio da bengala parecia um pouco mais baixo. Ele observa o seu cabelo castanho claro agora raspado por causa de todos os procedimentos médicos por que passou. Olhando a lateral esquerda da cabeça e passando os dedos na cicatriz deixada pelos pontos da operação.

— Vou ficar parecendo o Frankestein*   , com essa marca na cabeça, só faltava os pinos de ferro no pescoço. — Guilherme continua olhando a cicatriz e agora passa as mãos na cabeça fazendo um círculo esfregando da frente para trás.

— O que fizeram com meu cabelo, só pode ser praga da minha esposa. — Resmunga Guilherme. Ele adorava o corte estilo surfista embora sua esposa odiasse, ela sempre falava que aquele era cabelo de adolescente.

Guilherme continua se observando olhando agora a sua cor morena parecia pálida devido a falta de sol.

— Se meu pai estivesse vivo diria que estou com cor de burro quando foge. Há! Ha! Ha! Ha! Eu nunca entendi essa frase. — Ele rir de si mesmo e continua a auto análise.

— Nossa como eu estou com olheira pareço o Tio Chico** — Guilherme estica com os dedos a pele no rosto abaixo dos olhos. Ele fica observando os seus olhos negros que demonstravam cansaço assim como as olheiras em seu rosto. Guilherme nunca foi do tipo atlético, sempre foi magro, mais os anos de casado lhe deram uma pequena barriga ou pochete como ele chamava carinhosamente.

— Você foi a única que não me abandonou. — Falava Guilherme enquanto pegava com as duas mãos a barriga.

Ele continua olhando para si no espelho e passa a mão na cicatriz em seu tórax, ele sabe que foi um tiro mais ainda não consegue se lembrar de nada.

DestinoWhere stories live. Discover now