Capítulo 46

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Lucas e Isabel levantaram cedo naquele sábado. Eles tinham que passar na casa de Carolina para deixar Pipoca antes de irem para o destino que ela ainda não conhecia — tinha tentado de tudo para fazer o marido falar, mas ele foi irredutível.

Assim que chegaram na casa de Carolina, a pequena Cecília disparou em direção ao cãozinho e começou uma festa. Isabel riu, lembrando que a menina tinha ficado arrasada quando ela avisou que não a visitaria no fim de semana como combinado para, logo em seguida, vibrar de alegria porque o cãozinho passaria aqueles dias com ela.

Depois de confirmar com a irmã, mais uma vez, se ela podia mesmo ficar com Pipoca, Isabel se despediu de todos, deu um último carinho no cachorrinho e correu para o carro, onde Lucas a esperava.

— O que foi? Já está com saudades do Pipoca? — ele perguntou, quando já tinham saído da rua de Carolina.

— Não, estou ansiosa com a viagem — respondeu, forçando um sorriso.

Quem dera aquele fosse o motivo da sua preocupação! A iminência de contar a verdade fez o segredo pesar ainda mais e tinha momentos em que ela queria esquecer a promessa que havia feito a mãe dele e contar de uma vez. Mas aí vinha o medo e a paralisava.

Essa montanha-russa de emoções estava acabando com ela. Não dormia direito, a comida lhe deixava com o estômago embrulhado e, para completar, hoje tinha acordado enjoada.

— O que foi, amor? — ele insistiu, num tom mais sério dessa vez. — Você parece preocupada e não é de hoje.

Droga, desde quando ele tinha se tornado tão observador? Se Lucas continuasse assim, ia ser ainda mais difícil manter a boca fechada.

— É impressão sua — respondeu, fazendo um carinho na perna dele.

— Não tente me distrair, ainda mais quando estamos tão longe de um quarto — ele brincou, mas logo seu sorriso se fechou. – Sério, Bel, o que houve? Você está diferente desde que voltou da casa da sua irmã.

Ela engoliu em seco, procurando uma resposta convincente.

— Acho que fiquei arrependida de não ter ido antes. Eu perdi um tempo precioso por motivos idiotas.

Lucas a olhou de soslaio e entrelaçou sua mão a dele.

— Você foi no momento certo.

Ela o fitou, surpresa. Carolina sempre lhe dizia aquilo, mas sua irmã sabia o que tinha acontecido. Por que Lucas estava falando assim? Será que ele tinha lembrado de algo? Não, não era possível, pensou, logo descartando a ideia. O marido não estaria tão tranquilo se tivesse se lembrado de Gabriel.

Concentrando-se em aproveitar aquele fim de semana, continuou tentando fazê-lo revelar qual era o destino deles e Lucas desconversava, dizendo-lhe para deixar de ser ansiosa. Revirando os olhos, voltou-se para a janela e começou a reconhecer o trajeto, seu coração batendo mais forte ao se dar conta de para onde estavam indo.

— Eu não acredito! — falou, sentindo os olhos marejados. — Depois de tanto tempo, você ainda lembra desse lugar.

— Claro, como eu podia esquecer do hotel onde nós nos conhecemos? — Ele sorriu e continuou. — Assim que vi você, meu coração bateu mais rápido. Eu nunca tinha me sentido desse jeito com mulher alguma.

— Eu podia sentir os seus olhos em mim durante toda a festa e, Deus, como foi difícil trabalhar naquele dia! Eu mal via hora da recepção acabar e eu poder ir falar com você.

— Você ia falar comigo? — perguntou, surpreso.

— Claro que sim! Você acha mesmo que eu ia deixar aquele moreno de olhos verdes ir embora? Claro que não! — confessou.

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