Capítulo 8

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Lucas dirigiu até a cidade e parou na primeira lanchonete que viu. Era um estabelecimento bem modesto, com paredes brancas, alguns cartazes de propaganda de bebida, cadeiras e mesas de plástico vermelhas e um balcão de vidro, expondo alguns salgados e bolos. No momento, só havia dois clientes: um velhinho bebendo uma cerveja e uma garota, mexendo no celular, que aparentava esperar alguém.

Quando se sentou, a garçonete lhe entregou um cardápio sem muitas opções. Examinando-o sem muito interesse — sua cabeça estava em outro lugar — pediu um sanduíche qualquer e um refrigerante.

Assim que a garçonete saiu, o telefone dele tocou e, mesmo antes de atender, já sabia que era sua mãe. Ele já tinha lhe ligado, como prometera, avisado que tinha chegado em segurança e que Isabel não estava em casa, mas que iria esperá-la. Só que, conhecendo sua mãe, sabia que ela ligaria novamente.

— Oi, mãe —falou, dando-se conta do quanto estava cansado.

— E então? Falou com ela? — Elisa perguntou, ansiosa.

Pelo visto, sua mãe aprendeu a ser objetiva.

— Sim, mas não se preocupe. Não sei o porquê, mas ela também se recusou a me dizer a verdade.

Elisa não conseguiu esconder o suspiro de alívio. Estava, até agora, temendo pelo pior, mas, graças a Deus, ex-nora teve um pouco de compaixão e não contou a Lucas o que tinha acontecido. Ela gostaria de poder lhe dizer o quanto estava agradecida.

— O que ela lhe falou? — perguntou, curiosa.

— Isabel me disse que o nosso casamento acabou porque ela me traiu — repetiu, sentindo mais uma vez o quanto aquilo era absurdo. Era perfeitamente plausível, mas sabia que não era verdade. Isabel não era o tipo de pessoa que faria aquilo, não importava o quanto ela tivesse mudado.

Elisa preferiu não dizer nada. Teve momentos em que pensou em usar essa desculpa, mas, mesmo no desespero, não lhe pareceu certo.

— Por que você não me disse que tinha vindo vê-la, mãe? Por que mentiu, dizendo que não sabia onde ela estava? — Sabia por que a mãe tinha agido assim, mas queria que ela soubesse que tinha conhecimento de suas mentiras. Mais uma, entre tantas, desde que tinha acordado naquele maldito hospital. — E, principalmente, por que não me disse que ela estava daquele jeito? daquele jeito? —Era isso que o enraivecia mais.

— Também me espantei quando a vi. Ela estava tão... abatida, parecia doente. — Não que Elisa não soubesse o motivo, mas ainda assim era surpreendente.

— Com certeza, é culpa da bebida — falou, ainda sem acreditar no que tinha visto.

— Ela está bebendo?! — repetiu, chocada.

— E não é pouco! — Pensou na quantidade absurda de álcool que ela bebeu só enquanto eles conversavam, nas garrafas vazias que viu em cima da pia da cozinha e nas outras que ela tinha saído só para comprar, tinha certeza!

— O que você vai fazer? Vai voltar para casa? — perguntou, mesmo achando improvável que ele respondesse que sim.

— Vou ficar por aqui mais um tempo.

— Ela deixou você ficar? — perguntou, surpresa. Pela forma como a ex-nora a tratou, Elisa achou que ela nem iria abrir a porta para Lucas!

— Na verdade, não. Ela me expulsou de lá, ameaçando chamar a polícia se eu não saísse. ­Mas Isabel não tem a mínima condição de ficar sozinha.  Vou ver se encontro um hotel e, amanhã, penso melhor no que vou fazer.

Sabendo que não conseguiria convencê-lo a  voltar, ela desejou-lhe boa sorte e desligou.

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