Capítulo 12

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Necessitando de um pouco de ar fresco, ele saiu do hospital e foi para o estacionamento.

Precisava digerir tudo o que estava acontecendo. Ainda estava se recuperando do susto de quase perder Isabel e, quando tinha acabado de receber a boa notícia de que ela ficaria bem logo, Carolina não só confirmou suas suspeitas sórdidas como também deixou escapar que aquela não era a primeira vez que Isabel tentava tirar a própria vida!

Deus do céu, o que estava acontecendo com ela? Por que ela achava que precisava tomar uma medida tão drástica? Por que ela pensava que tinha que pôr um fim a tudo? Ela era uma mulher maravilhosa, talentosa, inteligente, tinha uma família que a amava e que estava entrando em desespero pelo que quase tinha acontecido e, embora não contasse e não fizesse nenhuma diferença para ela, um homem que a amava e que tinha ficado sem chão ao achar que a perdera. Como ela poderia querer abrir mão de tudo? Por que Isabel achava que nada daquilo bastava para querer viver?

Ele precisava voltar lá e confrontar Carolina. Tinha que saber porque Isabel estava assim e o que ele podia fazer para ajudá-la.

Entrou no hospital novamente e os encontrou, sentados, próximo à televisão. A recepção do hospital estava quase vazia devido ao horário – era madrugada – o que lhes dava uma certa privacidade.

- Carolina – chamou-a baixinho.

Ela secou os olhos vermelhos e o fitou, a expressão fechada.

- Eu quero saber sobre a primeira vez que Isabel tentou... – a voz dele vacilou – se matar – obrigou-se a completar.

- Eu não quero falar sobre isso – ela falou, a voz fria como gelo.

- Por favor, Carolina, eu sei que não é fácil, mas eu preciso saber por que ela fez isso.

- Você sabe muito  bem por que minha irmã fez o que fez. Não se faça de idiota! – ela vociferou.

- Querida, ele acabou de nos contar do acidente, não se lembra? – Fernando interveio, tentando acalmar a esposa.

- É mesmo, você não se lembra – ela falou, desdenhosa. – Pois então não se preocupe, vamos refrescar a sua memória!

- Não, Carolina, por favor, não! – Elisa, implorou, irrompendo na recepção do hospital e recebendo um olhar recriminador da recepcionista e dos presentes.

- Mãe, o que diabos você está fazendo aqui?! – ele perguntou, espantado com o timing perfeito de sua mãe. Tinha se esquecido de que também ligara para ela quando tinha chegado ao hospital e que Elisa dissera que iria para lá imediatamente.

Ignorando-o, ela continuou a conversar com Carolina.

- Por favor, Carolina, não diga nada. Com o tempo ele vai conseguir lembrar, mas não sabemos o que pode acontecer se ele descobrir assim, tão de repente.

Carolina olhou a outra e viu o desespero de uma mãe. Lembrou o quanto aquilo tudo tinha destruído a mente de sua irmã e, por mais que, naquele momento ela odiasse Lucas, não faria isso com ele também. Seria um ato muito covarde.

- Então meu casamento não acabou por diferenças irreconciliáveis? – olhou para a mãe, fazendo-a corar. – Suponho que sua irmã também não tenha me traído com um ajudante de cozinha do restaurante? – perguntou, olhando para Carolina.

- De onde você tirou esse absurdo?!

- Isabel me contou.

- Então ela também quis proteger você – Carolina falou e só então ele viu a coisa toda por esta ótica.

- E então, Carolina, o que aconteceu? – perguntou, sentindo-se tenso por finalmente saber a verdade.

Carolina olhou para os olhos suplicantes de Elisa e falou:

- Sua mãe tem razão. É melhor você não descobrir assim.

- Pelo amor de Deus, apenas ignore minha mãe e fale logo de uma vez! Seja o que for, eu aguento. Não vou me quebrar, como todos vocês estão imaginando! - ele falou, irritado.

- Minha irmã é forte, Lucas, você a conhece. E isso quase a destruiu duas vezes – ela falou, a voz dura feito aço – Agora, eu agradeceria se vocês fossem embora.

- Eu não vou sair daqui enquanto não souber que ela está bem.

- Lucas, nós podemos ir a um hotel, dormir um pouco e voltar amanhã. Você está com a cara péssima e precisa tirar essas roupas molhadas. - Elisa falou, já puxando ele pelo braço.

- Você pode ir se quiser, mãe, mas eu não vou embora – respondeu, resoluto. – Já deixei Isabel uma vez, não vou fazer isso de novo.

Temendo que Carolina mudasse de idéia, Elisa sentou-se ao lado do filho e os quatro permaneceram em vigília na recepção, no mais perfeito silêncio, a tensão entre eles sendo quase palpável.

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