Intruso

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No dia seguinte eu havia levantado bem cedinho, decidi que não ia para a escola porque estava tão preocupado com a Omma que com certeza não ia prestar atenção em absolutamente nada da aula, depois eu veria isso com Sehun.. e por falar nele, já tinha ido para a escola usando uma roupa emprestada minha, ele não quis ir de uniforme. Foi com muito custo conseguir fazer o Oh ir para a escola sem mim, ele queria ficar, me ajudar com a Omma.. mas por mais que eu precisasse da ajuda dele, eu sabia que Sehun teria problemas em casa. Das poucas vezes que fui em sua residência dava pra ver que seus pais eram um pouco em cima dele.

Suspirei levantando da cama e caminhei bocejando até a porta, meu estômago doía de fome, eu tinha essa de ir dormir sem jantar.. o que não era nada bom. Mas antes de descer as escadas, fui em passos calmos até a porta do quarto da Omma ver como ela estava.

- Kyungsoo, vem tomar café anda! ~ assim sua voz apareceu me assustando.

Dei um leve pulo e estranhei totalmente aquilo. Me virei andando até as escadas e as desci logo chegando na cozinha vendo ela fazer café.. normalmente.. como se nada estivesse acontecido.

- Omma? ~ queria chegar perto dela e lhe dar um abraço, mas eu ainda estava com medo.

- Oi, amor.. bom dia.. ~ sorriu ela pra mim. ~ toma café..

- Omma, não se lembra de nada do que aconteceu ontem? ~ minha voz saiu mais baixa do que eu costumo falar.

- Não, foi como se eu tivesse tido um apagão.. mas porque, querido?

- Nada... ~ engoli em seco.

***

                             * dias depois *

Eu estava a semanas sem ir para a escola, a Omma estava ficando cada vez mais doente e os médicos não sabiam distinguir o que ela tinha, ela sempre mudava de comportamento, ficava agressiva, uma noite eu a peguei no quintal da casa em cima da árvore tomando o sangue de um gato, foi a coisa mais horrível que eu já tinha visto na minha vida, sem contar das outras coisas assustadoras que ela fazia, e umas línguas estranhas que ela dizia quando estava agressiva.

Eu não sabia mais o que fazer, aqueles calafrios que eu venho sentindo desde que cheguei naquela maldita casa se intensificavam cada vez mais conforme a Omma ia ficando doente, e eu sempre tentando entender o porque de tudo isso estar acontecendo e pra piorar eu me sentia observado quase o tempo todo, era apavorante.

Estava no banco do hospital esperando por notícias, mamãe estava vomitando muito e ardia em febre, então decidi trazê-la ao hospital. Pra minha sorte o meu pai estava ali também, não sei como ele soube o que aconteceu mas ele apareceu dizendo que teve um pressentimento ruim e veio o mais rápido que pôde, claro que eu não acreditei em nada do que ele disse, mesmo ele dizendo que no fundo amava eu e a Omma.

"- Queria que Sehun estivesse aqui" - pensei olhando o whatsapp do mesmo, ele ainda estava na escola mas sabia que eu estava no hospital e etc.

- Como é a escola aqui? ~ a voz do meu pai perguntou. ~ você tem muitos amigos?

- Se você tá achando que eu vou entrar nesse seu joguinho de fingimento, pode esquecer.. não quero conversar com você.. eu quero é mais é que você suma.. ~ minha voz saiu tão fria que o ar com certeza congelou, eu havia dito sem olhar na cara dele.


- Kyungsoo, apesar de tudo eu sou o seu pai.. e...

- Me poupe.. não quero saber.. ~ o cortei.

Sentia os olhares dele sobre mim mas mesmo assim permaneci firme em não olhar para o homem que a anos fez minha mãe sofrer e por ser um pai que não se importava comigo, ele nunca foi presente na minha vida em nenhum momento. Aquelas coisas simples como dar os primeiros passinhos depois que aprende a andar, a primeira palavra, ensinar a andar de bicicleta.. nada dessas coisas ele fez parte, só a Omma. Ao invés de estar com sua família, ele preferiu mulheres casadas.

Mandei uma mensagem pro Sehun vir para o hospital assim que ele saísse da escola e então guardei meu celular no bolso.. só que.. tinha uma coisa estranha acontecendo.. eu.. eu me sentia abraçado por algo, e não tinha nada sentado no banco ao lado, o meu pai estava em pé, não podia ser ele. E o mais estranho é que eu não estava com medo, eu sentia uma paz tão grande, era um sentimento maravilhoso, algo que eu nunca senti antes.

Meus olhos subiram então eu vi que o médico se aproximava, ele não estava com a cara boa. Levantei ainda sentindo-me abraçado e cheguei mais perto do médico.

- Eu sinto muito.. mas.. sua mãe faleceu.. ~ ele disse e uma onda de choque bateu em mim.

Eu não conseguia me mexer, eu estava paralisado, ouvir aquelas palavras foi como um tiro na minha alma, eu não conseguia explicar tamanha dor. As lágrimas simplesmente escorriam pela minha face sem expressão e eu sentia como se meu coração tivesse sido jogado no acido, eu queria berrar. Mordi o lábio inferior.

- Mas o que aconteceu? ~ perguntou o meu pai.

- Não sabemos o que ela tinha, era algo inexplicável..

Fechei os olhos e me virei começando a sair dali, em passos bem lentos, a dor me levava e aquele sentimento de ser abraçado não estava mais lá, então Sehun chegou e me viu naquele estado, não precisou eu dizer nada.. só pela minha cara e meu estado ele já havia entendido.

Andei um pouco mais rápido e o abracei fortemente, desabando ali em seu peito como costumava fazer sempre que estava desesperado, me sentindo perdido. Agora que estava sem minha Omma eu só tinha Sehun, meus pensamentos foram até a casa e o desespero veio.. eu não podia morar sozinho lá.

- Sehun, eu não posso ficar sozinho naquela casa.. senão terei o mesmo fim que a Omma.. ~ minha voz saiu abafada por conta do meu rosto enterrado no peito alheio.

- Não, você não vai ficar sozinho lá, Kyung..

- Eu vou ficar com você.. ~ de repente surje a voz do meu pai, soltei Sehun e olhei para o mais velho.

- Prefiro morrer do que ter sua companhia..

- Olha, Kyungsoo, eu já cansei de você com essa palhaçada toda.. eu sou seu pai.. agora que sua mãe morreu eu serei responsável por você..

- Ainda bem que meus 18 anos não estão muito longe..

- Até lá você vai ter que me engolir..

Nós nos encaravamos, meus olhos eram de puro ódio enquanto os deles eram uma certa felicidade por estar "vencendo" mas aquilo não ia ficar assim.. não mesmo.

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