Babyface (ji.kook)

Metrô

Esgotado.

Era a única palavra que poderia descrever o estado de espírito de Jeon Jungkook.

Não aguentava mais essa rotina de acordar, ir para a faculdade, não conseguir focar em nenhuma aula devido à falta de sono na noite anterior, voltar para casa e ouvir as brigas de seus pais.

Era insuportável.
Tudo que Jeon queria era uma cama quentinha, uma coberta felpuda e o som das gotas de chuva batendo contra a janela.

Ah... a chuva.
Jeon adorava quando a chuva vinha, pois só então sabia que não chorava sozinho.
Jeon chorava quase todas as tardes, em seu quarto, com as cortinas fechadas e luzes apagadas, os pensamentos se destrancavam da gaiola que eram colocados e invadiam sua mente, poluíndo-a com toda a sua intensidade.

"Eles te odeiam"
"Ninguém te quer por aqui"
"Você só atrapalha"

Era o que a voz zumbia dentro de seu ouvido todas as tardes.
Mas por que Jeon acreditava naquilo tudo?

Simples.

Quando seus pais chegavam em casa, tudo se repetia, em alto e bom som.

"As coisas eram melhores antes de você nascer"
"Maldita camisinha estourada"
"Inútil, problemático"

Jungkook estava naquele mundo por acidente. E era assim que queria sair dele também.

Todos os dias, tarde da noite, Jeon saía para dar uma volta. Respirar um pouco do ar que lhe faltava dentro daquela casa.

Sempre voltava dos seus passeios de metrô.
Ficava na beirinha da plataforma, além da risca amarela no chão, alertando-o para não prosseguir.

Mas ele prosseguia, chegava a curvar os pés entre a plataforma e os trilhos pelo qual o metrô passava.

Esperava o veículo vir, em alta velocidade, com as luzes em sua cara, mas infelizmente, nunca teve a coragem de pular.
Sentia o vento balançar seus cabelos quando o mesmo simplesmente passava reto, seguindo sua rota, mantendo Jeon intacto, a não ser pela adrenalina correndo por suas veias, e só então, Jungkook sentia-se um pouco vivo.

Mas essa noite tinha sido diferente.

Não foi nenhum metrô à 5 centímetros de distância que havia feito Jeon sentir-se vivo, mas sim, um garoto que rebolava seus quadris ao som de uma música animada, às duas da manhã, na plataforma do metrô.