Chegando a hora

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Música: Perfect- Ed Sheeran.

Depois de muita insistência da parte de Ed, combinamos que contaríamos o sexo do bebê apenas para nossas mães e manteríamos segredo para o restante das pessoas, mas obviamente a ideia não deu certo.  Ed contou para sua mãe e menos de uma hora depois recebemos mensagens de alguns de seus primos e uma ligação de seu irmão nos parabenizando. É claro que a minha mãe também contou para toda a minha família e estragou grande parte da surpresa.

Naquele mesmo dia, Iza me viu procurando roupinhas femininas na internet e deixou bem claro que já sabia que seria "Cecília". No meio da semana, acabei compartilhando em um grupo uma imagem de uma mãe carregando uma menina e lá se foi outra vez a ideia de surpresa. No trabalho, Ed se referia ao bebê como ela e o restante dos convidados do nosso chá revelação acabou deduzindo o sexo da criança. Antes mesmo do final de semana, acabamos concordando em dizer para todos que seria uma menina e optamos pelo chá de bebê tradicional.

Os meses foram passando, Ed anunciou ao público a minha gravidez e também o nome da nossa futura filha e compramos todo o enxoval, além de receber presentes de todas as partes do mundo, vindo de fãs, família e lojas.

Planejei cada detalhe do que inicialmente seria uma reunião para as pessoas realmente próximas, mas acabou maior do que o esperado e no final do meu sétimo mês de gestação, nossa casa ficou cheia de gente vinda para o chá de bebê. Tudo estava decorado em cor de rosa, com detalhes em branco e passamos toda a tarde rindo, comendo e jogando jogos bobos e clichês, mas que eu fiz questão que tivesse. A noite, com a casa já vazia, me joguei no sofá.

-Deus do céu, eu estou muito cansada!

-No nosso próximo filho, você não vai fazer nada assim!- O ruivo se jogou ao meu lado.

-E deixar que o próximo bebê ache que não foi amado como o primeiro? É claro que eu vou fazer tudo de novo, mesmo isso tendo sido ridículo.

-Que brincadeirinhas foram essas que você inventou?

-Foram horríveis.- Soltei uma risada.- Peguei tudo na internet... O que eu tinha na cabeça?

-Eu até concordo com um próximo chá de bebê, mas você precisa fazer algo melhor.

-Eu já dei muitas festas, mas nada foi tão ruim assim. - Suspirei.

-Como você imagina o próximo chá de bebê?

-Ed, eu ainda nem tive a Cecília, estou enorme, minhas costas doem, meus pés estão inchados e eu estou tão cansada que até falar exige uma força absurda, você acha que eu quero pensar a respeito do próximo chá de bebê agora

-Tudo bem.- Ed sorriu.- Então, o que acha de relaxar?

-Você não pode estar pensando em sexo agora, eu estou muito cansada Ed!

-Eu não estava falando de sexo, sua pervertida.- Deu uma risada brincalhona.- Mas se você quiser, eu quero.

-Quem sabe amanhã.- Dei risada também.

-Mas eu posso fazer uma massagem.

-É por isso que eu me casei com você.- Sorri.

-Só por isso?- Ed arqueou uma sobrancelha.

-Por isso e por você ser ruivo.- Dei uma piscadela.

-Isso faz sentido.- Riu, enquanto descalçava meus sapatos e começava uma massagem em meus pés

Ed começou a cantarolar e envolvida pelo som da sua voz e pela massagem suave, acabei cochilando. Despertei com Ed sussurrando meu nome e sorri para ele.

-Oi...

-Eu tentaria te carregar, mas acho que não seria uma boa ideia...

-Ah, seria uma péssima ideia...- Ri ao imaginar a cena.

Ele estendeu a mão para mim e subimos para o nosso quarto. Tomei um demorado banho antes de me deitar ao lado de Ed. Me ajeitei com várias almofadas, da maneira mais confortável possível, embora ainda assim fosse desconfortável e depois de um longo tempo tentando, adormeci.

Os dias que se passaram vinham sendo cada vez mais difíceis, Cecília chutava minhas costelas o tempo todo e a cada cinco minutos eu precisava ir ao banheiro. As visitas ao médico eram a cada quinze dias e meu humor oscilava tanto que chegava a me assustar. Sempre tinha imaginado a gravidez como algo maravilhoso, mas em geral, vinha sendo exaustivo.

Já estava chegando ao oitavo mês de gravidez quando depois de uma longa discussão, acabamos decidindo que nossa primeira filha seria britânica e um pouco as pressas, Ed planejou nossa viagem para alguns dias depois.

A viagem de avião foi a coisa mais terrível que eu já havia feito. Cansativa, desconfortável, arriscada e pela primeira vez na história, eu não consegui dormir durante todo o voo. Além disso, me sentia enjoada e quando aterrissamos, eu pensei que meu humor melhoraria, até que o costumeiro clima de Londres me atingiu

-Qual o problema com esse lugar? É verão... deveria estar calor.- Resmunguei.

-Está fazendo 22°.- Ed franziu o cenho.

-Exatamente... Isso não é verão.

-Bem vinda à Londres.- Ed riu, com um bom humor que eu não conseguia entender.

Pegamos um táxi até nossa casa e assim que entramos, eu me acomodei no sofá, descansando depois das muitas horas de voo. Naquela noite, meus sogros chegaram à nossa casa, já que ficariam comigo enquanto Ed trabalharia na cidade. Em alguns dias meus pais viriam também e embora eu tivesse dito a Iza que ela não precisava vir, ela tinha programado sua viagem pra alguns dias antes da previsão de nascimento.

Imogen cozinhou para nós e mesmo me sentindo enjoada, me juntei à eles antes de me sentar na poltrona próxima a lareira. Fechei os olhos e apoiei as mãos em minha enorme barriga, enquanto o fogo aceso me aquecia e fazia com que meu humor melhorasse.

-Você esta linda, sabia?- A voz do meu marido me tirou do transe.

-E você esta mentindo.- Sorri sem abrir os olhos.

-Você sabe que não estou.

-Qual é? Estou gorda, com cara de cansada e mau humorada.

-Mas está brilhando.

-Você é um bobo.

-Queria que você pudesse se ver do jeito que eu te vejo agora.

-E eu queria que você pudesse carregar o bebê um pouco... Ela está agitada.- Fiz uma careta, enquanto sentia os chutes dentro de mim.

-Eu faria se pudesse.

-Eu sei que sim.- Me levantei e caminhei em sua direção.- Você tem sido ótimo, mesmo com toda a minha grosseria nos últimos tempos.

-Eu sempre sou ótimo, em todos os sentidos.- Ed piscou, maroto.

-E tonto também.- Dei um leve tapa em seu ombro.

-Mas é sério, você está perfeita.

Sorri e acariciei seu rosto. Mesmo com a minha enorme barriga, Ed deu um jeito de me abraçar e eu apoiei minha cabeça em seu ombro. Me sentia no lugar mais certo do mundo naquele momento e ficamos assim, por alguns instantes em completo silencio, até que John aparecesse.

-Vocês são um casal excelente, realmente excelente.- Levantou a taça de vinho, como se brindasse a nós.

-Obrigada, John.- Me afastei de Ed.- Se vocês me dão licença, vou subir.

-É bom você descansar... Já está chegando a hora!- Ele sorriu mais uma vez e eu retribui.

Saí da sala e fui em direção ao meu quarto. O cansaço vinha sendo constante, mas eu me sentia amada, assim como aquele bebê que eu carregava.







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