Capítulo 56

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Rubie e as garotas estavam lá em casa, desci as escadas e reparei no fato da Rubie estar chorando no sofá.
- O que houve? Aconteceu alguma coisa?- Perguntei preocupado.
Ela soluçou e apontou para a TV falando:
- É que o pai do Simba morreu...
Parei confuso.
- O que?
- O pai do Simba morreu, John! Isso é muito triste!
Olhei para a cara das garotas que também estavam no sofá assistindo e Megan disse com cara de tédio:
- Nem sei o que estamos fazendo assistindo Rei Leão...
- Não se preocupe, querido! É a instabilidade emocional que deixa a Rubie assim.- Disse tia Dulce.
- É assustador ver ela assim, ainda bem que está perto dos bebês nascerem.
Justin desceu as escadas também e disse:
- Partiu?
- Vamos!
- Você vai sair, John?- Perguntou Rubie secando as lágrimas e se acalmando.
- Sim, lembra que eu te disse que hoje vai ter um jogo muito importante na TV?
- Estamos indo assistir na telona do Miguel. Já fizemos nossas apostas!- Disse Justin animado.
- Vocês não se cansam dessas coisas?- Perguntou Bárbara.
- Vocês se cansam de comprar roupas e maquiagem?
- Não...
- Nós também não cansamos de futebol e apostas!
- Vem cá, John!- Me chamou Rubie.
Me aproximei.
- Eu quero um abraço...
Sorri e a abracei falando:
- Você está mesmo sensível hoje...
- E um chocolate quando voltar, tá?- Falou ela no meu ouvido.
Me levantei e disse:
- Querendo se enfiar no doce, dona Rubie?
- Ai, é só um pouco! Me compra daquelas barras que são um pouco apimentadas... Não, prefiro a de nozes! É, nozes é perfeito!
- Ok, eu compro...
- Não esquece!
- Tá, qualquer coisa me liga, ouviu?
- Ok!
- Estou falando sério, me liga!
- Ok, John! Bye!
Dei um beijo em seus lábios, depois beijei a barriga, como era de costume e saí com o Justin.
O jogo estava emocionante, era a final e estava empatado mas o nosso time estava fazendo de tudo para dar a volta por cima.
- Quem quer mais uma garrafa?
- Opa! Pode passar para cá, Enzo!- Falei animado.
- Aff, esse goleiro não dá uma folga!- Reclamou Miguel.
- Mas o nosso atacante também não! Ele vai conseguir!- Disse Justin.
- Nossa, olha o drible! A bola é nossa! Será que agora vai?- Perguntei empolgado e concentrado no jogo acirrado.
Meu celular começou a tocar, era a Rubie.
- Ai, Rubie! Agora?
Atendi.
- Oi!
- Oi, John!
- Está tudo bem?
- Sim, está... Mas parece que agora vai, os bebês estão a caminho!
- Vai? Vai?- Perguntei focado no jogador que invadia o campo adversário.
- Sim! Vai! Minha bolsa estourou, John!
- Uhuuu!! É gooool, caramba!!- Comemorei quando a bola foi certeira no gol, os garotos comemorando e gritando ao meu lado.
- Gol? Eu aqui toda esterica e você gritando que é gol?!
- Perai... O que você disse? A bolsa estourou?!
- Sim! E o próximo "gooool" que vai rolar vai ser o meu salto voando em um certo lugar!
- Ai meu Deus! Não se mova! Eu já estou indo!- Falei entrando em desespero.
- Estamos te esperando para minha mãe nos levar para o hospital, vem rápido tá? Vou pegar minhas coisas...
- Ok, ok! Estou a caminho!
Desliguei o celular e me levantei:
- Rubie vai ter os bebês?
- Sim, os bebês vão nascer! Os bebês vão nascer!
Fui me dirigir até a porta e tropecei numa mesinha que tinha de canto e quase fui ao chão, ou era o desespero ou era a bebida.
- Eu tô bem... Quem colocou isso aqui? Vocês não vem? Eles estão nascendo!- Falei rápido e me embaralhando nas palavras.
- Vamos!- Falou Enzo se levantando, Miguel também se levantou.
- Mas e o jogo?- Perguntou Justin.
- Pensa nos seus sobrinhos, guri!- Falou Miguel.
- Bem que eles podiam ter esperado só mais um pouquinho...- Falou Justin se levantando desapontado.
- Eu dirijo!- Falei.
- Dirige, nada! Não quero morrer hoje! Eu quase nem bebi então deixa comigo, vamos!- Falou Enzo pegando a chave da minha mão.
Chegamos lá poucos minutos depois, entrei meio sem ar por causa da correria e da ansiedade.
- Cheguei!
- Ah, que bom!- Disse Rubie parecendo mais aliviada ao me ver. A abracei e perguntei:
- Como você está?
- Bem e prontinha para conhecer meus filhos... Mas com dor!
- Está doendo muito?
- Ah, você sabe como sou tolerante a dor, né? Então se perguntassem o nível da dor numa escala de 1 a 10 eu estaria gritando 11, mesmo que na realidade fosse 4!
- Ela não para de tagarelar desde que a bolsa estourou!- Falou Megan.
- Ai, é a ansiedade! Vocês sabem como eu sou. Preciso me descontrair de alguma maneira, falando é a melhor delas! Você não comprou meu chocolate, né?
- Eu... esqueci! Mas te compro depois que os bebês nascerem, vamos?
- Vamos! Mas se meus filhos sairem com cara de chocolate vou bater em você!
- Boa sorte, amiga! Que nossos afilhados venham logo para o mundo!- Disse Bárbara com os olhos brilhando. Se pudessem todos iriamos para o hospital, mas não sabíamos se seria rápido ou ainda iria demorar.
Dona Helena foi no volante, Dulce ao seu lado, enquanto Celeste e eu ajudavamos Rubie com os exercícios de respiração nos bancos de trás, o engraçado é que as vezes parecia que eu estava precisando de mais ajuda para respirar do que ela. Fizemos a contagem e Rubie estava tendo contrações de trinta segundos a cada seis minutos.
Ao chegarmos no hospital, passamos no balcão principal para fazer o registro de entrada. Empurrei sua cadeira de rodas até a sala de partos e, em seguida, a ajudei a se despir e a colocar a roupa do hospital. Rubie ficou um pouco vermelha por ter que ficar assim na minha frente e acho que eu também devia estar, ela disse rindo para descontrair:
- Porque está vermelho? Não é como se fosse a primeira vez que me vê nua!
- Dá primeira vez foi sem querer... querendo.
Rubie revirou os olhos e sorriu me dando um tapinha.
- Seu safado! Mas você ainda não viu nada! Espero que aguente o que está por vir.
Sorri mas me lembrei que teria que ver sangue, bastante sangue.
- Não sou muito bom com sangue...
- Vê se não desmaia!
- Não vou desmaiar...- Eu acho.
Depois disso ela se deitou e ficamos esperando o médico e a enfermeira entrarem, o que aconteceu alguns minutos depois. Fizeram alguns procedimentos para ver o quanto de dilatação Rubie estava, e o anestesista trouxe algo que devia ser para amenizar mais as dores, o que pareceu ter funcionado, mas Rubie ficou meio eufórica depois disso.
Tudo correu rápidamente, eu ficava segurando sua mão e uma perna dela, enquanto a enfermeira segurava a outra. Ela fazia força com algumas caretas e gritos de dor, Rubie segurou firme minha mão enquanto eu dizia palavras de apoio. Eles estavam vindo.

...

Um enorme sorriso se negava a deixar o meu rosto, enquanto observava detalhadamente aquele pequeno rostinho do bebê que segurava em meus braços. Um garotinho com os cabelos desgrenhados e loiros como os da mãe, suas expressões eram fortes e marcantes, o que também me lembravam muito a Rubie. Parecia um anjo.
Olhei para o lado e observei Rubie, que olhava fascinada para seus dois bebês idênticos, estávamos deitados juntos, cada um segurando um bebê.
- Eles são lindos, não são?- Perguntou ela, encantada.
- São mesmo... Parecem com a mãe.
Ela sorriu e disse:
- Eles tem o meu formato de rosto, meu nariz e orelhas... Mas essa boca não é minha!- Falou ela rindo.
O bebê que estava no seu colo abriu os olhos devagar e olhou para ela com seus belos olhinhos azuis, eram lindos e intensos. Rubie olhou para ele e depois fitou meus olhos sorrindo admirada, por incrível que pareça os olhos deles realmente se pareciam com os meus.
- Azul realmente se tornou uma das minhas cores preferidas!- Falou Rubie e nós dois rimos.
- Como se sente sendo abençoada em dobro?
- A pessoa mais feliz do mundo...
Passou a mão bem de leve no rostinho do bebê que eu segurava e ele pareceu sorrir por questão de segundos.
- Acho que é paixão a primeira vista...- Falei.
- Não tem como não amar esses dois anjinhos...
- Verdade, eu amo... eu amo vocês três...
Rubie me olhou emocionada, com seus olhos verdes brilhando e dizendo mil coisas. Olhei para seus lábios e ela para os meus, fechou os olhos e me deixou beija-la, um beijo terno, calmo, cheio de sentimento e a melhor coisa era que dessa vez não era uma mentira.
- Com licença, seus familiares estão pedindo permissão para entrar.- Disse uma enfermeira, nos tirando do nosso momento. Rubie sorriu e falou:
- Diga a eles que entrem, por favor.
Todos entraram e foi um misto de emoções, as garotas todas estavam emocionadas e com os olhos brilhando, Bárbara até chorou de felicidade. Dona Helena e Dulce olhavam para Rubie orgulhosas e fascinadas para os bebês, acho que as duas estavam se sentindo "avós". Miguel, Justin e Enzo davam os parabéns com um sorriso no rosto. Celeste parecia encantada com os bebês, não parava de admira-los e até Cíntia parecia realmente feliz pela Rubie.
- São tão lindos, querida... Parecem dois anjinhos vindos do céu!- Falou vovó Anabel também tentando segurar as lágrimas.
- Eu não disse que iriam se parecer com a mãe, vovó Bel?- Falou Rubie rindo.
- Parecem mesmo!- Disse Helena sorridente.
- Ah, mas esses olhos lindos são do John!- Disse vovó enquanto os dois bebês observavam o movimento.
Eu ri meio nervoso, mas amei o fato deles terem os olhos azuis, pareciam mesmo meus filhos. Eu sentia no meu coração que eram meus filhos.
- E como vai ser o nome deles?- Perguntou Dulce empolgada.
Rubie olhou para os dois sorridente, depois para todos nós e disse:
- Podem dar as boas vindas para o pequeno Rychard...- Falou olhando para o bebê do seu colo- E para o pequeno Ryan.- Disse olhando para o que estava no meu.
Ryan pareceu sorrir de novo, como se tivesse aprovado. Todos rimos e adoramos os dois nomes que pareciam feitos exclusivamente para eles. Sentimento de família reunida, de amor... Não tinha como ser mais perfeito do que aquilo.

Namorado de Mentirinha (Revisando)Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu