As Crônicas da Terra de Prata (Wattys2017)

CAPÍTULO 27 - O Feitiço

Passaram-se semanas e tudo estava tecnicamente bem. Todas as tardes eu treinava com Lua na floresta, e sendo bem sincera, estou melhorando muito. Já consigo criar bolas de fogo e atirá-las à longas distâncias e com ajuda do coração de dragão eu posso aumentá-las, descobrimos que Lily pode senrir o que os outros sentem, Lua chama isso de "empatia" eu gosto do nome. Lily está conosco permanentemente e nós estamos muito próximas, ela é como uma irmãzinha para mim, Lúcio está sempre em reuniões com Ágath e os outros líderes e Marcos está sempre caçando ou treinando pelo bosque. Tudo tem estado bem até então.

Estou na floresta treinando e meditando com Lua.

-Safira, irei ao riacho pegar água. Voltarei já.

Assenti, fechei meus olhos e continuei a meditar.

-Safira!.-ouço alguém me gritar com a voz vinda da cidade, olhei em volta e Lua ainda não estava por perto. Resolvi ir ver quem era.

Chegando lá era um garoto um pouco mais jovem que eu quem me chamava de dentro de um arbusto. 

-Oi? - perguntei sem entender o que o mesmo fazia ali em meio as folhas.

-Preciso falar com você.-Disse ele me olhando de baixo.

Me aproximei e me abaixei na sua altura.

-Quem é você?-perguntei baixinho.

-Meu nome é Nicholas, sou filho de Ágath e preciso da sua ajuda.

-Filho de Ágath?!

Eu nunca ouvi falar sobre esse filho dela, por algum motivo não o tinha visto em lugar algum, mas, pensando bem... Ele é idêntico a ela, os mesmos olhos claros e a pele branquinha como neve. 

-Como posso te ajudar?-perguntei o encarando.

-Eu ando notando coisas estranhas ultimamente...

-Que tipo de coisa estranha?

Ele mordeu o lábio inferior e olhou para os lados como se estivesse preocupado com algo ou alguém.

-Bom. Eu estou notando algo muito estranho ultimamente..

-Tipo?-Eu já estava ficando nervosa com a situação.

Ele deu um suspiro aliviado e senti algo passando dos nós indo para cima, olhei para o alto e vi que estávamos dentro de uma espécie de cúpula transparente. Olhei para Nicholas e ele cerrava os punhos pressionando-os contra a grama.

-Pronto, agora ninguém pode nos ouvir.

Assenti meio insegura, mas continuei a ouvi-lo.

-As coisas estão muito estranhas nessas ultimas semanas. Minha mãe anda muito mais ocupada que o normal, e ela ativou ele...

-Ele?-interrompi.

-Sim, o Grothom, o Gárgula da minha mãe e da minha tia, eu nunca vi elas o deixarem ativo.

Assenti, assustada com a notícia, porém apreensiva.

-É só isso?-perguntei exitante.

Ele pareceu nervoso, pôs a mão no bolso da bermuda e de lá puxou um pedaço de pergaminho.

-Eu encontrei isto na sala da minha mãe...-Ele me estendeu o papel e eu peguei o mesmo.

Era uma espécie de receita, estava escrita em símbolos eu não entendia nada do que havia escrito.

-É um feitiço, aí diz que durante o eclipse da lua de prata minha mãe e minha tia irão dar um sacrifício em troca do salvamento do mundo.

-Que sacrifício?

-A vida delas.

Meu coração "parou" por um instante, olhei em volta e percebi o que estava acontecendo, elas estavam tentando dar suas vidas para impedir que o mundo fosse destruído. 

Elas acham que eu não dou conta da minha missão.

Me levantei quebrando o círculo de magia feito por Nicholas, agradeci a ele e corri com o papel nas mãos em direção à nosso alojamento, chegando lá encontro Marcos e Lily jogando xadrez na mesa.

-Preciso mostrar isso a vocês-disse jogando o papel na mesa.

-O que é isto?-perguntou Lily confusa.

-Isto é Ímeco antigo, a língua tradícional dos feiticeiros da terra de Prata.

-Aqui diz que Lua e Ágath seram dadas como sacrifício para salvar o mundo. Ou seja, me salvar. Eu não vou sentar e assistir a isso. Nós vamos embora. Hoje!- encarei Marcos que olhava para o pergaminho sem acreditar.

-Onde está Lúcio?

De trás de mim Lúcio me respondeu.- Como conseguiu isso?

Me virei e vi Lúcio jogando a bola sobre a cama e cruzando os braços.

-Você sabia?

-Não vem ao caso Safira, onde achou isso?

-Não interessa Lúcio! Elas vão se matar e você ia deixar?

-Foi escolha delas.

-Então é minha escolha não querer que ninguém mais se machuque por mim.-passei pro Lúcio cortando o ar ao seu lado.

-Safira, volte aqui.

Marcos se levantou e o parou antes que me seguisse. Lúcio apenas assentiu e se sentou à mesa.

Corri para o bosque e pus-me a chorar a beira do riacho.

-Apareça Marcos.

Marcos apareceu em forma de lobo de trás de uma árvore logo ao meu lado, destransfigurou-se em humano e se sentou ao meu lado.

-Será que o meu destino é ver todos se sacrificando por mim e não fazer nada a respeito?

-Sá...as pessoas tem prioridades, elas estão fazendo isso pela causa delas. Elas sabem dos riscos.

-Nós vamos embora amanhã bem cedo e eu mesma vou dar um jeito nisso.

Marcos encostou sua cabeça em meu ombro.