Capítulo 11

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Guilherme 

Cheguei ao trabalho com a sensação de dever cumprido, depois de várias tentativas frustradas na noite anterior de tentar falar com Sara pelo celular, deixei recado no telefone da empresa encerrando de vez nossa transição de negócios. 

Dessa vez tinha sido demais. Era muita incompetência para uma empresa, e se havia uma coisa que deixava tudo pior era a negligência com minha situação delicada.

Mas graças a Deus não teria mais que me preocupar com pretendentes malucas. Hoje era um novo dia na vida de Guilherme Polini.

— Bom dia cara - disse Adam entrando como sempre sem a mínima cerimônia em meu escritório, interrompendo meus pensamentos.

— Eu queria sabe se eu entrasse assim na sua cozinha abrindo o forno, no meio do expediente o que você iria achar.

— Você nem brinca com isso cara, piada sem graça - disse Adam fechando a cara.

— Mas fala Adam, o que você quer?

— Está bolado? Qual foi o problema? O encontro de ontem não foi bom?

— Nem me fale, foi o pior de todos. Mas eu já resolvi o problema.

— Fique interessado em como você resolveu o problema.

— Demiti a agência da Sara e da mãe dela - Adam fez uma cara de horror, digna de um bom filme de terror.

— Eu sabia que você ia fazer isso! - cocei a cabeça tentando entender do que ele estava falando.

— Do que você está falando?

— Eu sabia que você ia dar para trás, eu sabia que ia desistir fácil. Sinceramente eu deveria ter aceitado a ideia do Javier e ter feito um bolão.

— Você contou para os funcionários do Bistrô que eu tive que procurar casamenteiras para arrumar um casamento? Eu não acredito nisso Adam! Você não vale nada - falei quase dando um soco no meu suposto melhor amigo.

— Nem vem com essa marra toda, você sabe muito bem do que estou falando. Sempre que você começa a ver dificuldade, larga tudo.

— Não é verdade!

— É sim! Você não se esforça para achar uma pessoa bacana, eu não sei o que você realmente quer da sua vida, mas estou começando a achar que não é arrumar uma namorada.

— Mas...

— E nem adianta colocar a culpa no pobre do Ben, porque aquele menino mal completou quatro anos e já leva a culpa de tudo. Eu só gostaria de ouvir isso da sua boca. Diz Guilherme, diz a verdade.

Refleti as palavras que meu amigo tinha acabafo de falar, e era duro admitir, mas dessa vez ele estava com a razão.

— Adam eu... - Ouvi o som de alguém batendo na porta do escritório - entre.

— Senhor Guilherme.

— Fala Javier.

— O garçom novo chegou para trabalhar.

— Ok. Diga que eu já estou descendo - espero Javier sair e me viro para Adam - mais tarde a gente conversa sobre isso, pode ser?

— Guilherme, eu só quero o seu bem, você não me deve satisfações ou nada do gênero, mas apenas  reflita no que eu te disse.

Saí da minha sala repensando em tudo o que Adam tinha me falado e em como aquele filho da mãe estava certo.

Encontrei o novato no meio do salão e fui até o encontro dele para dar as instruções de como seria o serviço.

— Oi meu nome é Guilherme e eu sou o dono e gerente daqui. Você é o…

— Prazer senhor Guilherme, meu nome é Paulo.

— Corta essa de senhor e estará tudo certo. Aqui apesar do ambiente profissional tentamos ter uma relação bem tranquila e leve com todos os funcionários.

— Tudo bem.

— Bem então vamos ao trabalho, deixe eu te mostrar como será a sua função.


Estava dando as instruções finais para Paulo sobre o que ele precisa fazer no bistrô quando senti um toque delicado em meu ombro.

— Oi Guilherme, podemos conversar?

Confesso que levei alguns segundos para me recuperar do susto, pois de todas as pessoas que poderiam estar aqui no restaurante, Sara não era a minha primeira opção.

— Claro. Podemos sim, mas vamos ao meu escritório.

Chamei Javier para acabar de instruir o garçom novo e subi com Sara para a minha sala.

— Acho que aqui teremos um pouco mais de privacidade. 

Ela olhou ao redor da minha sala de forma rápida e discreta, como se estivesse tentando descobrir informações sobre mim.

— Então vim aqui para conversarmos olho no olho - disse ela se ajeitando na cadeira.

— Pode falar.

— Primeiramente quero pedir desculpas a você pelo que está acontecendo, antes de vir para cá minha mãe me ligou e contou que o computador da empresa foi atacado por um vírus e isso embaralhou todas as fichas dos nossos clientes.

— Ah… Então foi isso. Eu já estava começando a duvidar da qualidade do trabalho de vocês.

— Eu acho que você não foi nos procurar sem nenhuma referência de nosso trabalho. Nossa firma não começou ontem Guilherme, eu não admito que duvidem da minha capacidade e da minha mãe de gerir esse negócio, que mesmo sendo pouco ortodoxo nos faz bem felizes.

— Me desculpe, não foi minha intenção - minto, pois na verdade eu duvidei desde o início da eficiência das duas.

Como se estivesse lendo meus pensamentos Sara levanta a sobrancelha para mim.

— Eu vou fingir que acredito em suas palavras.

Sorri de lado, impressionado com a audácia de Sara ao me enfrentar tão diretamente. Levanto as mãos em sinal de rendição, pois não adiantava negar.

— Eu me rendo. Você me pegou.

— Se não queria nossos serviços e não confiava em nós por quê nos procurou afinal de contas?

— Isso é uma longa história. Mas resumindo, meu amigo me obrigou! - Sara deu uma risada espontânea e me peguei sorrindo junto com ela.

— Olha eu preciso ser sincera com você Guilherme, nunca na minha vida eu poderia imaginar que essa seria sua resposta.

— Posso saber o motivo? - perguntei cruzando os braços. 

— Bem, você sempre foi muito engraçado quando se apresentava no...

Ergui minhas sobrocelhas, curioso por ela saber algo que muitos nem deveriam prestar atenção quando participei do programa.

— Vejo que você sabe mais da minha vida do que deixou transparecer. 

Sara ficou vermelha com minha reação e de repente eu descubri o motivo do seu desconforto. 

— Você sabe quem eu sou!

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