Capítulo 6

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Sara

A primeira coisa que pensei foi pular no pescoço de Guilherme, falar que eu o amava e queria me casar com ele, depois gritar e exigir explicações pelo seu sumiço, deixando todos sem explicações. Então me lembrei que era uma pessoa adulta e que não tinha o quarto coberto de pôsteres dele, e que não me lembrava de todas as músicas que ele havia cantado no programa em que ficou em segundo lugar.

A segunda coisa, foi que ele havia se casado e tinha um filho de três. Nossa, nem tinha percebido que já tinha passado tanto tempo desde a última vez em que tinha visto ele. Lembrei que quase deixei minha mãe louca para comprar uma passagem de avião para assistir a final do programa em Los Angeles.

Foi a maior emoção da minha vida. Consegui sentar na primeira fileira, depois de pagar uma pequena fortuna para uma garota para ceder seu lugar, tudo para ficar de frente para ele. Ele cantou duas músicas, a primeira, parecia que tinha sido em minha homenagem, porque em algum momento ele encontrou meus olhos e meu coração quase saltou pela boca. Aquele momento foi mágico, não havia ninguém, apenas nós dois.

Então a realidade me tomou e meu "Fantástico mundo de Sara" desabou por terra e nossos caminhos foram separados.

— Sara, está me ouvindo? – pisquei algumas vezes até perceber que era minha mãe me chamando – está tudo bem?

— Sim, claro, perdão...

Pigarreio e voltei a olhar para Guilherme. Ele agora me olhou e por um momento, eu esperei que ele me reconhecesse, mas isso não aconteceu.

— Eu não sei exatamente o que eu procuro, talvez alguém que goste das mesmas coisas que eu, goste de criança, passeio ao ar livre, um cinema, teatro...

Era isso, ele realmente não se lembrava de mim. Também, quem lembraria com tantas mulheres caindo aos seus pés logo após fim do programa?

— Vamos encontrar alguém nesses parâmetros senhor Polini – falei terminando de digitar as qualidades de uma esposa perfeita.

— Podemos nos tratar apenas pelo primeiro nome, acho que já passamos da primeira fase – ele disse exibindo aquele sorriso que eu já havia visto um milhão de vezes.

— Claro – devolvi o sorriso.

— Acho que estamos com tudo pronto para começar a seleção. Nos dê dois dias para encontrar o seu primeiro encontro. Vendo do que você gosta, não será difícil – disse minha mãe se levantando.

Guilherme fez o mesmo deixando-me uma bela visão do seu corpo. Havia ganhado um pouco de massa muscular, mas nada exagerado. Lutei para me levantar, enquanto ajeitava minha roupa.

— Vou ficar aguardando sua ligação, então – disse Guilherme oferecendo a mão para cumprimentar minha mãe.

— Vou deixar essa parte com Sara – minha mãe saiu de trás de sua mesa e ficou de frente para ele – espero que encontre o que procura meu jovem.

— Eu também. Tenham um bom dia.

Eu e minha mãe ficamos lado a lado enquanto víamos Gui atravessar a porta. 

Quando a porta enfim foi fechada, a encarei.

— O que a senhora está fazendo aqui?

— Bom dia para você também – disse seguindo para a porta também.

— Pode ir parando por aí. Você me deu carta branca para assumir a empresa e hoje quando chego, a encontro de papo com o cliente?

— Era Guilherme Polini.

— Sim, eu sei.

— Ele não era sua grande paixão?

— Não era minha grande paixão, eu gostava de como ele cantava – falei com se não fosse grande coisa.

— E aquele fase chata, que você me perturbou por semanas para que eu lhe comprasse uma passagem aérea para Los Angeles, foi apenas porque você gostava da maneira como cantava?

— Eu era mais nova mãe...

— E o que mudou nesse meio tempo?

— Virei adulta e parei de assistir esses realitis 

Ok, acho que posso ter mentido um pouco. Eu ainda era viciada nesses programas, mas ela não precisava saber. Morar sozinha havia seu lado bom, ninguém para tomar conta da minha vida.

— Você podia vir jantar hoje com sua mãe, faz tempo que não fazemos isso. Podemos aproveitar para ver a lista das selecionadas.

— Marquei um cinema hoje.

— Com alguém que eu deva saber?

— Mãe, por favor, me coloque fora da lista de "procura-se um namorado". Estou bem sozinha. Vou sair com a Cíntia. 

— Amanhã então?

— Claro.

Eu amava minha mãe, mas ela tirava todo o seu tempo livre para me arranjar um namorado. Era como se isso tivesse se tornado sua missão.

Voltei para a mesa e comecei a dar uma olhada mais detalhada nas candidatas. Seria uma longa manhã.

A ProcuraWhere stories live. Discover now