2Almas 1Coração (5/Romance/fantasia)

Capítulo 36 - Reinado de Dorian

6 meses depois....

Dorian...

- Então vai confirmar o que eu estou dizendo? – o demônio de braços amarrados para trás e ajoelhado a minha frente nega e murmura que isso não é verdade.

- Bom... eu recebi a informação de fonte segura, então se não me disser a verdade, sua pena será bem pior, você quem decide. Ele levanta sua cabeça e me encara.

- Eu ataquei aquele anjo pelas costas e o matei... ele se meteu onde não devia.. merecia morrer.

- E quem você acha que é para matar alguém pelas costas?

- Eu sou muito mais poderoso que aqueles anjos.

- Ele te atacou primeiro? – o demônio nega com a cabeça.

- Qual foi a minha ordem geral? – eu grito.

- Não atacar um anjo sem ele te atacar primeiro.

- Muito bem. – digo e levanto minha espada, em um só golpe sua cabeça rola no chão. Os guardas ao meu lado me olham assustados.

- Não me olhem assim, ele sabia muito bem a regra e desobedeceu uma ordem direta. Agora levem esse corpo daqui. – digo voltando a me sentar no trono, limpo a lâmina da espada com um pano. Ser rei do inferno não é fácil, eu dei uma única ordem, "não atacar um anjo sem ele te atacar primeiro", e parece que esses demônios não entendem isso, respiro fundo.

- Dorian. – minha mãe entra gritando na sala do trono. – Quer acabar com o inferno?

- Não... é só eles não desobedecerem minhas ordens que não os mato mais. – Já perdi a conta de quantos morreram, o fato é simples, não me obedeceu, morre e não mando matar, eu mesmo faço o serviço.

- Eu não concordo com suas atitudes. – e a sua majestade vai começar com aquele papo chato de novo.

- Pode parar, se não corto sua língua. – ela fecha a boca, claro que não vou fazer isso, mas ela não precisa saber.

- Eu sei muito bem o que vai dizer e já vou avisando, o acordo foi você não se meter nas minhas ordens, então bico fechado. – digo fazendo sinal de silêncio com a mão.

Me coloco de pé e passo por ela, mamãe segue com os olhos meus movimentos, ela quer me matar, mas ela quer muito mais o livro e sabe que se me matar, ela não o terá.

Saio da sala do trono e caminho para meus aposentos, seguido de dois guardas de confiança, ou pelo menos acho que são, escolhi a dedo.

Lembro do dia que cheguei com o livro, entrei naquela mesma sala com o coração partido por deixar Agatha e com esperanças de ganhar o trono, Sua Majestade, arregalou os olhos quando viu o livro em minhas mãos e correu para pega-lo, coisa que não deixei fazer, até parece que ela iria me devolve-lo, uma vez na mão de mamãe, já era. Exigi que ela cumprisse a parte dela no acordo e assim foi feito, mas vi que fazia contra vontade, no mínimo achou que eu não conseguiria, engano dela. Claro que Agatha teve grande participação disso, devo a ela e por isso, mesmo sem ela aceitar o acordo, vou cumpri-lo.

Esta sendo difícil deixar os demônios longe dos anjos, mas aos poucos eles entram nos eixos, que vão brincar com os humanos. O fato de deixar os demônios longe dos anjos, não são por eles, por que eu não tenho o mínimo de interesse em protegê-los, mas lá está a pessoa que eu amo e não quero que ela se machuque ou morra por um demônio. Poderia dizer para não encostar só nela, mas daí revelaria todas as minhas intenções em cima daquele anjo, deixando-nos vulneráveis a ataques.

Sinto saudades dela, daquele perfume de canela, da pele macia, dos seus beijos e até de sua voz, faz 6 meses que não a vejo e cada dia que passa a saudade aumenta.

Paro na frente de meus aposentos e entro sozinho, preciso de um tempo a sós. Abro o livro e começo a folhear, esse livro é um tremendo de um fofoqueiro, tenho a impressão de que ele sabe os movimentos de todos no céu e no inferno, ele que é minha fonte segura, afinal precisei dizer uma única vez para ele sobre minha ordem e todo dia ele me mostra a lista de quem não a cumpriu e descreve minuciosamente o que aconteceu. Fecho o livro e coloco o pingente no pescoço, é o lugar mais seguro que encontrei, deixá-lo comigo 24 horas.

Deito na cama e encaro o teto, a majestade está uma fera comigo, mas ela vai ter que agüentar quietinha, afinal eu sou o rei. Sinto que estou sorrindo, mas meu sorriso logo se desfaz com a imagem de Agatha na mente, de 24 horas que existe no dia, 25 estou pensando nela.

Fecho os olhos e fico sonhando acordado com meu anjo. Um toque quente em meu peito me desperta, já até sei o que é, o livro preto esquenta quando tem algo a dizer, acho que ele tem vontade própria, por que é incrível, consigo ter um diálogo com ele.

O abro e ao ler as primeiras palavras sinto que meu rosto de abre em um grande sorriso, é hoje que mato as saudades de um certo anjo, guardo o livro e me arrumo para sair, mas tenho que tomar cuidado, afinal ninguém pode saber.

Tudo pronto e não sei como sair sem ninguém me ver afinal sou o rei agora e todos prestam atenção nos meus passos. Abro o livro e ele me indica uma passagem secreta escondida em uma das salas do castelo. Tenho que ir até lá, mas se sair do quarto com o uniforme e preparado para lutar, vão achar estranho.

Lembro de uma peça de roupa que ganhei anos atrás, achei que nunca usaria isso e joguei dentro do guarda roupa.

- Achei. – digo e puxo o embrulho, coloco sobre a cama e o abro, estico e uma capa preta, digno de um rei, surge aos meus olhos, ela vai até os meus pés, a jogo sobre os ombros e prendo a frente na altura do peito, os braços também ficam escondidos, me olho no espelho e riu de mim mesmo, pareço um padre ou pastor com sua roupa de culto, apesar que essa é bem mais bonita, o tecido é de um preto fosco e por dentro um vermelho sangue toma conta. O mais legal é que ela tem uma touca, assim consigo esconder o rosto.

- Bem assim ninguém vai ver minhas roupas e digo que essa capa é só para me destacar dos demais, me dando um ar de rei medieval, só falta a grande coroa. – pego os últimos pertences e saio do quarto. Os guardas me encaram e não digo nada só caminho para a sala que o livro indicou, mas como gosto de deixar meus seguranças loucos eu entro em um outro quarto, saio pela outra porta dos aposentos e entro na sala indicada, nunca entrei aqui, o castelo é tão grande que tem lugares que são desconhecidos até mesmo para a majestade.