Capítulo 11 - Hora de partir

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Agatha...

Dorian dorme, parece que não irá levantar tão cedo, é a minha chance de partir, sinto um aperto no peito, como se estivesse deixando algo importante para trás. Balanço a cabeça, não ele não é importante, não vou acordá-lo, ele não deixará eu ir e me seguirá. Não posso aceitar sua proposta, se eu me juntasse com ele para achar o livro, tenho certeza que me meteria em problemas.

Coloco as últimas coisas na bolsa, já coloquei o uniforme, a neve parou de cair e já derreteu uma boa parte, o sol está alto, mas continua frio. Prendo minha espada na cintura e confiro se peguei tudo.

Olho mais uma vez para Dorian e me dirijo a porta, paro e volto a olhá-lo. Pego meu caderninho e escrevo um bilhete, rasgo a folha e volto para o lado da cama, coloco sobre o bidê, prendendo embaixo da xícara, que ele havia largado ali.

Olho seu rosto jovem e passo de leve a mão nos seus cabelos, uma vontade louca me toma conta e beijo sua testa de leve.

- Se cuide. – sussurro e me afasto, saindo rápido da cabana, antes que desista ou ele acorde, o destino agora é o local onde o livro azul foi encontrado, por que aqui não achei nada de útil.

❧❧ ❧❧ ❧❧

Dorian...

Escuto um barulho de porta bater, abro os olhos e percorro o local, onde está Agatha?, ela não.

- Que raio. – pulo da cama e corro para fora da cabana, olho para os lados e nem sinal dela. – Ela foi embora. – sinto um vazio no peito, como se estivesse acabado de perder algo importante.

Entro e olho ao redor, não tem nada dela aqui, não deixou nada, sento na cama e olho a xícara, um papel me chama atenção. O pego.

- Adorei te conhecer, Agatha.- leio em voz alta.

- Eu não. – Amasso o papel, mas me arrependo. – Você fez algo comigo, você me mostrou que eu tenho um lado bom. – Sinto raiva de mim, muita raiva, como ela pode dizer que adorou me conhecer, ela deveria ter escrito que passou as piores horas de sua vida ao meu lado. Sinto algo escorrer no meu rosto, passo a mão e é sangue, mas não estou machucado, me levanto e corro até o espelho do banheiro.

- São lágrimas. – digo assustado. Nunca caiu uma lágrima sequer dos meus olhos, como esse anjo conseguiu fazer isso, como ele consegue fazer eu chorar sangue. Soco o espelho, que se torna em mil pedaços, minha mão sangra, mas não sinto dor, as lágrimas não param e caio sentado no chão.

- Isso não pode estar aconteceu... o que ela fez? – digo secando o rosto.

- Vou encontrá-la. – fico de pé. Sinto que minha alma queima como fogo, ela conseguiu me irritar de verdade, não entendo por que estou assim, mas a vontade que sinto é de matá-la.

Recolho minhas coisas e me visto com o uniforme, ele cheira a canela, o mesmo cheiro que Agatha tem, não deveria tê-la deixado lavar, agora vou ficar com o cheiro dela por todo o corpo, aff.

Pego o bilhete e analiso o papel, pelo tamanho é daquele caderno que ela não larga, ótimo, vou conseguir rastreá-la. Se ela achou que eu não conseguiria mais encontrá-la, se encana. Uma coisa que aprendi com o tempo de vivência no inferno, tenha sempre uma carta na manga.

Tiro um frasco da bolsa, o líquido é prata, fruto de um pequeno roubo que fiz, mas isso não vem ao caso. Coloco duas gotas sobre o papel parado na palma de minha mão, fecho os olhos.

- Norte. – ela foi para o norte, um sorriso macabro se forma em meu rosto, ela não deveria ter saio assim.  

2Almas 1Coração (5/Romance/fantasia)Where stories live. Discover now