Capítulo 8 - Dia dois

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Dorian...

Agatha dorme como uma criança inocente, a sua pergunta ecoou na minha cabeça a noite toda, "por que se importa?", não respondi, eu não sei o que responder, não sei porque estou a me importar com ela, o feitiço vira contra o feiticeiro, eu só queria o livro, mas algo me diz que não é só isso que quero. Como posso mudar de opinião tão rápido, nem a conheço, mas sei, ela não é cruel, ela é um anjo, um anjo lindo. Suspiro vagarosamente e a vejo dormir virada de frente para mim, talvez seja atração física, ou alguma energia que os anjos tem para atrair bondade nas pessoas.

Ela acha que não sou um ser cruel, coitada, posso ser mais cruel do que a própria rainha do inferno, mas não sei, não consigo machucá-la. Ameacei de bater, mas sei que não levantaria uma mão sequer para fazer tal ato contra ela, Agatha tão tem medo de mim, parece que me entende, mas sei que não.

- Oi. – ela diz vendo que estou a analisando sua face.

- Oi. – digo encontrando seus olhos.

- Dormiu bem?

- Não consegui dormir.

- Está com dor? – ela parece preocupada.

- Não.. a cabeça que resolveu não descansar. – ela sorri fraco.

- Quer café?

- Sim, com muita canela. – digo sentindo que estou sorrindo de leve, sem mostrar os dentes.

Ela se levanta, esticando todo seu corpo e asas, a marca do machucado e visível, mas está praticamente sarado, não fez corte, só arrancou algumas penas e arranhões mais leves.

Acompanho com os olhos ela se mover, sentindo uma vontade enorme de abraçá-la. Como será que é abraçar um anjo?, passo a mão no rosto, Dorian se liga, o que está acontecendo com você?

- Me conte como você virou um anjo de alto escalão. – digo me sentando na cama e colocando o casaco.

- Longa história.

- Acho que temos tempo. – ela olha para mim e suspira.

- Quando morri, faz tanto tempo que nem sei quantas décadas, eu me tornei um anjo de oração, como tive um bom desempenho, resolveram me ensinar os procedimentos dos anjos de cura, estávamos em guerra com vocês, perdemos muitos anjos, consegui curar alguns, mas não era o suficiente, diminuímos rápido, mas vocês também diminuíram, a guerra começou quando acharam que o céu tinha conseguido todos os livros, acho que foi uma desculpa para começar a matança. Algo aconteceu, não sei o que exatamente, os demônios recuaram assim como o céu. Os anjos que sobraram foram encarregados de ensinar os novos anjos e assim subi de categoria novamente.

- Ouvi falar dessa guerra. – ela me olha.

- Perdi a conta de quantos demônios eu matei nela. – engulo em seco. – Achas que não posso ver cruel? Não me arrependo de tê-los matado.

- Faria novamente?

- Só se não tivesse escolha, como aconteceu, era eu ou eles. – ela acaba de preparar o café.

- Mataria mesmo que fosse alguém que você gosta-se?

- Você mataria alguém mesmo que gostasse? – Não respondo, não sei o que responder, me levanto e sento na cadeira de frente a mesa.

- Não somos assassinos, mas podemos nos tornar um.

- Mas você não caiu?

- Não, só caímos se perdemos nossa essência principal, eu não quebrei regras, eu estava me defendendo.

2Almas 1Coração (5/Romance/fantasia)Kde žijí příběhy. Začni objevovat