Capítulo 6

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O intervalo já tinha acabado e Alice não apareceu na aula. Aquilo era muito estranho, já que ela nunca faltava. Algo devia estar muito errado.

Quando a aula acabou, a primeira coisa que fiz foi passar na casa de Alice. O carro da mãe e do padrasto não estava na garagem, então ela deveria estar sozinha. Toquei a campainha, mas ninguém atendeu. Eu não conseguia parar de pensar que aquilo não estava certo.

Respirei fundo, tentando fazer com que meu cérebro parasse de me pregar peças. Alice poderia só estar se sentindo mal, ou poderia estar com sua mãe. Eu tentei acreditar naquilo, mas então ouvi um barulho vindo da casa. Era vidro se quebrando, e vinha do quarto dela.

Sem pensar duas vezes, tentei abrir o portão. Para minha sorte, estava aberto, o que era muito estranho. Quando menos percebi, já estava dentro da casa dela. Não estava mais vazia como da primeira vez em que fui para lá, e as caixas de papelão tinham desaparecido. Chamei Alice, mas ela não me respondeu. Coloquei minha mochila ao lado da porta.

Enquanto subia as escadas, algo dentro de mim não me fazia parar de pensar que algo estava muito errado. O ar daquela casa estava pesado, e eu me sentia mal.

Então, quando cheguei ao segundo andar, a porta do quarto de Alice estava fechada. Bati na porta, mas ninguém respondeu. Decidi entrar, e não estava preparado para o que vi.

Alice estava deitada na cama, com vários vidros e cartelas de comprimidos à sua volta. Cacos de vidro, talvez de um copo, estavam espalhados pelo chão de madeira. Ela estava pálida, e parecia que mal respirava.

Corri até ela, me sentando ao seu lado na cama.

— Alice! — Praticamente gritei, chacoalhando seu corpo pequeno. Ela parecia tão frágil naquele momento. — Alice, o que aconteceu?

Ela não disse nada. Ela nem mesmo se mexeu. Coloquei meu ouvido perto de seu coração, e por Deus, ele ainda batia.

Ela tinha tomado todos aqueles remédios, e eu precisava tirar tudo aquilo de seu corpo o mais rápido possível, ou seria tarde demais.

Sem pensar muito, coloquei meu dedo em sua garganta. Ela precisava vomitar tudo aquilo. Seu corpo reagiu, mas nada aconteceu. Eu tentei de novo, e finalmente consegui. Ela expeliu tudo aquilo, como se colocasse para fora todo o sofrimento que ela sentia.

Ela ainda estava fraca, e então peguei meu celular e liguei para a emergência. A atendente me avisou que eles chegariam em dez minutos, e me pediu para não deixar Alice dormir.

Eu olhei para ela, e eu só conseguia enxergar dor em seus olhos azuis cheios de lágrimas. Ela estava machucada por dentro, de uma forma que eu nunca tinha presenciado.

— Alice… — Eu sussurrei, ainda tremendo. — Por que?

— Eu não consigo mais, Isaac… — Ela fungou, colocando as mãos nos olhos. — Não posso…

Eu não sabia o que dizer. Nada do que eu dissesse poderia mudar algo. Mesmo sendo a pessoa mais forte que eu conheci, ela também tinha seus demônios. Eles também a atormentavam.

E eu não disse nada, mas a abracei. Queria que ela deitasse a cabeça no meu ombro e chorasse até que tudo aquilo passasse. Coloquei meus braços em volta de seu corpo e não a soltei nem por um segundo. Era tudo o que eu poderia fazer naquele momento.

E ela chorou em mim até a emergência chegar. Os paramédicos levaram ela até a ambulância, e me pediram para avisar os pais dela. Eu não poderia acompanhá-la até o hospital sozinho. A ambulância saiu, me deixando na calçada.

E foi naquele momento que eu percebi que também chorava. Saber que quase a perdi me massacrou por dentro.

Eu não poderia perde-la.

~*~*~*~

Oi meus amores!

Devo um enorme pedido de desculpas a vocês pela minha demora. Minha vida está uma bagunça, e ainda tenho que estudar, mas não pude deixar de publicar este capítulo hoje!

Espero do fundo do meu coração que tenham gostado.

Outra coisinha: nosso livro alcançou as 400 leituras! Muito obrigada mesmo, vocês são os melhores do mundo! Agradeço também por todos os votos e comentários maravilhosos, que me motivam cada vez mais.

Amo todos do fundo do meu coração, e espero vocês no próximo capítulo!

Beijos ♡

Asas de VidroWhere stories live. Discover now