Capítulo 33 - Tchau, Ken

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Pela primeira vez em muito tempo, era segunda-feira e eu estava de bom humor. O caminho até a faculdade pareceu passar mais rápido que o normal e quando me dei conta, já estava sentada assistindo às aulas. Não que eu tenha conseguido aprender qualquer coisa, mas isso não importa. Não quando se é um lindo dia de segunda-feira, como hoje.

– Que porcaria de dia! – Olga resmunga quando senta em minha frente, no restaurante. – E ainda nem acabou.

Eu decido não dizer nada, porque já sabia que o motivo pelo qual estava irritada era o mesmo de sempre: Sebastian. Honestamente, não quero que nada estrague meu bom humor de hoje.

– Está sorrindo por quê? – suas sobrancelhas estão franzidas e sua expressão mostra um pouco de nojo, como se fosse um absurdo eu estar sorrindo.

Não que eu tivesse percebido que estava com um sorriso no rosto.

– Nada – respondo, neutralizando minha expressão. – Acordei feliz.

– Sei.

Comemos em silêncio, o que é melhor do que comer ouvindo Olga reclamando. De onde estou agora, a solução para seu problema me parece muito simples - uma conversa básica com Sebastian resolveria tudo. Mas decido ficar quieta, porque, bem, eu mesma não estava pensando claramente até dois dias atrás.

– Sabe o que é o pior de tudo? – ela diz, frustrada, me pegando de surpresa. – Eu ainda assim quero ficar com ele!

– Então converse com ele.

– Fácil falar, não é? – sua expressão é de escárnio, e quando ela volta a falar, não estou mais prestando atenção.

Não porque sou uma amiga ruim, mas porque vejo Noah entrando no restaurante. Seria difícil não percebê-lo: as roupas brancas, o cabelo escuro e a pele bronzeada... E o grupo de garotas envolta dele.

Por causa das roupas, sei que também são alunas de Medicina, e por esse motivo mando a pequena pontada irritante em meu peito calar a boca. Não há problema nenhum que Noah esteja almoçando com suas colegas de sala. Quero dizer, eles provavelmente estão conversando sobre alguma coisa relacionada às aulas, não é?

Só quero saber o que aconteceu nessas aulas que está fazendo a loira de camiseta justa rir tanto agora.

Balanço a cabeça e volto a olhar Olga, que continua a falar sem parar. Quase me sinto mal por não estar a ouvindo de fato, mas a loira toca o ombro de Noah quando se sentam à mesa poucos metros de onde estou, e digo adeus para qualquer concentração que eu ainda tinha. Ela finge tirar alguma coisa da camiseta dele e dá um sorriso que eu só posso entender como um convite para que ele enfie sua língua na boca dela. Noah sorri, agradecido, e dá um gole de seu refrigerante.

– Bem-vinda ao clube. Homens são uma merda.

Olga enfia uma grande garfada de macarrão em sua boca e me olha como se estivesse planejando nossa futura vida como freiras.

– Ele não está fazendo nada de errado – eu afirmo, mexendo a comida em meu prato.

– Então por que você está com essa cara?

– Por nada. Noah pode ter amigas. Isso não é um problema pra mim.

– Pois Sebastian não pode ter porcaria de amiga nenhuma, e ainda assim, olhe esse idiota – reclama, apontando para Sebastian, que acabara de entrar no restaurante acompanhado de uma mulher bem mais velha.

Quando você foi emboraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora