Capítulo 8 (Nick)

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Estou em Nova Iorque há menos de dez horas e já estou saindo novamente daqui. Desde o primeiro dia em que pus os pés de volta na cidade, sempre quis um pretexto para sair. Para qualquer lugar que fosse. Se fosse para ir à Miami, melhor ainda. Hoje, esse "pretexto" me caiu como uma luva. Envio uma mensagem pra Ellen dizendo que estou voltando e, apertando o cinto bem forte durante a decolagem de volta à Miami, permito-me pensar sobre os eventos do dia que me levaram a tomar tal decisão.

Depois de deixar o quarto da Ellen de manhã, mais uma vez com o coração nas mãos e a cabeça um pouco mais fodida do que já estava, voltei imediatamente para Nova Iorque. Meu piloto mal teve tempo de descansar direito e eu já o estava arrastando novamente para o céu. Pensar nela com aquele cara foi suficiente para me fazer beber até quase chegar em casa. Também procurei a ajuda das minhas fiéis pílulas, mas não as encontrei. Devo ter deixado cair em algum momento enquanto tentava transar com ela de manhã.

De qualquer forma, quando entrei no meu apartamento e vi a Ada tão acolhedoramente familiar em minha cozinha, conversando com a minha mãe, minha cabeça entrou em parafuso e a única saída que eu encontrei foi sair dali e ir beber – mais – em algum bar por perto. Acabei indo parar na boate do Jeff e lá sim, afoguei minhas lágrimas.

Passavam das seis da noite quando meu celular tocou no meu bolso. Atendi e levei um soco no estômago com as informações que meu detetive particular – que eu coloquei para vigiar os passos do Mike e da irmãzinha safada dele antes de ir pra Miami resolver a venda das minhas propriedades – me disse. Ele a grampeou e segundo as informações que obteve, Molly tinha muitas informações importantes para mim em seus arquivos pessoais e do trabalho, mas não me passou porque queria ter um trunfo maior na manga, então me dava pequenas coisas apenas para garantir que eu faria a minha parte no nosso acordo. Dar orgasmos a ela e fazer de tudo para que ela conseguisse a presidência da empresa da sua família.

Logo depois, começamos a trabalhar para descobrir que informações eram essas e não demorou muito para que os meus peritos em TI conseguissem o que ela me escondia. Tinha a ver com o seu irmão e tinha tudo a ver comigo. Eram gravações e mais gravações telefônicas entre o Mike e um número em Miami. Em nenhum momento foram mencionados nomes, mas quando eu vi o foco das conversas, ficou claro como água quem era a pessoa paga por ele na cidade onde eu morava. Asher.

Aquele filho da puta foi contratado pelo Mike especialmente para se infiltrar na vida da Ellen e causar exatamente o que causou: a nossa separação. Nas conversas que a Molly tinha grampeadas, o Mike e o Asher discutiam sobre os detalhes de como o "amigo" da Ellen deveria agir, o progresso, minhas reações e finalmente, a constatação do nosso término após ter armado uma cena no apartamento dela para que eu pensasse que eles tinham transado.

Todas essas informações me embrulharam o estômago de forma tão brutal que eu não consegui chegar ao banheiro a tempo. Vomitei no chão imaculado do meu escritório. Será possível a Ellen me perdoar pela cagada de proporções épicas que eu cometi com ela? Um erro. Um engano. Tudo provocado por um cara que um dia já foi meu melhor amigo, meu irmão. E tomado por ódio repentino, fui fazer uma rápida visita a ele na Mcorp.

[...] — Você passou de todos os limites, Mike. — entrei gritando em seu escritório com a sua secretária no meu pé.

— Desculpe, senhor McAllister, mas ele não me ouviu quando disse que não podia entrar sem ser anunciado.

Ele apenas sorriu e a dispensou com um aceno de mão exagerado.

— Que prazer vê-lo, Nick.

Andei até ele com nada mais do que ódio assassino nos olhos. Pus as mãos na sua mesa e olhei bem dentro dos seus olhos quando disse: — Se você chegar perto da Ellen outra vez ou de qualquer pessoa ligada a mim, seja quem for, eu prometo Mike, será a última coisa que fará nessa sua vida miserável.

Redenção (#SR3)Where stories live. Discover now